Aïda Espinola
Aïda Espinola (Rio de Janeiro, 18 de abril de 1920 – 29 de julho de 2015) foi uma pioneira química e engenheira química brasileira.
Aïda Espinola | |
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Aïda Espinola em 2014 | |
Conhecido(a) por | pioneira na pesquisa em células combustíveis no Brasil |
Nascimento | 18 de abril de 1920 Rio de Janeiro, DF |
Morte | 29 de julho de 2015 (95 anos) Rio de Janeiro, RJ |
Nacionalidade | brasileira |
Cônjuge | Cesar Godinho Espinola |
Alma mater | Universidade Federal do Rio de Janeiro |
Prêmios | Medalha Simão Mathias |
Orientador(es)(as) | Joseph Jordan |
Instituições | |
Campo(s) | Química e eletroquímica |
Tese | Electrochemical Behavior of Water in Molten Alkali Nitrates (1974) |
Pesquisadora e professora universitária, foi uma das fundadoras, no Instituto de Química da UFRJ, de programa de Pós-Graduação em Química Inorgânica. Lecionou na UFRJ as disciplinas de Mineralogia, Química Analítica, Análise Instrumental e Eletrônica para Instrumentação de Laboratório. Em âmbito acadêmico, orientou várias dissertações e teses. Nos últimos anos, estava aposentada, mas continuava a prestar muitas consultorias. Suas contribuições foram também marcantes, no Programa de Engenharia Metalúrgica da COPPE e no Centro de Tecnologia Mineral, órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia.[1]
Fruto da "Geração de Ouro" da química brasileira.[1]
Biografia
editarAïda nasceu em 1920, no bairro da Tijuca, na cidade do Rio de Janeiro. Morou em vários bairros da capital carioca como Ipanema e Copacabana. Cursou o fundamental no Colégio Mallet Soares, na Rua Xavier da Silveira, em Copacabana. Terminou o curso com apenas 15 anos de idade. Seu sonho era cursar medicina, mas um amigo de seu pai o aconselhou a convencer a filha a cursar química, que era um curso de apenas quatro anos de duração, enquanto medicina eram seis anos. Ele temia que a moça não concluísse o curso porque "se casaria antes".[1]
Em 1941, ela se formou em Química Industrial, com apenas 21 anos de idade, pela então Universidade do Brasil, hoje a Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em 1954, formou-se em Engenharia Química.[1][2] Depois da formatura, ao visitar a Escola Nacional de Química, encontrou dois colegas, um deles, Paulo Emídio Barbosa, que lhe informou que o Departamento Nacional de Produção Mineral tinha aberto concurso para o cargo de Tecnólogo Químico. Ao comentar com a mãe, em casa, sobre o concurso, ela se informou sobre a documentação necessária e se inscreveu.[1]
Carreira
editarO resultado saiu em março de 1942 e Aïda passou em 1º lugar. Seus colegas que informaram sobre o processo seletivo passaram em 2º e 3º lugares, e foram também admitidos no Laboratório da Produção Mineral (LPM), Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), do Ministério das Minas e Energia (MME).[1] Inicialmente, ela trabalhou no Laboratório de Produção Mineral, como responsável pelas análises dos minérios brasileiros. Estas análises são ainda hoje grande importância em termos do conhecimento das reservas minerais do Brasil.[1]
No dia 2 de outubro de 1943, Aïda se casou com Cesar Godinho Espinola, um colega de turma do Colégio Mallet Soares e da Escola Nacional de Química. O casal não teve filhos. Ele morreu em 1997.[1]
Em 1958, defendeu seu mestrado em Química Analítica pela Universidade de Minnesota, sob a orientação de Ernest B. Sandell. O doutorado em química foi pela Universidade Estadual da Pensilvânia, sob a orientação do professor Joseph Jordan, defendido em 1974. Pela Universidade Nacional de La Plata, concluiu o estágio de pós-doutorado em Engenharia Eletroquímica, Eletrocatálise e Elipsometria.[1][3]
Além de trabalhar na bancada de laboratórios, prestava consultorias diversas em várias áreas da química, eletroquímica, telecomunicações e eletrônica. No Laboratório Nacional da Produção Mineral, Aïda acompanhou, desde o início, a descoberta do petróleo, no Brasil. Em seu laboratório conduziu a análise química do óleo extraído do primeiro barril de Lobato, em Salvador.[1]
Aïda é uma das pioneiras na geração de eletricidade por pilha a combustível, trabalho que começou a desenvolver ainda no doutorado, quando foi requisitada pelo Centro Técnico Aeroespacial (CTA) para desenvolver um gerador de energia para o primeiro satélite brasileiro.[1][4] No ano seguinte, em 1975, ao ingressar na Coppe/UFRJ como professora, implantou uma linha de pesquisa sobre o tema, considerado por ela promissor na busca pela geração de energia sustentável.[4]
Morte
editarAïda morreu no Hospital Adventista Silvestre, no Cosme Velho, na madrugada de 29 de julho de 2015, aos 95 anos de idade, na cidade do Rio de Janeiro, devido à uma insuficiência respiratória. Ela foi sepultada no cemitério de Guaratiba. Apesar da idade avançada, se mantinha lúcida, dando palestras e consultorias.[4]
Após sua morte, seu patrimônio cultural, constituído por livros científicos, dicionários, anotações pessoais e trabalhos inacabados, passou a fazer parte do patrimônio do Instituto de Química da UFRJ.[4]
Livros
editar- Ouro Negro. Petróleo no Brasil. De Lobato DNPM-163 a Tupi RJS-646, Aïda Espinola, Rio de Janeiro, RJ, 1ª edição, Editora Interciência, 494p., 2013, ISBN 978-85-7193-306-4.
- Fritz Feigl. Atualidade de seu Legado Científico, Aïda Espinola, Rio de Janeiro, RJ, 1ª Edição, Instituto de Química da UFRJ e COPPE/UFRJ, 344p., 2009, ISBN 978-85-909185-0-9.
- Química Analítica. Tendência à Microescala e à Análise em Pequenos Domínios, Aïda Espinola, Instituto de Química da UFRJ, 167p., 2004 ISSN 1677-4035
Traduções
editar- Análise Inorgânica Quantitativa, Vogel, 4ª edição, 690p., 1981, Editora Guanabara Dois. Título do original em inglês, Chemistry.
- Química, J. V. Quagliano e L.N.Valarino, 3ª edição, 855p., 1979, Editora Guanabara Dois. Título do original em inglês, Vogel´s Textbook Quantitative Inorganic Analysis.
Prêmios e homenagens
editar- Voto de Louvor por suas importantes e relevantes contribuições à Ciência e à Educação de nosso País, 2013, Instituto de Química da UFRJ.
- PGQ 50 anos - Agradecimento à Profª Dr. Aïda Espinola, fundadora do Programa de Pós-graduação em Química, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, 18 outubro 2013, Programa de Pós-graduação em Química, Instituto de Química da UFRJ.
- Medalha Simão Mathias pela contribuição ao desenvolvimento da química. No 35º RASBQ - Tema: Responsabilidade Ética e Progresso Social. Sociedade Brasileira de Química - Águas de Lindóia - 29 de maio de 2012 a 31 de maio de 2012.[5]
- Homenagem da Escola de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro, por completar 70 anos de formada, 12 de setembro de 2011, com entrega de Diploma Oficial.
- Inauguração da Sala Professora Aïda Espinola, em 2009, localizada no Bloco I, do Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
- Troféu, "COPPE/UFRJ, pela Importante Contribuição na trajetória dos 45 Anos - 03/12/2008.[6]
- Placa de prata, "Nosso reconhecimento por sua valiosa contribuição à Pós-graduação em Química no Brasil", na comemoração dos 45 Anos da Pós-graduação em Química no Instituto de Química da UFRJ.
- Título honorífico: Pesquisador Emérito do CNPq, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Brasília, na celebração dos 55 anos do CNPq, 17 abril de 2006.[7] Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico - CNPq.
Publicações selecionadas
editar- «Impacto do acordo de cooperação do Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq) com a National Academy of Sciences - (NAS)». Química Nova, dezembro de 2007, volume 30, nº.6, p. 1402-1406. ISSN 0100-4042. Página visitada em 27 de maio de 2014.
- «Fritz Feigl: sua obra e novos campos tecno-científicos por ela originados». Química Nova, fevereiro 2004, vol.27, nº 1, p.169-176. ISSN 0100-4042. Página visitada em 27 de maio de 2014.
- «Professores Athos da Silveira Ramos e Raymundo Moniz de Aragão, dois professores de carreira profícua e brilhante na UFRJ». Química Nova, maio 2002, vol.25, nº 2, p.340-341. ISSN 0100-4042. Página visitada em 27 de maio de 2014.
- «Electrochemical depression of galena aiming at selective sulfide flotation». Journal of the Brazilian Chemical Society, 1997, volume 8, nº 2, p.193-196. ISSN 0103-5053. Página visitada em 27 de maio de 2014.
Referências
- ↑ a b c d e f g h i j k Ângelo da Cunha Pinto (ed.). «Aïda Espinola». Pioneiras da Ciência CNPq. Consultado em 9 de dezembro de 2014
- ↑ «Associação dos Ex-Alunos». Escola de Química da UFRJ. Consultado em 13 de julho de 2018
- ↑ «Currículo Lattes». Consultado em 28 de abril de 2014
- ↑ a b c d Redação (ed.). «Morre, aos 95 anos, a pioneira na pesquisa em células combustíveis no Brasil». O Globo. Consultado em 6 de novembro de 2019
- ↑ Prof. Paulo R. R. Costa (ed.). «Memórias da Química Brasileira». Consultado em 11 de julho de 2018
- ↑ «Aïda Espinola: Pioneirismo e Determinação». Planeta COPPE. Consultado em 9 de outubro de 2017
- ↑ «Professores da COPPE recebem homenagem do CNPq». Planeta COPPE. Consultado em 11 de julho de 2018
Ligações externas
editar- «Senhora Petróleo: Cientista e Guerreira». Entrevista na Revista Lubgrax, nº 31, 2014, páginas 12, 13, 14. Página visitada em 19 de maio de 2014.
- «À frente do Tempo». Entrevista na Revista Postos & Serviços, nº 220, edição de março de 2014, páginas 6 e 7. Página visitada em 08 de maio de 2014.
- «Especialista em rocha de reservatório de petróleo diz que futuro é da energia limpa.». Entrevista na Folha de S.Paulo, edição do dia 20 de outubro de 2013, página B6. Página visitada em 08 de maio de 2014.
- «Memória viva na UFRJ. Assim como Rússia, Brasil também já foi afetado por meteoritos cósmicos.». Notícia publicada pela Cequal - Assessoria de Imprensa e Comunicação da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Página visitada em 10 de maio de 2014.
- «Livro "Ouro Negro", sobre a história do petróleo no Brasil, estará à venda na Bienal do Livro.». Notícia publicada pela Cequal - Assessoria de Imprensa e Comunicação da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Página visitada em 10 de maio de 2014.
- «O desenvolvimento do mercado de petróleo do Brasil é remontado em livro.». Notícia publicada pela Cequal - Assessoria de Imprensa e Comunicação da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Página visitada em 10 de maio de 2014.
- «"Ouro Negro": mais uma comemoração dos 50 anos da Coppe.». Notícia publicada pela Cequal - Assessoria de Imprensa e Comunicação da Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Página visitada em 10 de maio de 2014.