O Arco da Memória está localizado na Serra dos Candeeiros na freguesia Arrimal-Mendiga, mandado construir pelos monges de Cister para marcar os coutos doados por D. Afonso Henriques. Este arco mantém-se até aos dias de hoje, para testemunhar os limites territoriais dos concelhos de Porto de Mós e de Alcobaça. Foi várias vezes a concurso para ser classificado como imóvel de interesse público municipal, mas o resultado poderá ser classificado em breve.

Foto do Arco da Memória na sua totalidade.

História

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Na subárea, da freguesia do Arrimal, designada por Memória, existe um arco triunfal que é um dos ex-libris da freguesia e é denominado por Arco da Memória que, segundo a tradição a ereção deste monumento devesse ao voto do primeiro Rei de Portugal D. Afonso Henriques aquando da sua passagem por estas terras a caminho de Santarém terá feito a promessa ao Frei Bernado que o acompanhava de doar todas as terras que dali se avistavam até ao mar; aos monges da ordem de S. Bernardo, em ação de graças pelas vitórias alcançadas contra os mouros, desde Guimarães até ali; diz-se que este voto foi feito em uma quinta-feira, 27 de Setembro de 1147.

Características

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              È feito em cantaria (pedra branca), tem 4 metros de altura, 3,62 metros de largura e tem 103 cm de espessura.

Em cima e entre duas grossas pirâmides, estava a estátua em bronze do fundador esta estátua está desaparecida muitos anos. Muito se tem dito acerca do seu paradeiro presumivelmente em Leiria mas aí estátua, esta em pedra que pertencia ao Arco da Memória da povoação com o mesmo nome e que hoje se encontra em Leiria. No colo da cimalha existia a seguinte inscrição: «O Santo rei D. Afonso Henriques, fundador de Alcobaça.».

Inscrição Nascente

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Na parte lateral do arco do lado do nascente encontra-se outra inscrição, que atualmente e devido aos agentes erosivos se encontra bastante sumida mas que é conhecida porque o pároco da freguesia de Nossa Senhora dos Prazeres, de Aljubarrota a mencionou na sua Memória Paroquial, em 1758: HIC SCALABIM EXPUGNATURUS ALFONSUS PRIMUS PORTUGALIAE REX VOTUM VOVIT QHRISTO BATURUM SE ORDINI CISTERCHENSI CUNCTA, QUAE OCULUS CERNERE POTEST DECURRENTIBUS AQUIS IN MARE, SI MERITIS DIVI. PATRIS BERNARDI FRETUS, URBEM CAEPISSET. QUOD DUM PATER SANCTIS SUIS, SUORUMQUE ORATIOMIBUS OBTINET, REX PROMISSA  ADIMPLE. T . SURGIT ALCOBATIAE REGALE CAENOBIUM, CUJOS PRINCIPATUS HIC IN ORA MARITIMA TERMINUM HABET. GESTA SUNT HAEC OMNIA ANNO DOMINI MCXLVII. DECIMO TERTIO IDIBUS MAII. / XIII. IDVS MAI. - (Indo o rei D. Afonso o primeiro de Portugal para ganhar Santarém, fez neste próprio lugar um voto a Cristo de dar tudo quanto via com os olhos até ao mar à Ordem de Cister, se ajudado com os merecimentos de N. P. S. Bernardo ganhasse a vila. E alcançando-lhe o Santo o que pedia cumpriu o voto o rei de onde resultou a fundação do real mosteiro de Alcobaça; o senhorio do qual, começa deste lugar e se acaba na praia do mar. Aconteceram estas coisas todas, no ano do Senhor de 1147 a treze de Maio em uma quinta-feira).

Este voto é considerado apócrifo e inventado pelos frades de Alcobaça para dilatarem o seu território. Porem, as fontes donde provém a dúvida (ou certeza) sobre esta inscrição não merecem maior crédito. Após 1834, com o advento de um certo liberalismo e que no caso pendente viria a ser corporizado num ódio vesgo aos monges de Alcobaça. Por parte de alguns historiadores locais, o voto é terminantemente negado e a origem do monumento exclusivamente atribuída a um artifício para alargamento de domínio territorial. Pode acontecer até que ambas as partes mintam: frades e historiadores.

Inscrição Poente

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A outra inscrição encontra-se do lado do poente e é mais recente, dizendo respeito á reconstrução deste monumento Arrimalense, pelo Rei D. Miguel o qual tinha sido derrubado após a revolução de 1820 pelo povo de Aljubarrota em conflito com o Mosteiro de Alcobaça, a inscrição é a seguinte: «REEDIFICADO POR MANDADO DOMVITO ALTO E PODEROZO REI, O SENHOR D. MIGVEL PRIMEIRO, NO ANNO DE 1830.TRECEIRO DO SEU FELIS REINADO.».

Em Maio de 2014 a cantaria do Arco foi limpa e foram reparadas algumas anomalias provocadas por atos de vandalismo. Esta reparação foi levada a cabo pelo CEI da Universidade de Évora.


Polémica do Arco da Memória        

A pose do Arco pela freguesia do Arrimal nem sempre foi pacífica e para lembrar alguma dessa polémica gerada no “Portomosense” em torno dos escritos de João Matias em 1983 e de Alpoim de Almeida Ribeiro em 1992 e 1993.

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Em 26 de Maio de 1983, João Matias escrevia sobre este ex-libris da freguesia do Arrimal, que havia ido visitar o monumento e encontrou deitado no chão “o marco divisório dos Concelhos de Porto de Mós e de Alcobaça, cuja extrema passa a menos de um quilómetro.”

Explicava o  articulista o marco havia sido arrancado do lugar onde estava implantado e trazido para ali e procurou explicações e informaram-no de haver “por parte de algumas pessoas da área limítrofe do concelho de Alcobaça, interesse em conseguir pretextos para poder afirmar que o arco da memória se situa em território alcobacense e não Portomosense.”

Já em Agosto de 1992, Alpoim Almeida Ribeiro, escrevia no jornal o Portomosense que o povo de Alcobaça reclamava há alguns anos a posse do Arco da Memória, mas ele estava na posse de uma carta geográfica, datada de 1969, que comprova “ser verdade o referido Arco da Memória se encontrar em terras de Arrimal e não em Évora de Acobaça.” Dizia este Senhor, que no dia 14 do mesmo mês encontrou lá um festival de folclore concelhio de Alcobaça e que as pessoas deste concelho diziam para “as pessoas de Arrimal que aquele local nunca lhes pertencera, mas sim a Évora de Alcobaça e até receberam os arrimalenses como forasteiros de 2ª classe”. Disse ainda que alertou as autoridades de Arrimal e Porto de Mós. Alpoim Almeida Ribeiro publicou mais três artigos no Portomosense, em 22/10/92, 6/1/93 e 11/6/93 onde esclarecia a posse do Arco da Memória pela freguesia de Arrimal e justificava isso mesmo.

No primeiro pedia justiça ao presidente da Câmara, uma vez que “o povo de Arrimal pensa e exige que a Câmara defenda todo o seu património”.

No segundo, refere que tem em sua posse escrituras de fazendas inscritas na matriz de Porto de Mós “que estão muito para lá do Arco da Memória”.

No terceiro apela às autoridades concelhias e regionais que o coloquem nos mapas turísticos da região.

Também o arrimalense Carlos Henriques, em Janeiro de 1993 se manifestou no mesmo jornal, para que se resolvesse o assunto com bom senso, antes que houvesse ali uma tragédia.

Por fim e como sanar da questão, o Arco da Memória apareceu nas cartas dos PDM`s, primeiro de Porto de Mós e depois de Alcobaça, como sendo pertença sua. Depois de reclamado o erro, por Porto de Mós parece que tudo foi resolvido e ficou somente nas cartas de Porto de Mós.

No seguimento desta polémica o Alpoim criou em 05 de Agosto de 2000 o “Núcleo de Amigos do Arco da Memória de Arrimal” e passou-se a organizar todos os anos um convívio no local.

Todos os anos o grupo dos Amigos do Arco da Memória realiza um convívio que é organizado pelo Alpoim Almeida Ribeiro.

Referências

Ligações externas

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