Albuxar de Bactro
Abu Maxar Jafar ibne Maomé de Bactro (em árabe: أبو معشر جعفر بن محمد بن عمر البلخي; romaniz.: Abū Maʿshar, Jaʿfar ibn Muḥammad al-Balkhī; Bactro, 10 de agosto de 787 - Uacite, 9 de março de 886[1]), também conhecido como Alfalaqui (al-Falakī) e ibne Bactro (Ibn Balkhī) ou pelas formas latinizado Albumasar, Albusar, ou Albuxar, foi um matemático, astrônomo, astrólogo e filósofo persa. Talvez, o maior astrólogo da corte abássida em Bagdá.[2] Não foi um inovador e como astrólogo não era intelectualmente preciso. Contudo, escreveu uma série de manuais práticos sobre astrologia que influenciaram profundamente a história intelectual muçulmana e, através das traduções, também a Europa Ocidental e o Império Bizantino.[1]
Albuxar de Bactro | |
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Albuxar no relógio astronômico da igreja de São Nicolau, Stralsund, Alemanha | |
Nascimento | 10 de agosto de 787 Bactro |
Morte | 9 de março de 886 Uacite |
Cidadania | Califado Abássida |
Ocupação | astrônomo, matemático, filósofo, astrólogo |
Religião | islamismo |
Biografia
editarAlbuxar viveu em Bagdá. No início de seu trabalho, como um acadêmico, estudou o hádice. Foi somente após os quarenta e sete anos de idade que começou a estudar Astrologia.[3]
Astrologia e filosofia natural
editarRecebeu influência das obras de estudiosos gregos, Mesopotâmia, islâmicos e persas.[3] Richard Lemay argumentou que os escritos de Albuxar eram, muito provavelmente, a mais importante fonte original das teorias da natureza de Aristóteles para os estudiosos europeus, começando um pouco antes do meio do século XII.[4]
Foi somente no final do século XII, que os livros originais de Aristóteles sobre a natureza começaram a se tornar disponíveis em latim. As obras de Aristóteles sobre a lógica já eram conhecidos há mais tempo, e Aristóteles era geralmente reconhecido como "o mestre da lógica". Mas, durante o curso do século XII, Aristóteles foi transformado no "mestre dos que sabem", e em particular, um mestre da filosofia natural. O interesse especial no trabalho de Albumasar, sobre este tema, é um tratado sobre astrologia. Seu título em latim é Introductorium in Astronomiam, uma tradução do árabe Kitab al-mudkhal al-kabir ila 'ilm ahkam an-nujjum, escrito em Bagdá, em 848. Foi traduzido para o latim, primeiramente por João de Sevilha, em 1133 e, novamente, menos literal e resumido, por Armando da Caríntia, em 1140. Amir Khusrow menciona que Albuxar foi até Benaras (Varanasi) e estudou astronomia lá por dez anos.[5]
Obras
editarSeus trabalhos sobre astronomia não mais existem, mas a informação pode ainda ser extraída de resumos encontrados nas obras de astrônomos posteriores ou de suas obras sobre astrologia.[2]
Introdução à Astrologia
editar- Kitāb al‐mudkhal al‐kabīr, uma introdução à Astrologia, que recebeu muitas traduções para o latim e o grego a partir do século XI. Teve influência significativa sobre filósofos ocidentais, como Alberto Magno.[2]
- Kitāb mukhtaṣar al‐mudkhal, uma versão resumida da anterior, posteriormente traduzida para o latim por Adelardo de Bath.[2]
Astrologia histórica
editar- Kitāb al‐milal wa‐ʾl‐duwal ("Livro sobre religiões e dinastias"), provavelmente sua obra mais importante, referendada nas grandes obras de Roger Bacon, Pierre d'Ailly e Pico della Mirandola.[2]
- Fī dhikr ma tadullu ʿalayhi al‐ashkhāṣ al‐ʿulwiyya ("Sobre as indicações dos objetos celestes"),
- Kitāb al‐dalālāt ʿalā al‐ittiṣālāt wa‐qirānāt al‐kawākib ("Livro das indicações das conjunções planetárias"),
- Kitāb al‐ulūf ("Livro de milhares"), preservada apenas em resumos feitos por Sijzi.[2]
- Kitāb taḥāwīl sinī al-‘ālam (Flores de Abu Ma'shar), utiliza horóscopos para examinar meses e dias do ano. Era um manual para os astrólogos. Foi traduzido no século XII por João de Sevilha.[3]
Genetliologia
editar- Kitāb taḥāwil sinī al‐mawālīd ("Livro das revoluções dos anos de nascimento"), traduzido para o grego em 1000, e desta para o latim no século XIII.
- Kitāb mawālīd al‐rijāl wa‐ʾl‐nisāʾ ("Livro de nascimentos de homens e mulheres"), que foi amplamente divulgado no mundo islâmico.[2]
Livros de traduções disponíveis em latim e grego
editar- De magnis coniunctionibus, ed.-tradução K. Yamamoto, Ch. Burnett, Leiden, 2000, 2 vols. (texto em árabe e em latim)
- De revolutionibus nativitatum, ed. D. Pingree, Leipzig, 1968 (texto em grego)
- Liber florum traduzido por James Herschel Holden em Five Medieval Astrologers (Tempe, Az.: A.F.A., Inc., 2008): 13-66.
- Introductorium maius, ed. R. Lemay, Napoli, 1995–1996, 9 vols. (texto em árabe e duas traduções em latim)
- Ysagoga minor, ed.-trad. Ch. Burnett, K. Yamamoto, M. Yano, Leiden-Nova Iorque, 1994 (texto em árabe e em latim)
Referências
- ↑ a b Pingree 1970.
- ↑ a b c d e f g Yamamoto 2007.
- ↑ a b c «Flowers of Abu Ma'shar». World Digital Library. 1488
- ↑ Richard Lemay, Abu Ma'shar and Latin Aristotelianism in the Twelfth Century, The Recovery of Aristotle's Natural Philosophy through Iranian Astrology, 1962.
- ↑ «Introduction to Astronomy, Containing the Eight Divided Books of Abu Ma'shar Abalachus». World Digital Library. 1506
Fontes
editar- Este artigo incorpora texto (em inglês) da Encyclopædia Britannica (11.ª edição), publicação em domínio público.
- Chisholm, Hugh, ed. (1911). «Albumazar». Encyclopædia Britannica (em inglês) 11.ª ed. Encyclopædia Britannica, Inc. (atualmente em domínio público)
- Pingree, David (1970). «Abū Ma'shar al-Balkhī, Ja'far ibn Muḥammad». Dictionary of Scientific Biography. 1. Nova Iorque: Charles Scribner's Sons. pp. 32–39. ISBN 0-684-10114-9
- Yamamoto, Keiji (2007). «Abū Maʿshar Jaʿfar ibn Muḥammad ibn ʿUmar al‐Balkhi». In: Thomas Hockey; et al. The Biographical Encyclopedia of Astronomers. Nova Iorque: Springer. p. 11. ISBN 978-0-387-31022-0 (PDF version)
Ligações externas
editar- Media relacionados com Albumasar no Wikimedia Commons
- «Abu Ma'shar: Prince of Astrologers» (em inglês). por Robert Zoller
- «Aḥkām Sinī al-maxālīd.» (em inglês). Taḥāwīl. (1515) Das Coleções da Biblioteca do Congresso