Nota: Para outros significados, veja Artaxes.

Artaxes III (em grego: Αρτάξης; romaniz.: Artáxēs)[1] ou Artaxer[2] (Αρταξηρ; em persa médio: 𐭠𐭥𐭲𐭧𐭱𐭲𐭥; romaniz.: Ardaxšīr; 621 - 27 de abril de 630) foi o do Império Sassânida de 6 de setembro de 628 a 27 de abril de 630.

Artaxes III
Rei de reis de arianos e não-arianos
Artaxes III
Efígie de Artaxes num dracma de seu reinado.
xá do Império Sassânida
Reinado 6 de setembro de 628 – 27 de abril de 630
Antecessor(a) Cavades II
Sucessor(a) Sarbaro
 
Nascimento 621
Morte 27 de abril de 630
Sepultado em Mesena
Dinastia sassânida
Pai Cavades II
Mãe Anzoi
Religião Zoroastrismo

Artaxes (Αρτάξης, Artáxēs), Adeser (Αδεσήρ, Adesēr), Artaxer (Αρταξηρ, Artaxḗr), Artaxares (Αρταξάρης, Artaxárēs), Artaser (Αρτασήρ, Artasḗr), Artasires (Αρτασείρης, Artaseírēs), Artaxas (Αρτάξας, Artáxas) e Artaxias (Αρταξίας, Artaxías) são as formas gregas[3] do parta e persa médio Ardaxir ou Artaxir (𐭠𐭥𐭲𐭧𐭱𐭲𐭥, Ardaxšīr ou Artaxšīr)[4] e do armênio Artaxir (Արտաշիր, Artašir)[5] e Artaxes (Արտաշէս, Artašēs; surgido da forma não atestada *Artašas).[3] Esses nomes derivam do persa antigo Artaxaça (𐎠𐎼𐎫𐎧𐏁𐏂𐎠, Artaxšaçā) ou o iraniano antigo Artaxatra (*R̥ta-xš-ira-),[4] que significa "cujo reinado é através da verdade".[6] Sua grafia em persa antigo também foi helenizada e latinizada como Artaxerxes (Αρταξέρξης, Artaxérxēs).[3]

Antecedentes

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Dracma de Cavades II (r. 628)

Artaxes era filho do xá Cavades II (r. 628) e Anzoi, que era uma princesa do Império Bizantino,[7] o que tornou Artaxes menos popular entre os iranianos, que recentemente estiveram em uma longa e devastadora guerra contra os bizantinos.[8] Em 628, uma praga devastadora se espalhou pelo oeste do reino, matando metade da população, incluindo o próprio Cavades.[9]

Reinado

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Após a morte de Cavades, os bozorgãs elegeram-no como seu sucessor, mas tinha só sete anos. Na realidade, porém, exercia pouco poder e seu império era controlado pelo vizir Ma-Adur Gusnaspe, cujo dever era proteger o império até que o xá tivesse idade suficiente para governar. O historiador iraniano Tabari diz o seguinte sobre a administração por Ma-Adur: "executou a administração do reino de forma excelente, [e com tal] conduta firme, [que] ninguém teria conhecimento da juventude de Artaxes III."[10] Durante o mesmo período, um irmão de Ma-Adur chamado Narsi, recebeu Cascar como parte de seus domínios.[11] No entanto, mesmo sob um forte vizir, as coisas ainda pareciam sombrias no Irã; O faccionalismo aumentou muito, e várias facções poderosas que surgiram durante o reinado do avô de Artaxes, Cosroes II (r. 590–628), ganharam firme controle de partes importantes do país, enquanto o Estado era menos centralizado do que sob os predecessores. Sua ascensão foi apoiada pelas facções pálave (parta), parsigue (persa) e ninruzi.[12] No entanto, em algum momento de 629, os ninruzis retiraram seu apoio e começaram a conspirar com o distinto general Sarbaro para derrubá-lo. Os pálaves, sob seu líder Farruque Hormisda da Casa de Ispabudã, respondeu apoiando a tia de Artaxes, Borana, que posteriormente começou a cunhar moedas nas áreas pálaves de Amol, Nixapur, Gurgã e Rei.[13]

Um ano depois, com uma força de seis mil homens, Sarbaro marchou em direção a Ctesifonte e sitiou a cidade.[8] Foi incapaz de capturá-la e então fez aliança com Perozes Cosroes, o líder parsigue, e o ministro anterior do império durante o reinado de Cavades.[14] Com o apoio parsigue e ninruzi, Sarbaro capturou Ctesifonte e executou Artaxes, o próprio Ma-Adur Gusnaspe e muitos outros nobres proeminentes antes de ascender ao trono. De acordo com o folclore tardio, Artaxes foi enterrado num lugar desconhecido em Mesena.[8]

Cunhagem

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Como seu pai, Artaxes absteve-se de usar o título de xainxá ("Rei de Reis") em suas gravuras de moedas. Isso provavelmente foi feito para se distanciar de Cosroes II, que havia restaurado o título.[15]

Referências

  1. «História Curta». p. 96 
  2. Clinton 2010, p. 260, 566.
  3. a b c Ačaṙyan 1942–1962, p. 305.
  4. a b Martirosyan 2021, p. 22.
  5. Ačaṙyan 1942–1962, p. 309.
  6. Wiesehöfer 1986, p. 371–376.
  7. Martindale 1992, p. 94.
  8. a b c Shahbazi 1986, p. 381-382.
  9. Shahbazi 2005.
  10. Pourshariati 2008, p. 179.
  11. Morony 2005, p. 157.
  12. Pourshariati 2008, p. 178, 209.
  13. Pourshariati 2008, p. 209.
  14. Pourshariati 2008, p. 180.
  15. Schindel 2013, p. 837.

Bibliografia

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  • Ačaṙyan, Hračʻya (1942–1962). «Արտաշես». Hayocʻ anjnanunneri baṙaran [Dictionary of Personal Names of Armenians]. Erevã: Imprensa da Universidade de Erevã 
  • Clinton, Henry Fynes. Fasti Romani - The Civil and Literary Chronology of Rome and Constantinople, from the Death of Augustus to the Death of Justin II. Cambrígia: Cambridge University Press 
  • Martindale, John R.; Jones, Arnold Hugh Martin; Morris, John (1992). «Petrus 55». The Prosopography of the Later Roman Empire - Volume III, AD 527–641. Cambrígia e Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Cambrígia. ISBN 0-521-20160-8 
  • Martirosyan, Hrach (2021). «Faszikel 3: Iranian Personal Names in Armenian Collateral Tradition». In: Schmitt, Rudiger; Eichner, Heiner; Fragner, Bert G.; Sadovski, Velizar. Iranisches Personennamenbuch. Iranische namen in nebenüberlieferungen indogermanischer sprachen. Viena: Academia Austríaca de Ciências 
  • Morony, Michael G. (2005). Iraq After the Muslim Conquest. Piscataway, Nova Jérsei: Gorgias Press LLC. ISBN 1593333153 
  • Pourshariati, Parvaneh (2008). Decline and Fall of the Sasanian Empire: The Sasanian-Parthian Confederacy and the Arab Conquest of Iran. Nova Iorque: IB Tauris & Co Ltd. ISBN 978-1-84511-645-3 
  • Schindel, Nikolaus (2013). «Sasanian Coinage». In: Potts, Daniel T. The Oxford Handbook of Ancient Iran. Oxônia: Imprensa da Universidade de Oxônia. ISBN 978-0199733309 
  • Schmitt, R. (1986). «Apasiacae». Enciclopédia Irânica, Vol. II, Fasc. 6. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Colúmbia. pp. 654–655 
  • Shahbazi, A. Shapur (1986). «Artašir III». Enciclopédia Irânica Vol. II, Fasc. 4. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Colúmbia