A Gloriosa Família
A Gloriosa Família: o tempo dos flamengos é um romance do autor angolano Pepetela, publicado pela Dom Quixote em 1997.
A Gloriosa Família: o tempo dos flamengos | |||||||
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Autor(es) | Pepetela | ||||||
Idioma | língua portuguesa | ||||||
País | Portugal | ||||||
Editora | Dom Quixote | ||||||
Lançamento | 1997 | ||||||
Páginas | 408 | ||||||
Edição portuguesa | |||||||
ISBN | 972-20-1425-0 | ||||||
Cronologia | |||||||
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O romance conta a história da família de Baltasar Van Dum, um flamengo que traficava escravos durante o período em que os holandeses dominavam a colónia. Para escrever o livro, Pepetela pesquisou nos arquivos de Amesterdão, Antuérpia e Vaticano durante sete anos, baseando-se, também, na História Geral das Guerras Angolanas, escrita em 1680 por António de Oliveira de Cadornega.[1]
Enredo
editarO romance é composto de 12 capítulos e a ação situa-se nos anos entre 1642 e 1648. O narrador é um mestiço mudo que é um dos escravos favoritos de Van Dum. Além de Van Dum e do narrador, há muitos outros personagens no livro, a maioria sendo os filhos de Van Dum. Uma divisão existe entre os filhos legítimos de Van Dum e da sua esposa oficial, uma princesa africana chamada Dona Inocência, e os filhos naturais dele com outras mulheres, escravas da casa, que são chamados "os filhos do quintal."
Informação histórica
editarComo já se foi referido, o romance tem lugar durante a ocupação holandesa de Angola. A família Van Dum do livro possui paralelos significativos com a família angolana contemporânea Van-Dúnem, uma das mais proeminentes em Angola.[2]
Interpetação crítica
editarMuitos críticos observam no romance ao mesmo tempo uma celebração e uma crítica da sociedade crioula de Angola. Fernando Arenas escreve sobre a maneira como o romance cria uma perspectiva pós-moderna para as teorias do antropólogo brasileiro Gilberto Freyre, no fim das contas criticando a sociedade escravista que foi a raiz da sociedade angolana contemporânea.[3] Stephen Henighan descreve o romance como uma obra que ilustra tanto os lados admiráveis, como os aspetos repreensíveis da cultura crioula. Embora a família Van Dum seja culturalmente adaptável e se mostre inclusiva para com pessoas de outras raças, os seus membros também são responsáveis pelo comércio dos escravos no interior do país.[4] As implicações éticas deste fenómeno têm, naturalmente, de ter em conta que a escravatura não começou com a chegada dos Europeus a Africa, mas já existia sob diversas formas nas tribos locais[5].
Ver também
editarReferências
- ↑ Silva, Rodrigues da. "Acreditar é Preciso." Jornal de Letras 7 de maio, 1997. p. 8.
- ↑ Henighan, Stephen. "'Um James Bond Subdesenvolvido': The Ideological Work of the Angolan Detective in Pepetela's Jaime Bunda Novels." Portuguese Studies. 22:1 (2006), pp.135-152."
- ↑ Arenas, Fernando. "(Post)colonialism, Globalization, and Lusofonia or The 'Time-Space' of the Portuguese-Speaking World". 2005. UC Berkeley: Institute of European Studies. Dec. 1, 2009 <http://escholarship.org/uc/item/0vh0f7t9>
- ↑ Henighan, "Jaime Bunda."
- ↑ Graeber, David (2011). Debt–The first 5000 years. [S.l.: s.n.] ISBN 1612191290