Allyson Felix
Allyson Michelle Felix (Los Angeles, 18 de novembro de 1985) é uma velocista multicampeã olímpica e mundial norte-americana, competidora dos 100, 200 e 400 m rasos. Conquistou 31 medalhas entre Jogos Olímpicos e Campeonatos Mundiais de Atletismo, vinte e uma delas de ouro, sendo a única atleta a ganhar sete medalhas de ouro no atletismo olímpico.[1] Em sua maior especialidade, os 200 m rasos, tem uma medalha de ouro olímpica e três como campeã mundial. É também a atleta com o maior número de medalhas – 10 – conquistadas em Jogos Olímpicos.[2]
Como integrante do "Projeto Acredite", da Agência Anti-Doping dos Estados Unidos, ela se submete regularmente por conta própria a testes anti-doping, para assegurar que seu organismo é livre de drogas de aumento de performance atlética.[3]
Felix recebeu por três vezes – em 2005, 2007 e 2010 – o prestigioso Jesse Owens Award, o maior prêmio do atletismo norte-americano, criado pela USA Track & Field (USATF) em honra do velocista e campeão olímpico Jesse Owens, como Atleta do Ano. É a maior vencedora deste prêmio ao lado de Marion Jones.[4] Ela é treinada por Bob Kersee, marido e técnico da campeã olímpica e recordista mundial do heptatlo Jackie Joyner-Kersee, já afastada do atletismo.[5]
Início
editarCristã devota e filha de um pastor e professor do Novo Testamento em Sun Valley, na Califórnia,[6] seu irmão mais velho foi campeão norte-americano júnior dos 200 m, distância a que ela escolheu se dedicar na adolescência.[7] Chamada de Chicken Legs (Pernas de Galinha)[8] pelas colegas de escola, por tê-las finas sendo alta e forte, em 2003 ela recebeu o prêmio de 'Atleta do Ensino Secundário do Ano', dado pela revista especializada em atletismo Track & Field News. Neste mesmo ano, na Cidade do México, ela correu os 200 m em 22s11, o mais rápido tempo na história para uma velocista ainda em idade escolar, que apenas não foi considerado recorde mundial júnior porque o evento não tinha um teste de doping de acordo com os padrões da IAAF. O fato a transformou num fenômeno do atletismo da noite para o dia.[8]
Neste mesmo ano, ela tornou-se notícia nacional ao abrir mão da elegibilidade como atleta amadora universitária, ao assinar um contrato profissional com a Adidas. A empresa alemã se recusou a fornecer os valores do contrato e assumiu a tutoria de Felix na Universidade do Sul da Califórnia, onde ela se formaria em Educação.[9]
Carreira
editarAos 18 anos, Felix se qualificou para os Jogos de Atenas 2004, onde conquistou a medalha de prata nos 200 m, atrás da jamaicana Veronica Campbell, com o tempo de 22s18. A marca lhe deu o recorde mundial júnior para a distância.[10]
Em Helsinque 2005 ela se tornou a mais jovem campeã mundial dos 200 m, título que manteve em Osaka 2007, quando conquistou o ouro em 21s81, a primeira vez que correu a distância em menos de 22 segundos. Corredora versátil nas distâncias curtas, neste mesmo Mundial ela se tornou a segunda velocista, depois da alemã Marita Koch em 1983, a conquistar três medalhas de ouro no mesmo campeonato, ao colecionar mais dois ouros como integrante dos revezamentos 4x100 e 4x400 metros - onde sua "perna" dos 400 m foi coberta em 48s0, o tempo mais rápido já conseguido por uma norte-americana até então.[11]
Em Pequim 2008, mais uma vez ela conquistou a prata em sua distância favorita, os 200m, e novamente atrás de Campbell, mas ganhou sua primeira medalha de ouro olímpica integrando o revezamento 4x400 m com Sanya Richards, Monique Henderson e Mary Wineberg.
Durante os preparativos finais para o Campeonato Mundial de Atletismo de 2009, a ser realizado em Berlim, Allyson integrou o quarteto norte-americano que fez a melhor marca para os 4x100 m - 41s58 - em doze anos, num torneio em Cottbus, na Alemanha.[12] Em Berlim, aos 23 anos ela se tornou a primeira velocista tricampeã mundial nos 200 m rasos.[13] e ainda conquistou mais uma medalha de ouro integrando o 4x400 m. Entretanto, a obsessão de Felix era a medalha de ouro olímpica, que por duas vezes não conseguiu, e na conferência de imprensa dos medalhistas após a prova ela disse bem humoradamente à Veronica Campbell, a quem havia derrotado em Berlim mas perdido o ouro olímpico em Atenas 2004 e Pequim 2008, que trocaria suas três medalhas de ouro em mundiais por uma única medalha de ouro olímpica da jamaicana.[14]
Em 2010, Felix passou a focar mais nos 400 m e foi a primeira corredora a vencer os 200 e os 400 m na Golden League no mesmo ano. Em 2011, no Mundial de Daegu na Coreia do Sul, ela correu os 200 m, os 400 m, o 4x100 m e o 4x400 m, colecionando prata e bronze nos eventos individuais - a primeira vez desde Helsinque 2005 que não conquistou o ouro nos 200 m - e mais dois ouros nos dois revezamentos.
Em 2012, durante a seletiva norte-americana para os Jogos de Londres 2012, ela venceu os 200 m com sua melhor marca pessoal, 21s69, que a colocou como a quarta mais veloz corredora de todos os tempos nesta prova e o melhor tempo já conseguido nela em quatorze anos.
Nos Jogos Olímpicos de Londres ela disputou quatro provas, os 100 m, os 200 m e os dois revezamentos, 4x100 e 4x400 m. Quinto lugar na distância mais curta - onde conseguiu sua melhor marca pessoal, 10s89[15] - Allyson chegou à final dos 200 m novamente como favorita e novamente contra Veronica Campbell, desta vez acrescida da bicampeã olímpica jamaicana dos 100 m, Shelly-Ann Frazer. Na terceira vez em que tentou o ouro olímpico na prova de sua especialidade, ela finalmente foi bem sucedida, vencendo a prova em 21s89 e derrotando Campbell, Fraser e sua compatriota Carmelita Jeter.[16]
Dois dias depois, ela conquistou um segundo ouro, integrando o revezamento 4x100 m com Carmelita Jeter, Bianca Knight e Tianna Madison, que quebrou o recorde mundial da prova existente há 27 anos em poder do time da ex-Alemanha Oriental, quando Knight, Felix e Madison ainda nem eram nascidas, estabelecendo um novo tempo de 40s82 para a prova.[17]
Na última noite dos Jogos, ela conquistou a terceira medalha de ouro - a primeira norte-americana desde Florence Griffith-Joyner em Seul 1988 a ganhar três medalhas de ouro no atletismo na mesma Olimpíada - correndo o revezamento 4x400 m junto com Sanya Richards, DeeDee Trotter e Francena McCorory que venceu a prova em 3m16s87, a quinta melhor marca da história.[18]
Em Moscou 2013, durante a disputa da final dos 200 m rasos do Campeonato Mundial, Felix rompeu um tendão da perna direita na tomada da curva e caiu ao chão, abandonando a prova - vencida por Shelly-Ann Fraser - e saiu da pista acompanhada por médicos e carregada pelo irmão.[19]
Tricampeã mundial dos 200 m em Helsinque, Osaka e Berlim, Felix conquistou a medalha de ouro de mundial que lhe faltava nas provas individuais que disputa, vencendo os 400 m rasos em Pequim 2015, em 49.26, melhor tempo do ano.[20] Encerrou sua participação neste Mundial com uma medalha de prata no 4x400m.[21]
No início de 2016, Felix sofreu uma queda durante exercícios numa barra suspensa torcendo o tornozelo direito e rompendo vários ligamentos, passando os dias seguintes sem poder sequer andar e tendo que desistir das competições por quase todo primeiro semestre.[22] Embora ainda fora da melhor forma, participou das seletivas norte-americanas para a Rio 2016, na tentativa de conseguir classificação para ambas as provas e aumentar para seis suas medalhas de ouro em Olimpíadas, o que seria um recorde único. Nos 400 m, apesar de passar toda a primeira parte da prova no pelotão intermediário, disparou na reta final vencendo em 49.68, melhor tempo do ano.[23] Nos 200 m, porém, foi superada em cima da linha de chegada por Jenna Prandini, que ganhou a terceira posição e a última vaga no time para os 200 metros se jogando sobre a linha e derrotando Felix por 0.01s.[24]
Nos Jogos Olímpicos da Rio 2016, Felix conquistou a prata nos 400 m, perdendo para Shaunae Miller das Bahamas que também se jogou sobre a linha de chegada para derrotá-la e mais duas medalhas de ouro integrando os revezamentos 4x100 m e 4x400 m, o que a transformou na maior medalhista de ouro do atletismo na história olímpica.[1]
No Campeonato Mundial de Atletismo de 2017, em Londres, Allyson adicionou mais duas medalhas de ouro à sua coleção integrando os revezamentos 4x100 m e 4x400 m e uma de bronze nos 400 m rasos, perfazendo o recorde de 15 medalhas em campeonatos mundiais de atletismo.[25][26]
Em Doha 2019, Felix integrou o revezamento 4x400 misto, composto de duas mulheres e dois homens, na primeira vez em que esta prova foi disputada num Mundial. A equipe americana ganhou a medalha de ouro e estabeleceu o recorde mundial – aferido pela primeira vez – da prova.[27]
Em Tóquio 2020, já com 35 anos e competindo em seu quinto e último Jogos Olímpicos, disputou os 400 m rasos e o revezamento 4x100 m, tendo ganho do uma medalha de bronze e uma de ouro respectivamente, sendo a décima e décima primeira de sua carreira olímpica, ultrapassando a jamaicana Merlene Ottey e tornando-se a atleta com o maior número de medalhas conquistadas no atletismo em Olimpíadas.[2]
Ver também
editarReferências
- ↑ a b «Team USA Concludes Record-Breaking Rio 2016 Olympic Games With 121 Medals, 46 Golds». TeamUSA. Consultado em 29 de agosto de 2016
- ↑ a b «Miller-Uibo retains Olympic title to complete Bahamian 400m double». World Athletics. Consultado em 6 agosto 2021
- ↑ «US sports stars try to dim doping fears with "Project Believe"». AFP. Consultado em 18 de agosto de 2012. Arquivado do original em 6 de julho de 2008
- ↑ «Jesse Owens Award». USA Track & Field. Consultado em 18 de agosto de 2012
- ↑ MSN (2008). «Athletes > Allyson Felix > Bio». NBC Beijing Olympics 2008. Consultado em 27 de agosto de 2008
- ↑ «The Distinguishing Mark of Christianity» (PDF). tms.edu. Consultado em 18 de agosto de 2012. Arquivado do original (PDF) em 9 de junho de 2013
- ↑ «USA Junior Outdoor Track & Field Champions». USA Track & Field. Consultado em 18 de agosto de 2012
- ↑ a b «Biography». Spikes. Consultado em 18 de agosto de 2012. Arquivado do original em 15 de julho de 2008
- ↑ «USC OLYMPIANS: 1904-2010» (PDF). cstv.com. Consultado em 18 de agosto de 2012
- ↑ «World Junior Records - Women». IAAF. Consultado em 18 de agosto de 2012
- ↑ «2007 USOC Awards Announced». USTA. Consultado em 18 de agosto de 2012
- ↑ «US quartet blasts 41.58 in the 4x100 as Wlodarczyk improves to 77.20m in Cottbus». IAAF. Consultado em 18 de agosto de 2012. Arquivado do original em 10 de agosto de 2009
- ↑ «Felix, Merritt win gold at Berlin World Championships». USA Track & Field. Consultado em 18 de agosto de 2012
- ↑ «With grace comes glory for woman whose time is now». The Australian. Consultado em 18 de agosto de 2012
- ↑ «Women's 100m». london2012.com. Consultado em 18 de agosto de 2012
- ↑ «Women's 200m - Felix claims long-awaited gold». london2012.com. Consultado em 18 de agosto de 2012
- ↑ «40.82! USA shatters women's 4x100m relay World Record in London!». IAAF. Consultado em 17 de agosto de 2012
- ↑ «All-time Women's best 4x400m relay». alltime-athletics.com/. Consultado em 18 de agosto de 2012
- ↑ «Allyson Felix tears hamstring in 200-meter world championship final». Los Angeles Times. Consultado em 16 de agosto de 2013
- ↑ «400 METRES WOMEN». IAAF. Consultado em 27 de agosto de 2015
- ↑ «REPORT: WOMEN'S 4X400M FINAL – IAAF WORLD CHAMPIONSHIPS, BEIJING 2015». IAAF. Consultado em 30 de agosto de 2015
- ↑ «For her fourth Olympics, Allyson Felix wants to turn a 200-400 double play». The Washington Post. Consultado em 29 de agosto de 2016
- ↑ «Allyson Felix wins 400 meters in 49.68 at U.S. Olympic trials». Sports Illustrated. Consultado em 29 de agosto de 2016
- ↑ «Tori Bowie wins Olympic Trials 200m, Allyson Felix misses spot by .01 seconds». NBC. Consultado em 29 de agosto de 2016
- ↑ «WOMEN'S 4X100M FINAL – IAAF WORLD CHAMPIONSHIPS LONDON 2017». IAAF. Consultado em 14 de agosto de 2017
- ↑ «400 METRES WOMEN IAAF WORLD CHAMPIONSHIPS LONDON 2017». IAAF. Consultado em 14 de agosto de 2017
- ↑ «4X400 METRES RELAY MIXED». IAAF. Consultado em 30 setembro 2019
Ligações externas
editar- «Perfil de Allyson Felix» (em inglês). no site da World Athletics
- «Perfil de Allyson Felix» (em inglês). arquivado do sítio Sports-Reference.com