Alpedriz
Alpedriz é uma povoação portuguesa do Município de Alcobaça, região Oeste e distrito de Leiria, que foi sede da Freguesia de Alpedriz, freguesia que tinha 16,17 km2 de área e 777 habitantes (2011), e, por isso, uma densidade populacional de 48,1 hab/km2.
Alpedriz
| |
---|---|
Freguesia portuguesa extinta | |
![]() | |
Localização | |
Localização de Alpedriz em | |
Mapa de Alpedriz | |
Coordenadas | 39° 37′ 45″ N, 8° 57′ 00″ O |
Município primitivo | Alcobaça |
Município (s) atual (is) | Alcobaça |
Freguesia (s) atual (is) | Cós, Alpedriz e Montes |
História | |
Extinção | 2013 |
Características geográficas | |
Área total | 15,50 km² |
População total (2011[1]) | 777 hab. |
Densidade | 50,1 hab./km² |
Outras informações | |
Orago | Nossa Senhora da Esperança |
A Freguesia de Alpedriz foi extinta (agregada) em 2013 no âmbito duma reforma administrativa nacional, tendo sido agregada às freguesias de Cós e Montes, para formar uma nova freguesia denominada União das Freguesias de Cós, Alpedriz e Montes, com sede em Cós.[2]
Alpedriz foi vila e sede de concelho até ao início do século XIX. Este era constituído por uma freguesia e tinha, em 1801, 804 habitantes.
População
editarPopulação da freguesia de Alpedriz [3] | ||||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
1864 | 1878 | 1890 | 1900 | 1911 | 1920 | 1930 | 1940 | 1950 | 1960 | 1970 | 1981 | 1991 | 2001 | 2011 |
898 | 965 | 1 011 | 1 103 | 1 227 | 1 317 | 1 447 | 1 633 | 1 852 | 1 786 | 1 558 | 1 519 | 814 | 849 | 777 |
Em 1989 deu origem à freguesia de Montes.
História
editarAlpedriz é uma antiga Vila no litoral centro, cujo nome, incerto; se crê do baixo-latim petrinea, 'pedrinha', talvez com a junção moçarabe do prefixo *al- resultado da posterior presença moura.[4] Do mesmo topónimo em Portugal, existem Alpedrinha, Alpedrede e Alpedreirinha. Há diversos mitos populares quanto ao nome, um deles que a vila teria sido fundada pelos mouros em meados do século IX, derivando de duas palavras: ABI+DRIZ (supostamente 'Pai de Driz'). Improvavel porque nem 'Abi' corresponde a 'Aba' (do antigo Acádio 'Āḇu'), que significa pai na maioria das linguas semíticas, nem "Driz" é um nome árabe. Além disso, e apesar de se saber que o Rei Afonso Henriques dali expulsou os mouros em 1147, estes não deixaram qualquer sinal da sua permanência. Dos tempos Suevos e Visigodos também não foi encontrado qualquer legado, embora se saiba que ambos estes povos germânicos se fixaram nesta região e em Leiria que dista 25 km, onde deixaram numerosos vestígios. Essa herança deixa outra possibilidade quanto a toponímia ou segundo uma versão Galega, a antroponímia; do local que poderá ser Sueva ou Visigótica, derivada do nome Godo ‘Alperiz’ do antigo ‘Elpericus’ (combinação esta de Hilp + ric) [5] com provável hipercorreção do Latim ‘Pero ou Pedro’ como aponta a hipótese Galega. O nome pedrinha indicaria a vila em si remontando no mínimo aos tempos romanos, de cuja época há um grande número de testemunhos em todo o antigo município, incluindo nos Montes onde devido às colinas ensoleiradas, o vinho era cultivado. A ponte mais antiga de Alpedriz foi construída nas ruínas da ponte Romana no rio d'Areia, que era atravessada pela estrada Romana passando por 'Colipo' '(atual São Sebastião do Freixo, Leiria), e ligava as cidades de Eburobrício '(atual Óbidos) e 'Conímbriga' (atual Coimbra).
Sem se saber o nome pré-Romano, foram encontrados restos humanos num túmulo na 'Ribeira do Pereiro' remontando ao Neolítico, supondo-se assim, e à semelhança de inúmeras outras povoações nesta zona; que estes foram os ancestrais dos habitantes celtibéricos, nomeadamente os Galaicos e/ou Túrdulos Velhos. Estes humanos muito antigos eram inicialmente semi-nómadas. Dependiam dos elementos e recursos naturais para sobreviver e defender-se; tais como a localização geográfica e topografia (Alpedriz encontra-se abrigada, a meio-caminho entre o oceano Atlântico e zonas montanhosas como a Serra dos Candeeiros), ribeiras e cursos de água, vegetação, floresta, solo fértil que lhes daria fácil acesso à caça, pesca, bagas e frutos silvestres, pastorícia e agricultura rudimentar.
Pertenceu à ordem militar de Avis como sede duma Comenda desta Ordem por doação do rei Sancho I (razão pela qual Alpedriz nunca terá dependido dos Coutos do Mosteiro de Alcobaça).
O rei Manuel I, em 20 de Março de 1515 deu-lhe Foral Novo, como consta o respectivo livro, folhas 160 e seguintes. Uma cópia do mesmo foral foi obtida da Torre do Tombo por intermédio do filho desta terra o Abílio Moniz Barreto.
Como um dos restos do passado de prestígio, existe um velhíssimo Pelourinho, que estava localizado no meio dum largo em frente da chamada Capela do Santíssimo, e é no lugar dessa Capela que hoje está instalado o referido Pelourinho. Este data dos finais do século XV, periodo em que tal como nas outras vilas dos vizinhos Coutos de Alcobaça foi realizada sob o rei Manuel I (1469-1521) a chamada reforma urbana geral. Manuel I cumpriu a promessa de mais independência aos monges e priores, e concedeu-lhes os seus próprios tribunais inferiores. O pelourinho foi parcialmente preservado, após ter sido vandalizado duas vezes (em 1973 e 1992). A vila possuiu também um Tribunal, um Hospital de Pobres e uma prisão privada com direitos garantidos por bulas papais. Foi sede de concelho (extinto em Novembro de 1836) e gozava então de privilégios dos Caseiros da Ordem e ainda outros benefícios, entre os quais o de direito a asilo. Alpedriz tinha 2 Vereadores, um Procurador Escrivão da Câmara, um Notário do Judicial e um Juiz Ordinário; o último dos quais foi José Moniz Barreto.
Nas dependências da referida Capela, e ao nível do 1.° andar funcionou a escola primária, onde o António Moniz Barreto de Figueiredo iniciou as suas funções em 1890. Dizia ele que esta escola era de fundação Pombalina, e o mesmo Professor fez dela um famoso centro cultural, atraindo aqui muitos alunos de todas as freguesias circundantes que iam fazer exame a Leiria. Chegaram a estar hospedados em Alpedriz, alunos da Martingança e Maiorga. Durante as Invasões Napoleónicas a vila foi ocupada pelas tropas do General Junot tendo-se as populações locais refugiado nos pinhais e bosques circundantes. Na mesma capela e suas dependências, esteve aquartelada uma guarnição militar Francesa que foi derrotada nas Linhas de Torres Vedras pelas tropas do Exército Anglo-Luso. A sala das aulas passou a ser sede da Junta de Freguesia depois da escola, por excesso de frequência ter mudado para uma sala da casa Vieira da Rosa, sita nesta rua. Conjuntamente com a Junta de Freguesia funcionou, na mesma sala, o Tribunal do Juizado de Paz de que foi seu último Juiz, o Professor atrás citado.
O Papa João XXI cujo nome à nascença era Pedro Julião Rebolo (1205-1277), foi um filho ilustre desta vila; embora a sua origem seja muitas vezes atribuída a Lisboa. [6]
Património
editarReferências
- ↑ «População residente, segundo a dimensão dos lugares, população isolada, embarcada, corpo diplomático e sexo, por idade (ano a ano)». Informação no separador "Q601_Centro". Instituto Nacional de Estatística. Consultado em 1 de Março de 2014. Cópia arquivada em 4 de dezembro de 2013
- ↑ Diário da República, 1.ª Série, n.º 19, Lei n.º 11-A/2013 de 28 de janeiro (Reorganização administrativa do território das freguesias). Acedido a 2 de fevereiro de 2013
- ↑ Instituto Nacional de Estatística (Recenseamentos Gerais da População) - https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_publicacoes
- ↑ Alpedrinha in Toponímia [em linha] Porto: Porto Editora, 2003-2015. [consult. 2015-03-03 11:04:34]. Disponível na Internet: http://www.infopedia.pt/dicionarios/toponimia/Alpedrinha
- ↑ HELP-: "Ayuda, Auxilio" Nombres de Persona en Galicia: Elpandus 0, Elpericus 2. En Cataluña: - En los Países Bajos: Helprad. *helpan, germ., st. V.: nhd. helfen [got., an., ae., afries., anfrk., as., ahd.] Topónimos: Alperiz (2, 0) < *(villam) *Elperici: de Elpericus (Hilp + ric) En Portugal: Alpande y Alpedriz, probable hipercorreción (por Pero -> Pedro), y proveniente por tanto de un *Alperiz
- ↑ Seite der Gemeinde Alpedriz unter: População, Freguesia de Alpedriz - Alcobaça Arquivado em 2012-07-19 na Archive.today (Português)</ No século XIX, o rei Carlos I (1863-1908), concedeu a José Eugénio da Silva, também aqui nascido, e como recompensa pelos seus relevantes serviços no Brasil; o título de 'Visconde de Alpedriz'. lado da comunidade Alpedriz em: População, Freguesia de Alpedriz - Alcobaça Arquivado em 2012-07-19 na Archive.today (Português)