Alexandra Tegleva
Alexandra Alexandrovna Tegleva (em russo: Александра Александровна Теглева; Novgorod, 2 de maio de 1884 – Lausana, 21 de março de 1955) foi uma nobre russa que serviu como babá dos filhos do czar Nicolau II e da czarina Alexandra, ela foi com a família para o exílio em Tobolsk após a abdicação do czar durante a Revolução de Fevereiro, mas acabou sendo impedida de ficar com eles durante sua prisão domiciliar na Casa Ipatiev, que se caso tivesse ido, teria sido executada junto com a família imperial. Ela sobreviveu à Revolução Russa de 1917 e se casou com Pierre Gilliard, um acadêmico suíço que serviu com ela na Casa Imperial como tutor de francês das crianças. Ela se mudou para Lausana como uma emigrante branca e permaneceu lá pelo resto de sua vida. Tegleva trabalhou com o marido para investigar e desmascarar as alegações feitas por Anna Anderson, uma impostora que fingia ser a grã-duquesa Anastasia Nikolaevna.
Alexandra Tegleva | |
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Nascimento | Alexandra Alexandrovna Tegleva 2 de maio de 1884 Império Russo |
Morte | 21 de março de 1955 Lausana |
Cidadania | Império Russo |
Cônjuge | Pierre Gilliard |
Alma mater |
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Ocupação | ama, governante |
Membro da Casa Imperial
editarTegleva fazia parte da nobreza russa como membro da família Teglev.[1][2] Ela foi educada no Instituto Smolny de Donzelas Nobres, em São Petersburgo na Rússia Imperial. Tegleva serviu na Casa Imperial Russa como babá e governanta da Grã-Duquesa Olga Nikolaevna, Grã-Duquesa Tatiana Nikolaevna, Grã-Duquesa Maria Nikolaevna, Grã-Duquesa Anastasia Nikolaevna e Czarevich Alexei Nikolaevich.[3][4][5] Ela morava com a família no magestoso Palácio de Alexandre em Tsarskoye Selo, ocupando o trigésimo primeiro quarto no segundo andar no palácio.[6]
Enquanto muitos dos assistentes a serviço da Imperatriz falavam inglês, foi instruída a falar russo com as crianças.[6] Ela foi auxiliada por uma empregada chamada Anna Yakovlevna Utkina.[6]
Em 1904, a czarina russa Alexandra, deu a Tegleva um relógio de bolso de ouro feito pelo fabricante suíço Paul Buhre como presente de Natal.[7][8] O relógio foi gravado com a descrição "Dado pela Imperatriz Soberana em 24 de dezembro de 1904".[7] Tegleva recebeu um broche Fabergé, com o brasão da família dos Romanov adornado com um diamante e quatro pelolas de rubis, em 1913, por ocasião do Tricentenário Romanov que marcava dos 300 anos dos Romanov.[7]
Exílio com a família imperial
editarApós a abdicação forçada de Nicolau II como Imperador e Autocrata de Toda a Rússia Czarista, durante a Revolução de Fevereiro, a então babá foi com a família imperial para o exílio na Sibéria Ocidental e viveu com eles em prisão domiciliar na 'Mansão do Governador' em Tobolsk.[6] Ao contrário de muitos outros membros da casa imperial, ela deixou muitos dos seus pertences pessoais no Palácio Imperial de Alexandre ao partir para o exílio, incluindo roupas finas, fotografias com colegas de trabalho, fotografias com a família imperial, sapatos, meias e lembranças que lhe foram dadas pelas crianças.[6]
Após a Revolução de Outubro de 1917, ela ficou com as grã-duquesas: Tatiana, Olga e Anastasia e o czarevich com hemofilia Alexei, enquanto a família foi separada e o imperador e a imperatriz, bem como a grã-duquesa Maria, foram levados para a Casa Ipatiev em abril de 1918.[6] Durante esse período, uma das damas de companhia da Imperatriz, Anna Demidova, escreveu a Tegleva para dar-lhe instruções sobre como esconder as joias da família nas roupas íntimas das grã-duquesas, para que não fossem encontradas quando a família passasse por buscas, isso ajudaria a família a comprar e ter uma vida boa se caso o czarismo não voltasse na Rússia, família imperial não ficaria sem condições financeiras.[9][10][11][12] Em maio de 1918, o resto da família imperial foi levado para a Casa Ipatiev, mas Tegleva não foi autorizado a entrar com eles.[13][14]
Tegleva foi detida com Pierre Gilliard, Charles Sydney Gibbes e a Baronesa Sophie Karlovna von Buxhoeveden em uma residência separada da família imperial em Ecaterimburgo, na Rússia.[15] Ela quase foi morta pelos bolcheviques em Tiumen, mas foi libertada pelo Exército Branco.[13]
Vida após a fim da monarquia e execução da família imperial
editarQuando Nikolai Sokolov, um investigador legal do Tribunal Regional, foi designado pelo almirante Alexander Kolchak para investigar a execução da família Romanov em 1919, Tegleva e outros membros da comitiva Romanov foram entrevistados.[16]
Em 1919, ela se casou com o acadêmico suíço Pierre Gilliard, que havia trabalhado com ela na casa imperial como tutor das crianças.[13][8][17] Ela sobreviveu à Revolução Russa, chegando a Lausanne, Suíça, em 1920 como uma emigrante branca.[6]
Ela trabalhou com o marido para investigar e desmascarar as alegações feitas por Anna Anderson, uma impostora Romanov que fingiu ser a Grã-Duquesa Anastasia Nikolaevna.[18] Em sua segunda visita a Anderson no Hospital Santa Maria em Berlim, Alemanha em 1925, Anderson confundiu Tegleva com a Grã-Duquesa Olga Alexandrovna.[19] Em outra visita, Anderson pediu a Tegleva que molhasse sua testa com água-de-colônia, um gesto reconfortante que Tegleva costumava fazer para a Grã-Duquesa Anastasia como sua babá.[20][21] A interação deixou Tegleva abalada.[20] Em última análise, ela e o marido acreditavam que Anderson era uma fraude, embora Tegleva sentisse um amor imenso por Anderson, assim como sentia pela Grã-Duquesa Anastasia.[22]
Tegleva foi madrinha de sua sobrinha, Marie-Claude Gilliard Knecht.[7]
Morte
editarEla morreu na Suíça em 1955.[7]
Na cultura popular
editarComo um membro da corte czarista, e babá de uma das famílias mais conhecidas da história por causa da trágica morte, é retratada por Katharine Schofield no filme britânico de 1971 Nicholas e Alexandra.[23] Ela foi retratada por Michele Valence na peça Daughter of A Soldier, apresentada no Theatre of the Open Eye em Nova York em 1988.[24] Ela também é uma personagem da peça The Anastasia Trials in the Court of Women: An Interactive Comedy in Two Acts, escrita por Carolyn Gage e Don Nigro.[25] Ela foi interpretada por Milda Noreikaite no documentário dramático Netflix de 2019, Os Últimos Czares.
Referências
- ↑ «Russian Empire Coats of Arms: Vol I-X | FEEFHS». feefhs.org
- ↑ «Russian Heraldry and Nobility - P to Z | FEEFHS». feefhs.org
- ↑ «L'honneur de l'emprisonnement volontaire». Musée national - Blog sur l'histoire suisse (em francês). 10 de maio de 2021. Consultado em 23 de janeiro de 2022
- ↑ «Romanov collection». Archives at Yale. 1894–1935. Consultado em 23 de janeiro de 2022
- ↑ «Archives at Yale». Yale University. Consultado em 7 de fevereiro de 2022. Arquivado do original em 28 de outubro de 2019
- ↑ a b c d e f g «The Maid's Rooms - Blog & Alexander Palace Time Machine». www.alexanderpalace.org. Consultado em 23 de janeiro de 2022
- ↑ a b c d e «From Gilliard's descendants | Tsarskoe Selo State Museum and Heritage Site». www.tzar.ru. Consultado em 23 de janeiro de 2022
- ↑ a b Gilbert, Paul (17 de março de 2019). «Documentary: The Return of Pierre Gilliard». Nicholas II (em inglês). Consultado em 23 de janeiro de 2022
- ↑ Montefiore, Simon Sebag (3 de maio de 2016). The Romanovs: 1613-1918 (em inglês). [S.l.]: Knopf Doubleday Publishing Group. ISBN 978-1-101-94697-8
- ↑ Last Days of the Romanovs, Robert Wilton, p.30.
- ↑ Fall of the Romanovs, Steinberg and Krustalev, pp. 359–62
- ↑ «A Pearl Earring and Imperial Russia». Royal Central (em inglês). 20 de novembro de 2018. Consultado em 23 de janeiro de 2022
- ↑ a b c Yegorov, Oleg (17 de julho de 2019). «Imprisoned with the Romanovs: The story of a very unlucky French tutor». www.rbth.com (em inglês). Consultado em 23 de janeiro de 2022
- ↑ Meyer, Carolyn (7 de abril de 2015). Anastasia and Her Sisters. [S.l.]: Simon and Schuster. ISBN 9781481403269 – via Google Books
- ↑ «Rare Romanov Photos found in "The Lintern Archive"». www.freemansauction.com. Consultado em 23 de janeiro de 2022
- ↑ Rappaport, Four Sisters (2014), p. 379.
- ↑ «Biography of Pierre Gilliard by Nick Nicholson». www.alexanderpalace.org. Consultado em 23 de janeiro de 2022
- ↑ Klier and Mingay, p. 99; Kurth, p. 105; Massie, The Romanovs, p. 172; Phenix, p. 148
- ↑ Klier and Mingay, p. 150
- ↑ a b Kurth, p. 110; Phenix, p. 153
- ↑ Page, Dwight (2021). «The Swiss and the Romanovs». Swiss American Historical Society Review at Brigham Young University. Consultado em 7 de fevereiro de 2022
- ↑ Kurth, p. 112; Massie, The Romanovs, p. 173
- ↑ «Katharine Schofield». www.tcm.com (em inglês). Consultado em 23 de janeiro de 2022
- ↑ «Alexandra Tegleva Gilliard (Shura), character in Daughter of a Soldier». www.abouttheartists.com. Consultado em 23 de janeiro de 2022
- ↑ Gage, Carolyn; Nigro, Don (2003). The Anastasia Trials in the Court of Women: An Interactive Comedy in Two Acts (em inglês). [S.l.]: Samuel French, Inc. ISBN 978-0-573-62843-6
Citações
editar- Rappaport, Helen . Quatro Irmãs: As Vidas Perdidas das Grã-Duquesas Romanov . Pan Macmillan, 2014. ISBN 978-1-4472-5935-0ISBN 978-1-4472-5935-0