Arlindo Cruz
Arlindo Domingos da Cruz Filho (Rio de Janeiro, 14 de setembro de 1958) é um músico e compositor brasileiro de samba e pagode. Inicialmente conhecido como compositor, com o tempo passou a cantar suas próprias composições e adquiriu certa relevância como integrante do grupo Fundo de Quintal, no qual permaneceu até 1993.
Arlindo Cruz | |
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Arlindo na Roda de Boteco 2016.
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Nome completo | Arlindo Domingos da Cruz Filho |
Nascimento | 14 de setembro de 1958 (66 anos) Rio de Janeiro, RJ |
Nacionalidade | brasileiro |
Cônjuge | Babi Cruz (c. 2012) |
Filho(a)(s) | Arlindinho |
Ocupação | |
Carreira musical | |
Período musical | 1981–2017 |
Gênero(s) | |
Instrumento(s) |
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Gravadora(s) | Universal Music |
Website | www |
Irmão do também compositor Acyr Marques, Arlindo iniciou sua carreira em 1981 em rodas de samba do Cacique de Ramos, ao lado de artistas como Jorge Aragão, Beto sem Braço e Almir Guineto. Cruz tornou-se célebre por suas composições, gravadas por diversos artistas na década de 1990. Com o sambista Sombrinha, lançou cinco álbuns, entre 1996 e 2002.
Em 2017, juntou-se ao filho Arlindinho para o projeto Pagode 2 Arlindos. Contudo, em março do mesmo ano, sofreu um acidente vascular cerebral hemorrágico que o manteve internado e causou complicações que paralisaram sua carreira artística. Desde então, Arlindo Cruz passa por diversos tratamentos para tentar reverter o quadro causado pelo AVC.
Arlindo venceu mais de vinte e seis prêmios, incluindo o 26.º Prêmio da Música Brasileira, e ganhou dezenove disputas de samba-enredo pelas escolas Império Serrano, Acadêmicos do Grande Rio, Unidos de Vila Isabel e Leão de Nova Iguaçu.
Biografia
editarInfância
editarArlindo nasceu às 8h10min de 14 de setembro de 1958 no Rio de Janeiro, filho de Aracy Marques da Cruz e Arlindo Domingos da Cruz, irmãos por parte de pai.[1] O cantor teve seu primeiro contato com a música por meio de seus pais e seu tio; Aracy tocava pandeiro, Arlindo Domingos da Cruz tocava cavaquinho e o tio tocava violão.[2] Aos sete anos, o menino ganhou o primeiro cavaquinho. Empolgado com o instrumento, esperava ansioso o pai chegar do trabalho para aprender a tocar. Aos doze já tirava muitas canções de ouvido, e, como seu irmão, Acyr Marques, aprendia violão.[3]
Estudos e início como profissional
editarEntrou para a escola Flor do Méier, onde estudou teoria, solfejo e violão clássico por dois anos. E já nessa época começou a trabalhar profissionalmente como músico, fazendo rodas de samba com vários artistas, inclusive Candeia. Com ele, gravou seus primeiros discos, um compacto simples, pela gravadora Odeon, e um LP chamado Roda de Samba (hoje encontrado em CD). Em ambos tocou cavaquinho. Ao completar 15 anos foi estudar em Barbacena, Minas Gerais, na escola preparatória de Cadetes do Ar, mas não abandonou a música. Cantava no coral da escola.[4]
Carreira
editar1981–93: Início solo e Fundo de Quintal
editarGanhou festivais em Barbacena e Poços de Caldas. Quando deixou a Aeronáutica, passou a frequentar a roda de samba do Cacique de Ramos. Ia todas as quartas-feiras, aprender ao lado de Jorge Aragão, Beth Carvalho, Beto sem Braço, Ubirany e Almir Guineto. Outros jovens seguiam o mesmo caminho, entre eles, Zeca Pagodinho e Sombrinha - que viria a ser seu parceiro. Logo no primeiro ano de Cacique, teve doze canções gravadas por vários intérpretes. A primeira delas foi "Lição de Malandragem". Depois vieram outros sucessos, como "Grande Erro" (Beth Carvalho), "Novo Amor" (Alcione) e outros. Com a saída de Jorge Aragão do Fundo de Quintal, Arlindo Cruz foi convidado a participar do Grupo.[5] Foram, então, 12 anos de trabalho. Neste período, gravou com muitos artistas do pagode e deu as canções Seja sambista também, Só Pra Contrariar, Castelo de Cera, O Mapa da Mina e outras ao Fundo de Quintal.[6]
1993–2017: Carreira solo
editarEm 1993, Arlindo sai do Fundo de Quintal para seguir carreira solo.[7] No mesmo ano, lança Arlindinho, seu primeiro álbum solo, que contava com doze faixas, foi lançado pelo selo Line Records, produzido por Milton Manhães e disponibilizado nas lojas no formado de disco de vinil.[8] O álbum Batuques do Meu Lugar, lançado em 2013, foi indicado à categoria de Melhor Álbum de Samba do Prêmio Contigo! MPB FM de Música 2013.[9]
Em meados de 2009, é lançado o DVD e CD duplo MTV ao Vivo Arlindo Cruz (Deckdisc).[10] Gravado em São Paulo, o projeto já era desejado por Arlindo Cruz desde sua participação no clipe de "Dor de Verdade" (de Marcelo D2) e a gravação do acústico do cantor Zeca Pagodinho. Arlindo ainda afirmou que, mesmo sabendo que a MTV não é uma emissora de música brasileira, ficou satisfeito com os resultados.[11]
Em 2015, ganhou o 26º Prêmio da Música Brasileira na categoria Melhor Músico de Samba.[12]
2017–presente: AVC e afastamento da carreira artística
editarEm 17 de março de 2017, o compositor sofre um acidente vascular cerebral.[13] O estado de saúde do músico era grave, porém estável.[14] O fato ocorreu quando Arlindo Cruz se preparava para viajar a São Paulo, onde faria um show na cidade de Osasco, com seu filho, no projeto "pagode 2 Arlindos".[15] Três anos após a enfermidade, Arlindo voltou a falar algumas palavras, demonstrando uma melhora significativa de seu quadro inicial.[16]
Em 14 de setembro de 2018, no dia do aniversário de sessenta anos de Arlindo, o filho do músico, Arlindinho, realizou uma apresentação especial no Vibra São Paulo (anteriormente chamado de Credicard Hall, Citibank) em São Paulo.[17] O show teve participação especial de Xande de Pilares, Turma do Pagode, Leandro Lehar, Belo, Leci Brandão e outros.[18]
Vida pessoal
editarArlindo é casado desde 2012 com a empresária e produtora Babi Cruz, com quem mantém uma união há mais de 26 anos. Em maio de 2022, dez anos depois do matrimônio, fizeram a renovação dos votos para cerca de sessenta pessoas no Rio de Janeiro.[19] O cantor é pai do músico Arlindo "Arlindinho" Domingos da Cruz Neto e de Flora Cruz.[20]
Saúde
editarEm 17 de março de 2017, Arlindo Cruz sofreu um acidente vascular cerebral durante o banho e caiu sobre a banheira de sua casa. Conforme sua esposa, o cantor pesava cento e quarenta quilos tinha péssimos hábitos, como a alimentação ruim e o uso de drogas, presente em sua vida desde a época de escola.[21] Arlindo foi internado na Casa de Saúde São José e em maio de 2017, já havia perdido trinta quilos, além de ter a metade esquerda do corpo paralizada e se alimentar por sonda.[22] Em julho de 2018, recebeu alta e passou a se recuperar em casa.[23] Em 2022, foi internado mais uma vez para passar por uma broncoscopia.[24] Em julho de 2023, ficou internado por vinte e um dias para tratar uma pneumonia.[25] Em abril de 2024, foi internado para tratar uma infecção respiratória,[26] recebendo alta quinze dias depois.[27] Desde 2022, Arlindo Cruz faz um tratamento à base de óleo de cannabis.[28]
Prêmios e indicações
editarEntre 2001 e 2016, Arlindo foi indicado a diversos prêmios e venceu vários deles. O cantor foi indicado cinco vezes ao Grammy Latino, não ganhando nenhuma.[29] Em 2009, foi indicado ao MTV Video Music Brasil nas categorias de melhor show e melhor artista de samba.[30] Foi também indicado ao Prêmio da Música Brasileira pela categoria de melhor cantor de samba duas vezes (2015 e 2016), das quais venceu a primeira.[31][32] Arlindo Cruz venceu quatro vezes o prêmio Estandarte de Ouro, em 2001, 2006, 2012 e 2013.[33][34][35][36][37]
Discografia
editarCarreira solo
editar- Arlindinho (1993)
- Pagode do Arlindo (2003)
- Sambista Perfeito (2007) (30.000)
- MTV ao Vivo Arlindo Cruz (2009) (CD 100.000) (DVD 60.000)
- Batuques e Romances (2011) (30.000)
- Batuques do Meu Lugar (2012) (CD 25.000) (DVD 25.000)
- Herança Popular (2014) (20.000)
- Na Veia (com Rogê) (2015) (2.000)
- 2 Arlindos (com Arlindinho) (2017) (5.000)
Com Sombrinha
editar- Da Música (1996) (60.000)
- Samba é nossa cara (1997)
- Pra ser Feliz (1998)
- Ao Vivo (2000)
- Hoje Tem Samba (2002)
Com Fundo de Quintal
editarComposições
editarArlindo Cruz dedicou os primeiros anos de sua carreira à composição. Dentre as músicas por ele escritas, tem-se "Bagaço de Laranja", "Casal Sem Vergonha", "Dor de Amor" e "Quando eu te vi Chorando" (gravadas por Zeca Pagodinho); "Jiló com Pimenta", "Partido Alto Mora no meu Coração" e "A Sete Chaves" (gravadas por Beth Carvalho); e "Pra ser Minha Musa" e "Onde Está" (gravadas por Reinaldo).[6]
Disputas de sambas de enredo
editarEntre 1989 e 2016, o cantor concorreu nas eliminatórias de samba enredo de várias escolas, principalmente de sua escola de samba preferida, o Império Serrano. A primeira vitória foi em 1989, no enredo Jorge Amado, Axé Brasil.[38] Arlindo emplacou os hinos imperianos em 1996 e 1997, quando a escola acabou caiu para o Grupo de Acesso A. Arlindo ainda venceria na Serrinha em 1999, 2001 - samba que ganhou o Estandarte de Ouro do jornal O Globo, 2003, 2006 e 2007. Arlindo concorreu em 2008 pela primeira vez em outra escola. Ele venceu na Grande Rio no enredo Do Verde de Coari Vem Meu Gás, Sapucaí!. Desde que começou a disputar nas eliminatórias, Arlindo Cruz já venceu oito vezes. Além de ter ganho na Vila Isabel e de ter encomendado, duas vezes, na Leão de Nova Iguaçu.[39]
Ano | Agremiação | Título | Resultado | Ref. |
---|---|---|---|---|
1989 | Império Serrano | "Jorge Amado, Axé Brasil" | Venceu | [40] |
1993 | "Império Serrano, Um Ato de Amor" | Venceu | [41] | |
1996 | "E verás que um filho teu não foge à luta" | Venceu | [42] | |
1997 | "O mundo dos sonhos de Beto Carreiro" | Venceu | [43] | |
1999 | "Uma rua chamada Brasil" | Venceu | [44] | |
2001 | "O Rio corre pro mar" | Venceu | [45] | |
2003 | "E onde houver trevas... que se faça a luz!" | Venceu | [46] | |
2006 | "O Império do Divino" | Venceu | [47] | |
2007 | "Ser Diferente é Normal - O Império Serrano Faz a Diferença no Carnaval" | Venceu | [48] | |
2008 | Grande Rio | "Do verde de Coarí, vem meu gás, Sapucaí!" | Venceu | [49] |
2010 | "Das arquibancadas ao camarote número 1, uma Grande Rio de emoção, na Apoteose do seu coração" | Venceu | [50] | |
2012 | Império Serrano | "Dona Ivone Lara: O enredo do meu samba" | Venceu | [51] |
Vila Isabel | "Você Samba lá...que eu sambo cá! O canto livre de Angola" | Venceu | [52] | |
2013 | "A Vila canta o Brasil, celeiro do mundo - "Água no feijão que chegou mais um"" | Venceu | [53] | |
Leão de Nova Iguaçu | "Filho de mestre... Mestre Andrezinho é a eterna estrela do samba" | Venceu | [54] | |
2014 | Vila Isabel | "Retratos de um Brasil plural" | Venceu | [55] |
Leão de Nova Iguaçu | "Quero ver quem não vai se embalar... Babi Cruz, A verdadeira majestade da passarela!" | Venceu | [56] | |
2015 | Império Serrano | "Poemas aos peregrinos da fé" | Venceu | [57] |
2016 | "Silas canta Serrinha" | Venceu | [58] |
Referências
- ↑ Cardoso, Duljacy Espirito Santo (26 de setembro de 1958). «Talão de nascimento de Arlindo Domingos da Cruz Filho». Registro Civil do Estado do Distrito Federal. Consultado em 17 de setembro de 2024
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Ligações externas
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