Reciclagem

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 Nota: Para um mecanismo usado para armazenar objetos excluídos, veja Lixeira (computação).

Reciclagem é o processo de conversão de desperdício em materiais ou produtos de potencial utilidade. Este processo permite reduzir o consumo de matérias-primas, de utilização de energia e a poluição do ar e da água, ao reduzir também a necessidade de tratamento convencional de lixo e a emissão de gases do efeito estufa.[1][2] A reciclagem é um componente essencial da gestão de resíduos moderna e é o terceiro componente da hierarquia dos resíduos "reduzir, reutilizar e reciclar".

O símbolo internacional da reciclagem.

Entre os materiais recicláveis estão diversos tipos de vidro, papel, metal, plástico, tecido e componentes eletrónicos. A compostagem ou reutilização de detritos biodegradáveis, como lixo de cozinha ou de jardim, também é considerada reciclagem. Os materiais para serem reciclados são transportados para um centro de reciclagem ou recolhidos porta a porta e depois separados, limpos e reprocessados em novos materiais para produção industrial.

Em sentido estrito, a reciclagem de um material produziria idêntico material em bruto; por exemplo, papel de escritório usado seria convertido em novo papel de escritório, ou espuma de poliestireno em novo poliestireno. No entanto, isto é geralmente complexo ou mais caro quando comparado com a produção de raiz do mesmo material, pelo que a reciclagem de muitos produtos ou materiais implica a sua reutilização na produção de materiais diferentes; por exemplo, o papel pode ser convertido em cartão. Outra forma de reciclagem é a separação e recolha de materiais a partir de produtos complexos, quer devido ao seu valor monetário (p.e. chumbo de baterias automóveis ou ouro de computadores), quer devido à sua natureza nociva (p.e. remoção de mercúrio de vários produtos).

Segundo dados da Eurostat, Portugal possui um índice de reciclagem que oscila desde 2014 entre os 28 e 30%[3], enquanto que o Brasil recicla 3% de todo o lixo produzido[4].

Conceito

 
Contentores de reciclagem subterrâneos em Lagos, Portugal

Conceitualmente, a reciclagem é um processo de transformação aplicado a materiais que podem voltar ao estado original, transformando-se em produtos iguais em todas as suas características, sendo um conceito diferente do de reutilização.

A reutilização consiste no reaproveitamento de um determinado material já beneficiado em outro, com características diferentes. Como exemplo da diferença entre esses conceitos, podem-se citar as reutilizações do papel e do vidro que, após passarem por este processo, não voltam a ter as mesmas características físico-químicas iguais às que tinham antes do beneficiamento. Terão outra cor, textura, composição, densidade, etc, sem a possibilidade de retornar o material reutilizado ao seu estado original.

Com latas de alumínio ou fios de cobre, por exemplo, o processo é diferente. Podem ser fundidos e voltar ao estado anterior, para serem transformados em novos produtos, mas com as mesmas propriedades, o que caracteriza o conceito de "reciclagem".

Para os diversos materiais, existem algumas diferenças conceituais entre reciclagem e reaproveitamento. Em alguns casos, o reaproveitamento não é possível indefinidamente, pois ocorre a degradação das características do material a cada novo processo. Isso ocorre com o papel, por exemplo, cujas fibras de celulose vão se encurtando a cada novo processo.

Já na reciclagem do alumínio e metais de modo geral, as propriedades físicas e químicas se mantêm e o processo de reciclagem pode ser repetido indefinidamente.[5]

Benefícios da reciclagem

Os resultados da reciclagem são expressivos tanto no campo ambiental como no econômico e social.

No meio ambiente, tanto a reciclagem, como a reutilização podem reduzir a acumulação progressiva de resíduos, evitando a produção de novos materiais, como por exemplo o papel, que exigiria o corte de mais árvores, com emissões de gases como metano e gás carbônico, consumo de energia, agressões ao solo, ar e água, entre outros tantos fatores negativos.

 
Catadores de recicláveis em aterro sanitário
 
Cooperativa de catadores de lixo reciclável em Coronel Fabriciano, Brasil

No aspecto econômico a reciclagem contribui para o uso mais racional dos recursos naturais e a reposição daqueles recursos que são passíveis de reaproveitamento.

No âmbito social, a reciclagem não só proporciona melhor qualidade de vida para as pessoas, através da preservação das condições ambientais, como também tem gerado muitos postos de trabalho e rendimento para pessoas que vivem nas camadas mais pobres.

No Brasil existem os carroceiros ou catadores de papel, que vivem da venda de sucatas, papéis,alumínio e outros materiais recicláveis deixados no lixo. Eles também trabalham na coleta ou na classificação de materiais para a reciclagem. Como é um serviço penoso, pesado e sujo, não tem grande poder atrativo para as fatias mais qualificadas da população.

Assim, para muitas das pessoas que trabalham na reciclagem (em especial os que têm menos educação formal), a reciclagem é uma das únicas alternativas de ganhar o seu sustento.

O manuseio de resíduos deve ser feito de maneira cuidadosa, para evitar a exposição a agentes causadores de acidentes ou de doenças.

No Brasil, em setembro de 2007, as prefeituras de sete cidades forneciam serviço de coleta seletiva a 100% das residências. Esses municípios eram: Curitiba (PR), Itabira (MG), Londrina (PR), Santo André (SP), Santos (SP) e Goiânia (GO).[6]

Segundo um levantamento realizado em 2010 pelo CEMPRE (Compromisso Empresarial para Reciclagem), naquele ano 443 municípios brasileiros tinham programas de coleta seletiva , o que representava 8% dos municípios, com concentração principalmente nas regiões Sul e Sudeste do país (86%). Este serviço de coleta atendia 12% da população brasileira.[7]

A regulamentação das atividades de coleta seletiva e reciclagem no Brasil teve um importante avanço no segundo semestre de 2010, quando foram sancionados a Lei nº 12.305, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos [8] e o Decreto nº 7.404, que regulamentou a Lei nº 12.305, criando o Comitê Interministerial da Política Nacional de Resíduos Sólidos e o Comitê Orientador para a Implantação dos Sistemas de Logística Reversa.[9]

Estas novas políticas vieram, entre outras ações, regulamentar a atividade das cooperativas de trabalhadores do setor de coleta seletiva e traçar as diretrizes a serem seguidas pelas esferas de governo para implementar os serviços de coleta e reciclagem de resíduos sólidos.

Tipos de reciclagem

Cores dos cestos de separação para reciclagem

 
Cestos de reciclagem de resíduos no Brasil
 
Ecoponto em Portugal

No Brasil os recipientes para receber materiais recicláveis seguem o seguinte padrão:[10]

Em Portugal, os recipientes de resíduos para reciclagem dividem-se em:

  • Azul (papelão): papel e cartão
  • Verde (vidrão): frascos, boiões e garrafas de vidro
  • Amarelo: embalagens de metal e de plástico (e de cartão, para bebidas)
  • Vermelho: pilhas e baterias.

Ver também

Referências

  1. «PM's advisor hails recycling as climate change action.». Letsrecycle.com. 8 de novembro de 2006. Consultado em 15 de abril de 2014 
  2. The League of Women Voters (1993). The Garbage Primer. Nova Iorque: Lyons & Burford. pp. 35–72. ISBN 1-55821-250-7 
  3. 'Por Data' via 'Eurostat' (23 de janeiro de 2019). «Taxa de reciclagem dos resíduos municipais». Consultado em 12 de março de 2019 
  4. Paiva, Roberto (9 de abril de 2015). «Apenas 3% de todo o lixo produzido no Brasil é reciclado». Jornal Hoje - Globo. Consultado em 5 de março de 2018 
  5. Lucília Garcez e Cristina Garcez (2010). Lixo, coleção Planeta Saudável. [S.l.]: Callis Editora Ltd. ISBN 9788574164267 
  6. «O manual da reciclagem». Revista Veja_Planeta Sustentável. 5 de setembro de 2007. Consultado em 5 de julho de 2010. Arquivado do original em 21 de outubro de 2011 
  7. «Coleta Seletiva_2010». CEMPRE 
  8. «Lei Nº 12.305, de 2 de agosto de 2010.». Casa Civil da Presidência da República do Brasil 
  9. «Decreto nº 7.404, de 23 de dezembro de 2010.». Casa Civil da Presidência da República 
  10. Resolução do CONAMA No 275 de 25 de abril 2001 http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res01/res27501.html

Ligações externas

 
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