3 Antena
3 Antena foi uma emissora de televisão brasileira sediada no Rio de Janeiro, capital do estado homônimo. Operava no canal 8 VHF. Foi parte de um movimento que encorajou a operação de diversas estações de televisão clandestinas entre o final dos anos 80 e o início dos anos 90 no eixo Rio-São Paulo.
3 Antena | |
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Rio de Janeiro, RJ Brasil | |
Tipo | Clandestina |
Canais | 8 VHF analógico |
Sede | ![]() |
Slogan | Desobstruindo os canal todo |
Fundação | 5 de junho de 1990 |
Extinção | 29 de agosto de 1990 |
História
editarAntecedentes da televisão clandestina no Rio de Janeiro (1986-1987)
editarA aparição de uma emissora de televisão clandestina no Rio de Janeiro já havia acontecido em 1986, por meio da criação da TVento Levou, que operou no canal 3 VHF. A emissora estreou em 1° de novembro, quando inseriu uma interferência no áudio da TV Globo Rio de Janeiro durante a exibição do Jornal Nacional que anunciava uma "situação de emergência" e pedia para os telespectadores sintonizarem o canal 3, onde transmitiu um protesto contra o "monopólio" da emissora.[1] A estação contava com uma equipe de 15 pessoas e um sinal que alcançava, inicialmente, duas ruas de Copacabana. Pouco depois, a instalação de um transmissor mais potente permitiu a ampliação da cobertura para toda a Zona Sul da cidade.[2]
Às 20 horas da véspera do Natal de 1986, em 24 de dezembro, a TVento Levou entrou no ar no canal 13 (anteriormente ocupado pela extinta TV Rio), exibindo paródias dos especiais de fim de ano de Roberto Carlos na Rede Globo e do então presidente José Sarney.[3] Após a transmissão, o Departamento Nacional de Telecomunicações (DENTEL) foi à procura dos transmissores da estação, que estariam em apartamentos da Zona Sul do Rio, mas não obteve sucesso.[4] Os últimos registros de transmissão da TVento Levou ocorreram em abril de 1987, em transmissões conjuntas com a TV Cubo, de São Paulo.[5]
3 Antena (1990)
editarEm 5 de junho de 1990, dois meses após a extinção do DENTEL, entrou no ar a 3 Antena, operando no canal 8, a partir de equipamentos instalados na Zona Sul do Rio.[6] A transmissão incluiu imagens obscenas, um vídeo dublado onde o empresário e fundador da Rede Globo, Roberto Marinho, ensinava como montar uma mini estação clandestina e uma "homenagem" ao presidente Fernando Collor pelo fim das atividades do órgão que impedia transmissões clandestinas.[7]
De 10 a 14 de julho do mesmo ano, a 3 Antena operou diariamente, durante duas horas.[8] No primeiro dia, um grupo de pessoas que assistia a transmissão em um televisor instalado em um bar localizado no bairro do Flamengo foi conduzido pela Polícia Federal para depor.[9] Entre eles, o ex-deputado Liszt Vieira (PT), considerado o porta-voz do movimento das TVs clandestinas.[10] A ação da polícia foi truculenta, levando à fratura do pulso da jornalista Rose Gomes. O esposo dela, Derilson Melo, foi levado algemado até a sede do órgão, na Praça Mauá.[9]
Em agosto de 1990, a 3 Antena e a TV Cubo, estação pirata instalada na cidade de São Paulo, planejaram uma transmissão em conjunto de programas produzidos por ambas. A ação, no entanto, foi cancelada devido à uma discordância da emissora paulista quanto ao conteúdo produzido pelos cariocas, considerado "escatológico", em contraste com o conteúdo comunitário e voltado ao local que era produzido pela TV Cubo.[2]
No dia 29 do mesmo mês, em meio às eleições de 1990, a estação transmitiu um programa que parodiava as propagandas eleitorais dos candidatos a deputado do Rio de Janeiro, além de fazer entrevistas com a população a respeito do assunto.[11] Em um trecho da reportagem, a equipe chegou a influenciar os entrevistados a dizerem palavras de apoio à uma falsa candidatura do político iraquiano Saddam Hussein.[11] Esta foi a última transmissão registrada da 3 Antena.
Referências
- ↑ «Entra no ar a primeira TV pirata». Jornal do Brasil (207): 13. 1 de novembro de 1986. Consultado em 26 de fevereiro de 2023
- ↑ a b «Os "transgressores"». Tribuna da Imprensa: 13. 13 de outubro de 1990. Consultado em 26 de fevereiro de 2023
- ↑ «TV pirata cumpre promessa e exibe especial de Natal». Jornal do Brasil (260): 10. 24 de dezembro de 1986. Consultado em 25 de março de 2023
- ↑ Joaquim Ferreira dos Santos (28 de dezembro de 1986). «Pirataria». Jornal do Brasil (263): 12. Consultado em 25 de março de 2023
- ↑ «TV Cubo diz que povo quer Sarney congelado». Jornal do Brasil (8): 5. 16 de abril de 1987. Consultado em 25 de março de 2023
- ↑ «Pirataria». Diário do Pará. 31 de agosto de 1990. Consultado em 28 de maio de 2023
- ↑ Cezimbra, Márcia (5 de junho de 1990). «Piratas entram no ar outra vez». Jornal do Brasil (58): 1. Consultado em 28 de maio de 2023
- ↑ Cezimbra, Marcia (10 de julho de 1990). «O ataque diário da pirataria». Jornal do Brasil (93): 6. Consultado em 28 de maio de 2023
- ↑ a b «Jornalista convidada a depor tem pulso fraturado». Jornal do Commercio (233): 15. 12 de julho de 1990. Consultado em 28 de maio de 2023
- ↑ Janotti, Dulce (30 de novembro de 1990). «TV pirata fala sobre Aids para a Rocinha». Jornal do Brasil (236): 1. Consultado em 28 de maio de 2023
- ↑ a b Sergio Sá Leitão (30 de agosto de 1990). «Emissora pirata ironiza horário eleitoral na TV». Jornal do Brasil (144): 2. Consultado em 28 de maio de 2023