Almufauade
Jafar ibne Almutâmide (Ja'far ibn al-Mu'tamid), melhor conhecido por seu nome real Almufauade Ilalá (em árabe: المفوض إلى الله; romaniz.: al-Mufawwad ila-llah; lit. "Agende de Deus"), foi o filho do califa abássida Almutâmide (r. 870–892) e herdeiro-aparente do califado de 875 até seu afastamento por seu primo Almutadide (r. 892–902) em 891.
Vida
editarJafar ibne Almutâmide é atestado pela primeira vez na história de Atabari em 872.[1] Em 20 de julho de 875, Almutâmide formalmente organizou a governança do Estado e sua sucessão, Jafar, com o nome honorífico Almufauade Ilá, foi nomeado herdeiro aparente e chefe da metade ocidental do califado, enquanto o irmão de Almutâmide, Almuafaque, recebeu as províncias orientais e foi nomeado segundo herdeiro, exceto se o califa falecesse enquanto Almufauade ainda fosse jovem. Almufauade foi então responsável pela Ifríquia, Egito, Síria, a Jazira e Moçul, Armênia, Mirajancadaque e Hulvã, com Muça ibne Buga como seu representante.[2] No entanto, foi Almuafaque que manteve o poder real no Estado, e essa divisão de autoridade parece ter sido sobretudo no papel; segundo Hugh N. Kennedy, "não parece que Almufauade exerceu qualquer autoridade real".[3]
Quando Almutâmide deixou Samarra em março de 876 para liderar o exército ao sul e confrontar o exército safárida na Batalha de Dair Alacul, Almufauade foi deixado para trás para supervisionar a capital, com auxílio de Maomé Almualade.[4] Em 882/883, quando Almufauade e o poderoso governador autônomo do Egito, Amade ibne Tulune (r. 868–884), abriram conflito aberto entre si, Almufauade foi obrigado a publicamente amaldiçoar e despojar seu subordinado nominal de seus ofícios, que foram entregues ao governador de Moçul, Ixaque ibne Cundaje.[3][5] No evento, contudo, Amade prevaleceu sobre os ataques abássidas e permaneceu no comando do Egito, assim como seu filho Cumarauai (r. 884–896) fez depois dele.[6]
Em abril de 891, enquanto Almuafaque estava morrendo, uma tentativa foi feita para evitar a sucessão da regência de seu filho, Abu Alabás, Almuafaque prendeu seu filho por uma razão desconhecido, e o governador de Bagdá tentou assegurar que ele não seria libertado, e secretamente trouxe o califa e Almufauade à cidade para capitalizar sobre a iminente morte de Almuafaque. A tentativa falhou devido ao apoio que Abu Alabás gozava entre a população e o exército: Abu Alabás foi libertado pelas tropas, a casa do governador foi saqueada pela multidão, e em 4 de junho, dois dias após a morte de Almuafaque, o juramento de fidelidade foi renovado, incluindo Abu Alabás, agora sob o título de Almutadide Bilá, como segundo herdeiro depois de Almufauade.[3][7] Finalmente, em 30 de abril de 892, Almufauade foi removido da sucessão,[8] e quando Almutamide morreu em outubro, ele foi sucedido por Almutadide (r. 892–902).[3]
Referências
- ↑ Waines 1992, p. 148.
- ↑ Waines 1992, p. 166–167.
- ↑ a b c d Kennedy 1993, p. 765–766.
- ↑ Waines 1992, p. 169ff.
- ↑ Fields 1987, p. 97–98.
- ↑ Bonner 2010, p. 322, 323, 335.
- ↑ Fields 1987, p. 176.
- ↑ Fields 1987, p. 166–169.
Bibliografia
editar- Bonner, Michael (2010). «The waning of empire, 861–945». In: Robinson, Charles F. The New Cambridge History of Islam, Volume I: The Formation of the Islamic World, Sixth to Eleventh Centuries. Cambrígia: Imprensa da Universidade de Cambrígia. pp. 305–359. ISBN 978-0-521-83823-8
- Fields, Philip M., ed. (1987). The History of al-Ṭabarī, Volume XXXVII: The ʿAbbāsid Recovery. The War Against the Zanj Ends, A.D. 879–893/A.H. 266–279. Albany, Nova Iorque: Imprensa da Universidade Estadual de Nova Iorque. ISBN 0-88706-053-6
- Kennedy, Hugh N. (1993). «al-Muʿtamid ʿAlā 'llāh». In: Bosworth, C. E.; van Donzel, E.; Heinrichs, W. P.; Pellat, Ch. The Encyclopedia of Islam, New Edition, Volume VII: Mif–Naz. Leida: Brill. p. 765–766. ISBN 90-04-09419-9
- Waines, David (1992). The History of al-Ṭabarī, Volume XXXVI: The Revolt of the Zanj, A.D. 869–879/A.H. 255–265. Albany, Nova Iorque: Imprensa da Universidade Estadual de Nova Iorque. ISBN 0-7914-0764-0