A Febre
A sinopse deste artigo pode ser extensa demais ou muito detalhada.Outubro de 2022) ( |
A Febre é um filme franco-teuto-brasileiro de drama e suspense dirigido por Maya Da-Rin. Falado em português e nas línguas indígenas tukano e tikuna, é escrito por Maya Da-Rin, Miguel Seabra Lopes e Pedro Cesarino, e protagonizado por Regis Myrupu e Rosa Peixoto.[1] Seu elenco principal é composto por atores indígenas do Alto Rio Negro, pertencentes aos Desanos, Tucanos e Tarianas, tendo sido para muitos deles a primeira experiência no cinema.
A Febre | |
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Pôster oficial do filme. | |
Brasil França Alemanha 2019 • cor • 98 min | |
Género | drama suspense |
Direção | Maya Da-Rin |
Produção | Tamanduá Vermelho Enquadramento Produções Still Moving Komplizen Film |
Roteiro | Maya Da-Rin |
Elenco | Regis Myrupu Rosa Peixoto |
Distribuição | Vitrine Filmes |
Idioma | português tukano tikuna |
O filme estreou na competição internacional do 72º Festival Internacional de Cinema de Locarno, na Suíça, onde ganhou o Leopardo de Ouro de Melhor Ator para Regis Myrupu, o prêmio da crítica internacional da Federação Internacional de Críticos de Cinema (FIPRESCI) e o prêmio Environment is Quality of Life concedido pelo júri jovem.[2] Além do Leopardo de Ouro no Festival de Locarno, Regis Myrupu também recebeu o prêmio de Melhor Ator no Festival de Brasília, tendo sido a primeira vez que um ator indígena é premiado em ambos festivais.
Sinopse
editarA Febre narra a história de Justino (Regis Myrupu), um indígena do povo Desana que migrou ainda jovem de sua aldeia no Alto Rio Negro para a cidade de Manaus. Viúvo, Justino trabalha como vigilante em um porto de cargas, enquanto sua filha Vanessa (Rosa Peixoto) concilia vários empregos como técnica de enfermagem e seu filho mais velho (Johnatan Sodré) vive em sua própria casa com sua esposa e filho. Enredados em uma vida modesta, o cotidiano de Justino e Vanessa se resume ao transito entre o trabalho e sua casa na periferia de Manaus.
Quando Vanessa recebe a notícia de que foi aprovada para estudar medicina na Universidade de Brasília (UnB), a frágil habilidade de seu pai para lidar com as demandas da vida urbana, faz com que ela questione sua decisão de partir. Ao mesmo tempo, a inquietude que se fazia presente nos sonhos de Justino passa a se manifestar na forma de uma febre misteriosa e intermitente, que coincide com rumores sobre a presença de uma criatura misteriosa na vizinhança.
No porto, a rotina monótona de trabalho é quebrada com chegada de um novo vigia (Lourinelson Wladmir), com quem Justino é obrigado a conviver durante as trocas de turno. Ex-capataz de uma fazenda de gado no interior, Wanderlei não esconde o profundo preconceito que tem dos indígenas. Enquanto isso, a visita de seu irmão (Edmildo Vaz) e de sua cunhada (Anunciata Teles) faz com que Justino rememore sua aldeia na floresta, de onde partiu vinte anos atrás.
Elenco
editar- Regis Myrupu como Justino
- Rosa Peixoto como Vanessa
- Johnatan Sodré como Everton
- Edmildo Vaz Pimentel como André
- Anunciata Teles Soares como Marta
- Kaisaro Jussara Brito como Jalmira
- Lourinelson Wladmir como Wanderlei
- Suzy Lopes como Rose
Produção
editarA Febre é uma co-produção entre o Brasil (Tamanduá Vermelho e Enquadramento Produções), França (Still Moving) e Alemanha (Komplizen Film),[3] produzida por Maya Da-Rin, Leonardo Mecchi e Juliette Lepoudre e co-produzida por Pierre Menahem, Janine Jackowski e Jonas Dornbach. O projeto participou da residência de roteiro Cinéfondation do Festival de Cannes e dos laboratóris Script&Pitch e FrameWork promovidos pelo TorinoFilmLab.[4] Foi rodado na cidade e zona metropolitana de Manaus, durante 7 semanas e meia, entre os meses de abril e junho de 2018. Sua equipe e elenco são majoritariamente formados por nomes locais amazonenses.[5]
Recepção
editarA Febre teve sua primeira exibição mundial no dia 08 de agosto de 2019 na abertura do Concorso Internazionale do 72º Festival Internacional de Locarno,[6] na Suíça, de onde saiu vencedor de três prêmios: o Leopardo de Ouro de Melhor Ator para Regis Myrupu, o prêmio da crítica internacional FIPRESCI e o Prêmio Especial “Environment is Quality of Life” concedido pelo júri jovem.[2] Participou de mais de 60 festivais no Brasil e no exterior, como os festivais de Toronto, Rotterdam e New Director New Films, tendo recebido mais de 30 prêmios, dentre eles o de Melhor Filme nos festivais de Pingyao (China), Biarritz (França), IndieLisboa (Portugal) e Mar del Plata (Argentina), e Melhor Direção no Festival Internacional de Chicago (USA) e no Festival do Rio (Brasil). O filme foi ainda o vencedor do 52º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, tendo recebidos os prêmios de Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Ator, Melhor Fotografia e Melhor Som.[7]
No Brasil o filme é distribuído pela Vitrine Filmes e estreou simultaneamente nas plataformas digitais de streaming e nos cinemas no dia 12 de novembro de 2020,[8] logo após a reabertura dos cinemas fechados em razão da pandemia de Covid-19. Mesmo durante a pandemia, o filme permaneceu 5 semanas em cartaz e foi vendido para países como França, Estados Unidos, Canadá, China e Inglaterra.[9]
A Febre foi bem recebido pela crítica brasileira e internacional. Foi citado como o melhor filme de estreia de 2019 pela programadora Nicole Brenez na lista de críticos “La internacional cinefilia"[10] e incluído na lista dos filmes mais premiados de temporada de 2019-2020 pela Letterboxd.[11] O crítico e programador Diego Batlle deu 4.5 estrelas de 5 na revista eletrônica Otroscines e escreveu que A Febre “é um dos filmes de estreia mais convincentes do cinema latino-americano dos últimos anos”.[12] O crítico Nicolás Quinteros, da revista Escribiendo Cine, deu nota 8 e escreveu que “é um filme imprescindível para compreender uma parte importante da realidade latino-americana contemporânea”1.[13] Francisco Russo, da revista eletrônica AdoroCinema, considerou A Febre “um filme como poucas vezes se viu no cinema brasileiro”[14] e Geraldo Couto disse que o filme é “um marco” na forma como personagens indígenas são retratados pelo cinema.[15] Já a crítica francesa Beatrice Loayza, da revista Cinema Scope, considerou o filme “cinema em sua essência, exigindo empatia e compreensão sem piedade e didatismo, e protagonizando os indígenas com uma atenção às suas especificidades culturais como poucos filmes se preocupam em elaborar".[16]
Prêmios
editarEsta seção contém uma lista de referências no fim do texto, mas as suas fontes não são claras porque não são citadas no corpo do artigo, o que compromete a confiabilidade das informações. (Janeiro de 2021) |
Ano | Festival | País | Categoria |
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2015 | CineMundi coproduction Market, Mostra Cine BH | Brasil | Menção do júri, Desenvolvimento |
2017 | FrameWork, TorinoFilmLab | Itália | Prêmio de coprodução, Desenvolvimento |
2019 | Festival Internacional de Cinema de Locarno | Suíça | Leopardo de Ouro de Melhor Ator |
2019 | Festival Internacional de Cinema de Locarno | Suíça | Prêmio FIPRESCI da Crítica Internacional de Melhor Filme |
2019 | Festival Internacional de Cinema de Locarno | Suíça | Prêmio Especial "Enviroment is Quality of Life" do Júri Jovem |
2019 | Festival de Biarritz | França | Melhor Filme |
2019 | Festival Internacional de Cinema de Pingyao | China | Melhor Filme |
2019 | Festival Internacional de Cinema de Chicago | USA | Melhor Direção |
2019 | Festival Internacional de Cinema de Thessaloniki | Grécia | Silver Alexander Award |
2019 | Janela Internacional do Recife | Brasil | Melhor Filme |
2019 | Janela Internacional do Recife | Brasil | Melhor Som |
2019 | Mar del Plata Film Festival | Argentina | Melhor Filme Latino Americano |
2019 | Mar del Plata Film Festival | Argentina | Melhor Opera Prima |
2019 | Festival de Brasília | Brasil | Melhor Filme |
2019 | Festival de Brasília | Brasil | Melhor Direção |
2019 | Festival de Brasília | Brasil | Melhor Ator |
2019 | Festival de Brasília | Brasil | Melhor Fotografia |
2019 | Festival de Brasília | Brasil | Melhor Som |
2019 | Festival do Rio | Brasil | Melhor Direção |
2019 | Festival do Rio | Brasil | Prêmio Especial do Júri de Melhor Som |
2020 | Punta del Este International Film Festival | Uruguai | Melhor Filme |
2020 | Punta del Este International Film Festival | Uruguai | Melhor Direção |
2020 | Punta del Este Film Festival | Uruguai | Prêmio da Crítica Uruguaia de Melhor Filme |
2020 | Portland Internation Film Festival | USA | Melhor Filme Future Competition |
2020 | FemCine | Chile | Melhor Filme |
2020 | Cologne Dortmund Women Film Festival | Alemanha | Melhor Filme de Estreia |
2020 | IndieLisboa | Portugal | Melhor Filme |
2020 | Festival Internacional de Lima | Peru | Melhor Filme |
2020 | Festival Internacional de Lima | Peru | Menção Especial do Júri da Crítica Internacional |
2020 | Primavera do Cine, Vigo | Espanha | Melhor Filme |
2020 | L'Alternativa International Film Festival | Espanha | Menção Especial do Júri International Federation of Film Societies |
Referências
- ↑ Myrupu, Regis; Peixoto, Rosa; Brito, Kaisaro Jussara; Lopes, Suzy (8 de fevereiro de 2020), A Febre, Tamanduá Vermelho, Enquadramento Produções, Still Moving, consultado em 31 de janeiro de 2021
- ↑ a b «Locarno Film Festival 2019 - Palmares - All the official awards of the 72nd edition». www.locarnofestival.ch. Consultado em 31 de janeiro de 2021
- ↑ Hopewell, John; Hopewell, John (5 de agosto de 2019). «Locarno Golden Leopard Contender 'The Fever': First International Teaser (EXCLUSIVE)». Variety (em inglês). Consultado em 31 de janeiro de 2021
- ↑ «The Fever | TorinoFilmLab». www.torinofilmlab.it. Consultado em 31 de janeiro de 2021
- ↑ tempo, Em (19 de janeiro de 2021). «Obras amazonenses mostram potencial do cinema local». Em tempo. Consultado em 31 de janeiro de 2021
- ↑ «Locarno Film Festival 2019 - A Febre (The Fever)». www.locarnofestival.ch. Consultado em 31 de janeiro de 2021
- ↑ «Filme falado em língua indígena é o grande vencedor do Festival de Brasília». Folha de S.Paulo. 1 de dezembro de 2019. Consultado em 31 de janeiro de 2021
- ↑ «Filme 'A Febre', de Maya Da-Rin, ganha trailer e data de estreia». Radar Cultural. Consultado em 31 de janeiro de 2021
- ↑ «A Febre | Revista de Cinema». Consultado em 31 de janeiro de 2021
- ↑ «LA INTERNACIONAL CINÉFILA 2019». CON LOS OJOS ABIERTOS. 28 de dezembro de 2019. Consultado em 31 de janeiro de 2021
- ↑ «Awards Season 2019–2020 Winners». letterboxd.com (em inglês). Consultado em 31 de janeiro de 2021
- ↑ «Festivales: Crítica de "A febre", de Maya Da-Rin, ganadora del premio a Mejor Actor y del premio FIPRESCI (Concorso Internazionale) - #Locarno72 - Otros Cines». www.otroscines.com. Consultado em 31 de janeiro de 2021
- ↑ «La Barbarie de la civilizacion». EscribiendoCine
- ↑ AdoroCinema, A Febre: Críticas AdoroCinema, consultado em 31 de janeiro de 2021
- ↑ «No cinema, o ser fragmentado dos indígenas». Outras Palavras. 5 de dezembro de 2019. Consultado em 31 de janeiro de 2021
- ↑ «Cinema Scope | The Fever (Maya Da-Rin, Brazil/France/Germany) — Wavelengths». cinema-scope.com. Consultado em 31 de janeiro de 2021
Ligações externas
editar- A Febre no site da produtora Tamanduá Vermelho