Ali ibne Issa ibne Maane
Ali ibne Issa ibne Maane (Ali ibn Isa ibn Mahan - lit. "Ali, filho de Issa, filho de Maane"; antes de 775 - 03 de junho de 811) foi um proeminente líder militar iraniano do Califado Abássida ativo no final do século VIII e começo do IX, principalmente no Coração e províncias vizinhas.
Ali ibne Issa ibne Maane | |
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Nascimento | antes de 775 |
Morte | 03 de junho de 811 Rei |
Nacionalidade | Califado Abássida |
Etnia | Persa |
Progenitores | Pai: Issa ibne Maane |
Filho(a)(s) | Huceine ibne Ali |
Ocupação | General e governador |
Filiação | Bucair ibne Maane (tio)? |
Religião | Islamismo sunita |
Vida
editarAli era filho de Issa ibne Maane, um apoiante precoce dos abássidas que amotinaria após a Revolução Abássida (746–750), pelo que foi executado por Abu Muslim. Ele também poderia ser sobrinho de Bucair ibne Maane desde que o último fosse irmão de Issa como é assumido por alguns autores. Seja qual for sua ascendência, Ali aparece pela primeira vez em 779/80, ainda durante o reinado do califa abássida Almadi (r. 775–785), como comandante da guarda califal (haras). Ele então serviu como comandante da guarda do herdeiro Alhadi (r. 785–786) e continuou no posto após a ascensão do último. Sob Alhadi também ocupou os postos de secretário do departamento militar (divã al-junde), o poderoso posto de camareiro (hájibe) e diretor dos tesouros. Sob Harune Arraxide (r. 786–809) continuou a servir como comandante da guarda até 796, quando foi nomeado governador do Coração em oposição do barmécida Iáia ibne Calide.[1][2]
Como líder do abna adaulá, as tropas que compunham o núcleo do exército abássida no Iraque, antagonizou os coraçanes e oprimiu-os através de pesada tributação, com a receita revertida para a manutenção dos abna e para preencher seus próprios cofres; durante seus oito anos de mandato, ele acumulou uma vasta fortuna. Tal prolongado desgoverno fomentou a oposição dos notáveis locais, bem como intensificou a atividade dos carijitas na região, uma situação obscurecida dos olhos califais pelo fato de Ali ter compartilhado parte de sua fortuna com Harune.[3] Em 805–806, entretanto, uma grande rebelião sob Rafi ibne Alaite eclodiu em Samarcanda. Ali foi incapaz de deter as atividades rebeldes e o avanço carijita, o que requiriria a intervenção pessoal de Harune Arraxide em 808, que demitiu-o e substituiu-o por Hartama ibne Aiane.[4]
Ali permaneceu foi preso e enviado para Bagdá, onde permaneceu até a morte de Harune Arraxide em março de 809.[5] Ele então apoiou, como muitos membros da elite bagdali, o novo califa Alamim (r. 809–813) contra seu irmão Almamune, que havia recebido um grande vice-reino compreendendo o Coração. Ali foi honrado como "xeique hadiil-daulá" (shaykh hadhihi'l-dawla), colocado no comando dos assuntos de Almamune e nomeado como governador das províncias orientais em janeiro de 811, formalmente dando início à Quarta Fitna. Ali foi confiado no comando dum exército incomumente grande de 40 ou 50 mil soldados,[1] recrutado de dentre os membros do abna, que fora enviado para depor Almamune. Na Batalha de Rei de 3 de julho de 811, foi decisivamente derrotado e morto por um exército inferior numericamente liderado por Tair ibne Huceine.[5][6][7] Em março de 812, seu filho Huceine lideraria uma fracassada revolta pró-mamunida em Bagdá.[2]
Referências
- ↑ a b Crone 1980, p. 178.
- ↑ a b Sourdel 1986, p. 859.
- ↑ Kennedy 2004, p. 144-145.
- ↑ Pellat 1986, p. 231.
- ↑ a b Kennedy 2004, p. 148.
- ↑ El-Hibri 2011, p. 285.
- ↑ Rekaya 1991, p. 333.
Bibliografia
editar- Crone, Patrícia (1980). Slaves on horses: the evolution of the Islamic polity. Cambridge e Nova Iorque: Cambridge University Press. ISBN 0-521-52940-9
- El-Hibri, Tayeb (2011). «The empire in Iraq, 763–861». In: Robinson, Chase F. The New Cambridge History of Islam, Vol. 1: The Formation of the Islamic World, Sixth to Eleventh Centuries. Cambridge e Nova Iorque: Cambridge University Press. pp. 269–304. ISBN 978-0-521-83823-8
- Kennedy, Hugh N. (2004). The Prophet and the Age of the Caliphates: The Islamic Near East from the 6th to the 11th Century (Second ed. Harlow, RU: Pearson Education Ltd. ISBN 0-582-40525-4
- Pellat, Ch. (1986). «Hart̲h̲ama b. Aʿyan». The Encyclopedia of Islam, New Edition, Volume III: H–Iram. Leida e Nova Iorque: Brill. p. 231. ISBN 90-04-09419-9
- Rekaya, M. (1991). «al-Maʾmūn». The Encyclopedia of Islam, New Edition, Volume VI: Mahk–Mid. Leida e Nova Iorque: BRILL. pp. 331–339. ISBN 90-04-08112-7
- Sourdel, Dominique (1986). «Ibn Māhān». In: Bosworth, C. E.; Bearman, P. J.; Bianquis, Th.; Donzel E. van; Heinrichs, W. Enciclopédia do Islã. III: H–Iram. Leida e Nova Iorque: Brill. p. 859. ISBN 90-04-08118-6