Alemberg Quindins
Alemberg Quindins (Nova Olinda, 19 de dezembro de 1964), nascido Francisco Alemberg de Souza Lima, é um músico de formação popular, empreendedor social, escritor e artista plástico autodidata do Ceará, Brasil. Em sua cidade natal, criou a Fundação Casa Grande-Memorial do Homem Kariri. Recebeu diversas comendas: Ordem do Mérito Cultural (2004), Medalha do Mérito da Farroupilha (2007), Comenda João Luiz Ramalho de Oliveira (2014), Medalha da Abolição (2017). E também títulos de Dr. Honoris Causa em Ciências Sociais pela Universidade Regional do Cariri – URCA (2018) e de Título de Notório Saber em Cultura Popular pela Universidade Federal do Ceará (2019). Foi consultor da Unicef em projetos em Angola e Moçambique. É assessor de relações institucionais do SESC Ceará, professor de Pós-graduação em Arqueologia Social Inclusiva pela URCA e Investigador do Centro de Estudos em Arqueologia, Artes e Ciências do Patrimônio – CEAACP da Universidade de Coimbra – Portugal.[1]
Alemberg Quindins | |
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Nascimento | 19 de dezembro de 1964 (60 anos) Nova Olinda |
Cidadania | Brasil |
Ocupação | músico, educador, artista plástico, escritor, empreendedor, pesquisador, professor universitário |
Distinções | |
Biografia
editarAos nove anos, a família de Alemberg Quindins mudou-se do Ceará para uma região que hoje faz parte do estado do Tocantins (à época, era Goiás). Já adulto, ele e a companheira Rosiane Limaverde circularam o Brasil por dez anos, apresentando-se em festivais com uma apresentação musical inspirada em pesquisa que haviam realizado sobre a pré-história e as lendas da região do Cariri (Ceará), e a história dos indígenas que deram o nome à região. Com as premiações, os dois compraram livros e filmes;[2] além disso, o casal começou a ter espaço em ambientes de organização cultural, tendo conversas com secretários de cultura e outras pessoas que pensavam formas sérias de tratar a área. O que incluiu conhecer o Memorial da América Latina e o Museu do Homem Americano; espaços que inspiraram a realizar algo parecido em Nova Olinda. Nesse contexto, acabaram decidindo restaurar as ruínas da casa do avô de Quindins.[3]
Fundação Casa Grande - Memorial do Homem Kariri
editarEm 1992, Alemberg e Rosiane restauraram a casa grande da Fazenda Tapera que deu origem ao município de Nova Olinda, que havia sido adquirida pelo avô de Alemberg, Neco Trajano, em 1932. A edificação em estilo colonial é de 1717, início do ciclo do couro no Nordeste, e servia como posto para o descanso dos bois. Em 19 de dezembro de 1992, Quindins e sua companheira, Rosiane Limaverde, ali fundaram a Fundação Casa Grande-Memorial do Homem Kariri, organização social voltada à vivência e formação em gestão cultural e social, que forma crianças e jovens.[1][2][4][5][6]
O Memorial do Homem Kariri é o espaço museológico / arqueológico que abriga os itens reunidos pelo casal ao longo de sua pesquisa local pelas memórias do povo indígena que habitou a região da Chapada do Araripe, Vale do Cariri: os Cariri.[7][8]
“ | "Nós resgatamos a cultura local nas áreas de arqueologia, mitologia, artes e comunicação." | ” |
— Alembreg Quindins |
Museus Orgânicos
editarSão expressões dinâmicas da criatividade humana. São cenários vivos e ativos da cultura e do saber fazer popular, abertos nas casas dos mestres que os receberam de herança de seus ancestrais e os mantêm autênticos. Lugares inovadores de partilha da memória, os museus orgânicos são estruturas de conhecimento e de transmissão fértil e permanente da história, da cultura e das artes dos povos, nas suas mais particulares manifestações. Expressões identitárias de um povo, hibridando todos os tempos e todas as linguagens das artes e da cultura popular, os museus orgânicos são as portas abertas que conduzem do passado para o futuro a história de um povo, construída e interpretada pelos seus verdadeiros obreiros, oferecendo uma narrativa de interface cultural de possibilidades amplas e de participada valorização territorial. Fortemente comprometidos com a sustentabilidade inteligente da gente e das regiões, os museus orgânicos organizam-se em rede de malha larga, que se estende em todo o território, numa disposição criada a partir das casas dos mestres, num diálogo contínuo com as realizações coletivas cotidianas. [9]
São museus abertos, tomando o formato de museu casa, museu oficina e museu casa oficina, em razão do conteúdo diverso que revelam. Estruturas fixas (econômicas e sociais) e material móvel articulam-se de modo a valorizarem-se mutuamente e, de modo direto e numa perspectiva de uso social do patrimônio, a comunidade no seu todo é envolvida e se sente beneficiária e promovida. São lares, onde homens e mulheres surgem como contadores de narrativas, como cidadãos inclusos, como atores vivos da história. São espaços que inspiram o turismo de base comunitária e permitem às famílias monetizarem suas economias. São moradas, cujas paredes ganham cores de outros tempos e as platibandas, em suas formas singelas, exibem a casa renovada, num diálogo harmônico com tempos e geografias que atravessam o mar até alcançarem o Norte da África. Implementada na região do Araripe, no Nordeste do Brasil, a ideia, gerada na Fundação Casa Grande Memorial Homem do Kariri, tem já abertos museus orgânicos, viabilizados pelo Sesc; esta preservação, vivificação e transmissão das expressões artísticas populares de modo autêntico e participado e sua mobilização para um processo inovador de sustentabilidade e desenvolvimento dos povos está hoje suficientemente experimentada para poder ganhar o mundo, ao serviço da cultura e das artes populares, da qualidade de vida dos indivíduos e do reforço identitário das comunidades.
"A partir da criação do Memorial do Homem Kariri, desenvolvi um espaço prático de vivência patrimonial para disseminar pelo território a ideia de museu orgânico como uma forma de valorizar e reconhecer a tradição cultural viva no lugar, junto a essa ideia foi fomentado a formação de crianças e jovens no campo da educação patrimonial para serem os disseminadores dos museus orgânicos, e atualmente com o apoio da Federação do Comércio através do SESC-CE os museus estão se ramificando pelo Brasil. " - Alemberg Quindins
Arquitetura do afeto
O coração do que denominei de “Museus Orgânicos” não vem de teses acadêmicas ou tratados científicos. Vem do poder que tem a arquitetura de reunir em traços visíveis o sentimento humano de forma poética e se manifestar em afeto e arte. A invisibilidade do encantado se apresenta em forma de simplicidade, na relação entre a natureza humana e o espaço ocupado.
Vida pessoal
editarAlemberg Quindins casou-se com Rosiane Limaverde, sua companheira também nas áreas artística, educadora e pesquisadora. Como ele aponta:[10]
“ | Quando criança [eu] tinha uma bandinha de lata, uma editora de revista em quadrinhos, cinema de sombras e produzia revistas desportivas aonde era o repórter dos campinhos de várzea.
Em 1983 encontrei uma menina que era igual a mim (Rosiane Limaverde) e resolvemos nos unir para fazermos juntos. Daí surgiu a Fundação Casa Grande para reunir meninos e meninas que pensam igual a gente. |
” |
— Alemberg Quindins |
Rosiane faleceu em março de 2017.[11] Com ela teve dois filhos (Ana Sewi e Pedro Ian).[7][3]
Prêmios e reconhecimentos
editar- 2022 - Empreendedor Social (Fellow), da instituição americana Ashoka.[12][13]
- 2004 - Cavaleiro na Ordem do Mérito Cultural,do Ministério da Cultura do Brasil;[1][14]
- 2007 - Medalha do Mérito da Farroupilha, da Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul;[1][14]
- 2014 - Comenda João Luiz Ramalho de Oliveira, do Sistema Fecomércio Ceará;[1][14]
- 2017 - Medalha da Abolição, do Governo do Estado do Ceará;[1][14]
- 2018 - Título de Dr. Honoris Causa em Ciências Sociais pela Universidade Regional do Cariri – URCA;[1][14][15]
- 2019 - Título de Notório Saber em Cultura Popular pela Universidade Federal do Ceará.[1][14]
Ensino e investigação
editar- 2017-2019 - Pós-graduação em Gestão Cultural Contemporânea do Itaú Cultural e Instituto Singularidades[16][17]
- ? - Pós-graduação Latu Sensu em Arqueologia Social Inclusiva pela Universidade Regional do Cariri[1][18]
- ? - Investigador do Centro de Estudos em Arqueologia, Artes e Ciências do Patrimônio, da Universidade de Coimbra[1][19]
Algumas obras
editarReferências
- ↑ a b c d e f g h i j «Alemberg Quindins – Ciranda Cirandinha». Consultado em 13 de agosto de 2024
- ↑ a b SeTIC-UFSC (21 de agosto de 2018). «Do sertão cearense a Florianópolis: UFSC recebe criador da Fundação Casa Grande». Notícias da UFSC. Consultado em 13 de agosto de 2024
- ↑ a b Barbosa, Cármem Débora Lopes (2010). Experiência de vida e formação do educador popular Alemberg Quindins da Fundação Casa Grande - Memorial do Homem Kariri (Dissertação de mestrado). Fortaleza: Universidade Federal do Ceará
- ↑ casacivilsuzetenocrato (20 de dezembro de 2022). «Fundação Casa Grande completa 30 anos celebrando a memória e cultura popular do Cariri». Governo do Estado do Ceará. Consultado em 13 de agosto de 2024
- ↑ «Faculdade de Ciências - Câmpus de Bauru». www.fc.unesp.br (em inglês). Consultado em 13 de agosto de 2024
- ↑ CSI/DTI. «X Edição – Alemberg Quindins | PET-ADM/UFCA». Consultado em 13 de agosto de 2024
- ↑ a b «Alemberg Quindins - Criador da Fundação Casa Grande - Memorial do Homem Kariri - Trip Transformadores - Homenagem a quem faz a diferença no mundo». Trip. Consultado em 13 de agosto de 2024
- ↑ «Alemberg Quindins». Fórum Permanente. Consultado em 13 de agosto de 2024
- ↑ «Livro Musues Organicos - Web | PDF». Scribd. Consultado em 13 de novembro de 2024
- ↑ «Alemberg Quindins – Entrevista Medalha da Abolição». 24 de março de 2017. Consultado em 13 de agosto de 2024
- ↑ «Medalha da Abolição: governador outorga comenda que reconhece contribuição de grandes personalidades ao Estado». Casa Civil do Governo do Estado do Ceará. 26 de março de 2017. Consultado em 13 de agosto de 2024
- ↑ Rodrigues, Elisabete (9 de janeiro de 2019). «Alemberg Quindins vem a Mértola falar sobre «Museus Orgânicos»». Sul Informação. Consultado em 13 de agosto de 2024
- ↑ Alemberg Quindins (2021). «Curriculo Alemberg Quindins 2021» (PDF). Consultado em 12 de agosto de 2024
- ↑ a b c d e f Coimbra, Universidade de. «Alemberg Quindins». uc.pt. Consultado em 13 de agosto de 2024
- ↑ «Alemberg Quindins será agraciado com o titulo de Doutor Honoris Causa da Urca». Gazeta do Cariri - Notícias da região do Cariri, Ceará, Brasil e do Mundo. 14 de dezembro de 2018. Consultado em 13 de agosto de 2024
- ↑ «SOBRE». alembergquindins. Consultado em 13 de agosto de 2024
- ↑ Itaú Cultural (10 de outubro de 2018), Alemberg Quindins | Fundação Casa Grande – gestão cultural (2018), consultado em 13 de agosto de 2024
- ↑ Coimbra, Universidade de. «Alemberg Quindins». uc.pt. Consultado em 13 de agosto de 2024
- ↑ Coimbra, Universidade de. «Alemberg Quindins». uc.pt. Consultado em 13 de agosto de 2024
- ↑ secultlucasbenedecti (15 de janeiro de 2020). «Alemberg Quindins e Aécio Diniz apresentam audição comentada do disco "A Lenda" no Cineteatro São Luiz». Secretaria da Cultura. Consultado em 13 de agosto de 2024
- ↑ Souza, Erika (28 de fevereiro de 2020). «A Lenda, de Alemberg Quindins e Aécio Diniz, será lançado hoje - Cultura Foobá!». Foobá!. Consultado em 13 de agosto de 2024
- ↑ «AÇÕES E REFLEXÕES - Dois Pontos». www.doispontos.com.br. Consultado em 13 de agosto de 2024
- ↑ Miséria, Agência; Karimai, Clara (5 de abril de 2023). «Alemberg Quindins lança livro e exposição "Poemas HQ" nesta quinta-feira (06)». Site Miséria. Consultado em 13 de agosto de 2024