A "Agonia de Doha" (também conhecida por "Milagre de Doha" na Coreia do Sul (em coreano: 도하의 기적, romanizado: Dohaui gijeok) ou "Tragédia de Doha" no Japão (em japonês: ドーハの悲劇, romanizado: Dōha no higeki) foi um evento futebolístico ocorrido no dia 28 de outubro de 1993 no Al-Ahli Stadium, em Doha, capital do Catar[1].

Japão 2 X 2 Iraque
Evento Eliminatórias Asiáticas - Fase Final
Data 28 de outubro de 1993
Local Al-Ahli Stadium, Doha, Catar
Melhor em campo Masashi Nakayama
Árbitro Suíça Serge Muhmenthaler
Público 4.000

No jogo, envolvendo as seleções do Japão e do Iraque, os japoneses estavam com a classificação garantida para a Copa do Mundo FIFA de 1994 até os 45 minutos de jogo, quando o iraquiano Jaffar Omran Salman marcou um gol de empate, tirando a vaga do Japão.[2]

Contexto

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A fase final das eliminatórias asiáticas para a Copa do Mundo de 1994 reuniu em um grupo final, além de Iraque e Japão, as seleções da Coreia do Sul, Arábia Saudita, Irã e Coreia do Norte. Sauditas, sul-coreanos, iranianos e japoneses eram os favoritos à vaga, com os iraquianos correndo por fora na disputa por duas vagas asiáticas na Copa de 1994. Todas as partidas foram disputadas em Doha, a maioria no Khalifa International Stadium - na última rodada, as Coreias se enfrentariam no Qatar SC Stadium, Japão e Iraque jogariam no Al-Ahli Stadium.

Restando o último jogo da fase eliminatória asiática, a Coreia do Norte já estava eliminada matematicamente.[3]

O jogo

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O jogo começou bem para os japoneses, com Kazu marcando um gol de cabeça aos cinco minutos do primeiro tempo - a bola bateu na trave antes de entrar. No decorrer do primeiro tempo, a seleção japonesa dominou a partida.[2] Kenta Hasegawa quase ampliou com uma finalização que acertou a trave de Ibrahim Salim Saad.

Depois do intervalo, o Iraque voltou mais forte e empatou aos dez minutos do segundo tempo, com um gol do capitão Ahmed Radhi. O Japão, contudo, conseguiu ainda desempatar 14 minutos depois com um gol de Masashi Nakayama[2].

O Iraque persistiu e, já nos acréscimos, Ala Kadhim bateu um escanteio curto e cruzou na área para Jaffar Salman, que marcou de cabeça. Alguns jogadores japoneses (incluindo os reservas) se jogaram no chão após o empate. O jogo ainda continuou por alguns momentos, mas o placar final foi de 2 a 2[2], resultado que também eliminou os iraquianos.

28 de outubro de 1993 Japão   2–2   Iraque Al-Ahli Stadium, Doha
6:15(horário local)
Kazu   5', Nakayama   80' Ahmed Radhi   54', Omran   90' Público: 4 000
Árbitro:   Serge Muhmenthaler
Japão
Iraque
Japão:
GK 1 Matsunaga   84'
LB 3 Katsuya   10'
RB 4 Horiike
CB 5 Hashiratani  
CB 7 Ihara
MF 10 Ruy Ramos
MF 15 Yoshida
MF 17 Moriyasu
FW 11 Kazu
FW 12 Hasegawa   59'
FW 16 Nakayama   80'
Substituições:
  8 Fukuda   59'
  9 Takeda   80'
Técnico:
  Hans Ooft
Iraque:
GK 21 Ibrahim Salim Saad
DF 14 Salim Hussein
DF 4 Swadi Radhi
DF 2 Samir Kadhim Hassan
DF 3 Saad Abdul   80'
MF 22 Bassam Raouf Hamed   71'
MF 12 Mohammed Jassim   HT'
MF 7 Naem Saddam Minshed
FW 17 Laith Hussein
FW 9 Ala Kadhim
FW 8 Ahmed Radhi     23'
Substituições:
  16 Jaffar Omran Salman   HT'
  5 Abdul Jabar Hanoon   71'
Técnico:
  Ammo Baba

Com a vitória da Arábia Saudita por 4 a 3 sobre o Irã e garantindo a sua ida em Copas pela primeira vez, Japão e Coreia do Sul terminaram a fase final das eliminatórias asiáticas empatados com 6 pontos, mas os sul-coreanos garantiram a vaga pela terceira Copa seguida no saldo de gols (5 a 3).[4]

Consequências

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Após a partida, o técnico do Japão, o neerlandês Hans Ooft, foi demitido do cargo, sendo sucedido pelo brasileiro Paulo Roberto Falcão. As consequências da perda da vaga foram muito sentidas por vários atletas da Seleção, principalmente o atacante Kazu e o meio-campista Ruy Ramos, que voltaria a jogar pela seleção apenas em 1995. No entanto, dois jogadores (Ihara e Nakayama, autor do gol que daria a classificação para a Copa de 1994), mantiveram-se na Seleção, que se classificou para a Copa de 1998, ao contrário do próprio Kazu, não lembrado por Takeshi Okada. Nakayama jogaria também a Copa de 2002.

Opinião dos jogadores do Japão após a eliminação

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"Não consigo me recordar do vestiário após a partida, nem de ter falado com a imprensa, nem do trajeto do ônibus de volta para o hotel. Eu havia me entregado inteiramente ao meu sonho de disputar a Copa do Mundo. Passamos tanto tempo concentrados que fiquei mais tempo com os meus colegas de seleção do que com a minha família. Eu já conseguia ver a Copa do Mundo bem na minha frente, mas, quando fui pegá-la, ela desapareceu no ar."

Hajime Moriyasu, meio-campista do Japão.[2]

"Foi uma partida magnífica entre duas seleções desesperadas pela vitória. Embora não tenhamos vencido, foi uma das melhores atuações da minha carreira. O Iraque jogou duro e com muita raça, mas também com lealdade. Encontrei-os no hotel naquela noite. Lembro que eles disseram que o Japão era uma equipe maravilhosa. Agradeci e disse-lhes que o selecionado deles também era fantástico."

Ruy Ramos, meio-campista do Japão.[2]

"Estivemos vencendo, jogando tão bem, e havia muita crença em nosso time. O futebol tinha alcançado esse novo nível e os japoneses estavam empolgados com a chance de jogar a Copa do Mundo. O final do sonho, da forma como foi, foi devastador. Eu vi homens adultos chorarem."

Masashi Nakayama, atacante do Japão.

Ligações externas

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Referências

  1. «A agonia de Doha». O Futebólogo. 8 de janeiro de 2020 
  2. a b c d e f «A agonia do Japão em Doha». Consultado em 4 de julho de 2011. Arquivado do original em 20 de setembro de 2011 
  3. «Ásia define hoje seus dois classificados para a Copa». Folha de S.Paulo. 28 de outubro de 1994 
  4. «Gol no final tira o Japão da Copa». Folha de S.Paulo. 29 de outubro de 1994 
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