Acabaram-se os Otários

filme de 1929 dirigido por Luiz de Barros
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Acabaram-se os Otários é um filme brasileiro do gênero comédia baseado em uma história do cronista Menotti del Picchia e dirigido por Luiz de Barros em 1929. É considerado o primeiro longa-metragem sonoro produzido no Brasil. No elenco principal estavam os atores Genésio Arruda, Tom Bill e Caiafa. O filme teve sua estreia no Cinema Santa Helena, em São Paulo, no dia 2 de setembro de 1929, ficando em cartaz por 35 dias, recorde na época.[1]

Acabaram-se Os Otários
Acabaram-se os Otários
O elenco reunido em uma cena do filme
 Brasil
1929 •  p&b •  
Género comédia
Direção Luiz de Barros
Roteiro Luiz de Barros (roteiro)
Menotti del Picchia (história)
Elenco Genésio Arruda
Tom Bill
Idioma português

A história do longa girava em torno de um caipira e um italiano que saem do interior, vão a São Paulo e levam um golpe de um malandro. Acabam sendo perseguidos por um policial, e sem nenhum tostão no bolso, acabam voltando para o interior.[2] Acabaram-se os Otários é considerado um filme perdido, pois nenhuma cópia foi devidamente preservada.

Enredo

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Bentinho Samambaia é um caipira morador de Pindurassaia, cidade do interior. Por conta de uma desilusão amorosa, Bentinho decide abandonar o interior e ir para a capital. No caminho, observa as lindas canções de um violeiro. Quando finalmente chega no seu destino, ele se encontra com um italiano chamado Xixilo Spicafuoco. Os dois ficam impressionados com a beleza da cidade.

Um golpista que estava passando por perto vê os caipiras e decide lhes passar o velho golpe da venda do bonde. Enquanto isso, Grilo, um policial, observa toda a situação e acha que os otários que são os golpistas, iniciando uma louca perseguição por toda a cidade. Após conseguirem escapar do policial, Bentinho e Xixilo são seduzidos por duas belas moças, que também os roubam.

Os caipiras encontram um cabaré e decidem entrar nele. Dentro do local, Xixilo faz um número com um pistão, porém falha na execução. Os dois estranham a moda da época, o tango. Assim decidem mostrar uma dança típica do campo, a quadrilha, para o povo da cidade. Os dois perdem todo o dinheiro que lhes restava no cabaré e finalmente são capturados pelo Grilo. Desiludido, Bentinho volta para o interior.

Elenco

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Ator/Atriz Personagem
Genésio Arruda Bentinho Samambaia
Tom Bill Xixilo Spicafuoco
Vicenzo Caiaffa Grilo, o Policial
Paraguassu Violeiro
Rina Weiss As Vamps
Gina Bianchi
Margareth Edwards Moça do cabaré
Miss Florinda Moça do cabaré
Assucena Fonseca

Produção

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A ideia de produzir um longa-metragem sonoro veio de uma conversa entre o diretor Luiz de Barros e João Antônio Bruno (na época diretor das Empresas Cinematográficas Reunidas). Como forma de brincadeira, Barros disse a Bruno que faria um filme sonoro, porém acabou saindo do local com negócio fechado e data marcada para a estreia do longa que viria ser Acabaram-se os Otários.[3]

A história do filme foi baseada em uma crônica do cronista Menotti del Picchia, em que um mineiro comprava um bonde, publicada na imprensa carioca como verdade.[4] No elenco estavam os atores Genésio Arruda, Tom Bill e Vicente Caiafa, que trabalhavam com Barros no teatro Moulin Bleu.

Sem conhecer a técnica, Barros foi aos estúdios da Gaumont e viu como as câmeras registravam a atuação dos atores enquanto um gramofone reproduzia o som gravado antecipadamente: era o playback. Com essa técnica Barros gravou os diálogos em discos, que eram reproduzidos nos cinemas pelo técnico Moacyr Fenelon.

Trilha sonora

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Anúncio dos discos que continham a trilha sonora do filme.

A trilha sonora do filme contou com música originais (compostas especialmente para o filme) como: "Deixei de Ser Otário", "Pé no Chão", "Pamonha" e "Pindurassaia". Também estavam presentes algumas músicas do cantor Paraguassú.[5]

  1. "Deixei de Ser Otário" - Genésio Arruda
  2. "Pé no Chão" - Genésio Arruda
  3. "Pamonha" - Genésio Arruda
  4. "Pindurassaia" - Genésio Arruda
  5. "Vae Santinha" - Genésio Arruda
  6. "Odalisca" - Dino Augusto
  7. "Lamentos" - Paraguassú
  8. "Triste Caboclo" - Paraguassú
  9. "Casinha Pequenina" - Paraguassú
  10. "Não Posso Te Amar" - Paraguassú
  11. "Brasileirinha" - Paraguassú
  12. "Magnolia" - Paraguassú
  13. "Meus Amores" - Paraguassú e Seu Grupo Verde-Amarelo
  14. "Canoa Furada" - Paraguassú e Seu Grupo Verde-Amarelo
  15. "Sou do Sertão" - Paraguassú e Seu Grupo Verde-Amarelo
  16. "A Alguém" - Paraguassú e Seu Grupo Verde-Amarelo
  17. "Bemtevi" - Paraguassú e Seu Grupo Verde-Amarelo
  18. "Casa Branca da Serra" - Paraguassú e Seu Grupo Verde-Amarelo
  19. "Nunca Mais" - Paraguassú e Seu Grupo Verde-Amarelo
  20. "Noites Gaúchas" - Paraguassú e Seu Grupo Verde-Amarelo

Algumas fontes citam outras músicas como sendo parte da trilha sonora, como a canção "Carinhoso" de Pixinguinha, porém não há nenhuma prova definitiva que elas realmente estavam presentes no filme.

Lançamento

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Em 2 de setembro de 1929, Acabaram-se os Otários estreava no Cinema Santa Helena. O sucesso do filme foi um absurdo para a época, levando mais de 35 mil pessoas para os cinemas em sua semana de estreia. Paraguassú conta em uma entrevista que chegaram a quebrar uma das colunas da sala de espera, tamanho desespero de assistir ao tão divulgado filme sonoro.

Aproveitando todo o sucesso do longa, Luiz de Barros começou a fazer uma série de filmes e curtas de comédia estrelados pelo trio Genésio Arruda, Tom Bill e Caiafa. Essa série durou até meados de 1931, com o último filme lançado sendo "Tom Bill Brigou Com a Namorada".[6]

Preservação

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Este é, com toda a certeza, o filme perdido brasileiro com mais material sobrevivente, tendo diversas fotografias de cena e de produção, anúncios, críticas e etc. As partes sonoras do longa, que foram exaltadas pela critica, podem ser facilmente encontradas na internet. Apenas dois registros em vídeo de Acabaram-se os Otários sobreviveram ao tempo, estes podem ser vistos nos filmes "Cômicos + Cômicos" e "O Cinema Falado".

Referências

Ligações externas

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