Mandi-chumbado
Mandi-chumbado (nome científico: Aguarunichthys tocantinsensis[1]), também popularmente designado como rubinho ou jauzinho-do-canal,[2] é uma espécie de bagre bentopelágico da família dos pimelodídeos (Pimelodidae) nativa do Brasil.[3]
Mandi-chumbado | |||||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||
Aguarunichthys tocantinsensis Zuanon, Rapp Py-Daniel & Jégu, 1993 |
Etimologia
editarO nome do gênero Aguarunichthys deriva de aguarã, o nome de uma tribo indígena peruana que vive na fronteira com o Equador, e do grego ichthys, "peixe".[4] O nome popular mandi deriva do tupi mandi'i, "peixe de rio" ou "peixe de água doce". Foi registrado em ca. 1594 como mandaig, 1618 como mandeii e 1806 como mandis.[5] Por sua vez, jauzinho é a forma diminutiva de jaú, um termo de origem tupi que, em sentido literal, designa peixes da família dos pimelodídeos. Segundo Teodoro Sampaio, em O Tupi na Geografia Nacional (TupGN), o étimo significa "aquele que devora". Foi registrado em 1594 como jaû, em 1751 com jaus e 1783 como jahús.[6]
Descrição
editarO mandi-chumbado mede 31,7 centímetros de comprimento. Sua cabeça é mais longa do que larga e levemente deprimida. Tem olhos grandes, focinho largo. A boca é nitidamente subterminal. A cabeça, o corpo e as nadadeiras são verde-acastanhadas com manchas pretas. Os barbilhões são enegrecidos. Conta com pequenas manchas ao redor da base da nadadeira anal.[7] A espécie alimenta-se de invertebrados, em especial das espécies de camarão de água doce,[8] e de peixes menores.[2] Habita águas doces[9] com fortes correntes e fundo rochoso da represa de Tucuruí, no rio Tocantins.[10] É encontrada nos estados brasileiros do Pará, Tocantins, Mato Grosso e Goiás.[11]
Conservação
editarO mandi-chumbado encontra-se atualmente extinta na maior parte da bacia do Tocantins. Como causas, foram citadas as alterações antrópicas nos ambientes das corredeiras. A construção de empreendimentos hidrelétricos representa risco extremamente negativo à espécie.[8] Em 2007, a espécie foi classificada como vulnerável na Lista de espécies de flora e fauna ameaçadas de extinção do Estado do Pará;[12] em 2018, como em perigo no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio);[13] e como em perigo no anexo três (peixes) da Lista Oficial da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção da Portaria MMA Nº 148, de 7 de junho de 2022.[14][15] No Tocantins, sua pesca foi proibida em 2023.[16]
Referências
- ↑ Froese, R.; Pauly, D. «Aguarunichthys tocantinsensis Zuanon, Rapp Py-Daniel & Jégu, 1993». World Register of Marine Species (WoRMS). Cópia arquivada em 20 de outubro de 2021
- ↑ a b Plano de Ação Territorial para Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção do Território Cerrado Tocantins (PDF). Palmas, Tocantins: Pró-Espécies; Fundação Natureza do Tocantins (Naturantins); Governo do Estado do Tocantins. 2020. Cópia arquivada (PDF) em 17 de abril de 2023
- ↑ Cartilha da pesca - amadora e esportiva. Palmas: Fundação Natureza do Tocantins (Naturantins), Governo do Estado do Tocantins. 2022. Consultado em 23 de abril de 2023. Cópia arquivada em 17 de abril de 2023
- ↑ «Aguarunichthys tocantinsensis Zuanon, Rapp Py-Daniel & Jégu, 1993». FishBase. Consultado em 23 de abril de 2023. Cópia arquivada em 23 de abril de 2023
- ↑ Grande Dicionário Houaiss, verbetes mandi
- ↑ Grande Dicionário Houaiss, verbetes jaú e jauzinho
- ↑ Zuanon, Jansen Alfredo Sampaio; Daniel, L. H. R. Py; Jegu, Michel. «Two new species of Aguarunichthys from the Amazon basin (Siluroidei: Pimelodidae)». Ichthyol. Explor. Frcshwatcrs (em inglês). 4 (3): 251-260. Consultado em 23 de abril de 2023
- ↑ a b Júnior, Oscar Barroso Vitorino; Agostinho, Carlos Sérgio (2015). «Ecologia de Aguarunichthys tocantinsensis (Osteichthyes, Pimelodidae), espécie ameaçada de extinção e endêmica da bacia do rio Tocantins». NEAMB - UFT - Núcleo de Estudos Ambientais - Universidade Federal do Tocantins. Consultado em 17 de abril de 2023. Cópia arquivada em 17 de abril de 2023
- ↑ «Aguarunichthys tocantinsensis». Denominações comerciais, Comissão Europeia. Consultado em 23 de abril de 2023. Cópia arquivada em 22 de abril de 2023
- ↑ «Cat-eLog Pimelodidae - Aguarunichthys». Planet Catfish (em inglês). Consultado em 23 de abril de 2023. Cópia arquivada em 22 de abril de 2023
- ↑ «Pacu, curimatã e matrinxã: conheça 19 peixes que estão sob risco de extinção na Amazônia». Portal Amazônia. Consultado em 23 de abril de 2023. Cópia arquivada em 17 de abril de 2023
- ↑ Extinção Zero. Está é a nossa meta (PDF). Belém: Conservação Internacional - Brasil; Museu Paraense Emílio Goeldi; Secretaria do Estado de Meio Ambiente, Governo do Estado do Pará. 2007. Consultado em 2 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 2 de maio de 2022
- ↑ «Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção» (PDF). Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente. 2018. Consultado em 3 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 3 de maio de 2018
- ↑ «Portaria MMA N.º 148, de 7 de junho de 2022» (PDF). Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente (MMA). Consultado em 14 de abril de 2023. Cópia arquivada (PDF) em 1 de março de 2023
- ↑ «Teleocichla cinderella Kullander, 1988». Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SIBBr). Consultado em 23 de abril de 2023. Cópia arquivada em 23 de abril de 2023
- ↑ «PORTARIA Nº 34/2023/NATURATINS/GABIN». Governo de Tocantins. 3 de março de 2023. Consultado em 17 de abril de 2023. Cópia arquivada em 17 de abril de 2023