Associação dos Desenhistas de São Paulo
Associação dos Desenhistas de São Paulo (ADESP) foi um sindicato criado em 1961 que tinha como objetivo a nacionalização do mercado de histórias em quadrinhos no Brasil.
Tipo | sindicato |
Fundação | 1961 |
Extinção | desconhecido |
Estado legal | extinto |
Propósito | nacionalização do mercado de histórias em quadrinhos do Brasil |
Sede | São Paulo |
Presidente | Mauricio de Sousa |
Criação
editarEm 1951, os autores Jayme Cortez, Miguel Penteado, Reinaldo de Oliveira, Silas Roberg e Álvaro de Moya montaram a Primeira Exposição Didática Internacional de Histórias em Quadrinhos em São Paulo.[1] A exposição tinha o propósito de mostrar que histórias em quadrinhos eram uma forma de arte legítima. A exposição foi negada pelos curadores do Museu de Arte de São Paulo, mas aconteceu no Centro Israelita.[2] O evento recebeu boa exposição por parte da imprensa,[1] o que motivou a criação de diversas entidades, incluindo a ADESP em 1961.[3]
Seu presidente foi Mauricio de Sousa,[4] tendo como principal pauta a nacionalização das histórias em quadrinhos.[1] Entre seus membros, estavam Júlio Shimamoto, Ely Barbosa e Gedeone Malagola.[5]
Ações
editarLogo de início, a ADESP cobrava uma taxa de pessoas que gostariam de ser membros regulares. Ela organizou reuniões regulares e lançava comunicatos de imprensa para jornais e programas de televisão com suas propostas.[3]
Durante sua presidência, Mauricio de Sousa fez diversas intervenções contra a importação de quadrinhos dos Estados Unidos, tornando-se assim uma figura midiática. Uma de suas propostas foi um estudo das importações para a criação de uma cota de 30% do mercado para produções nacionais.[3] A ADESP enviou um projeto de lei para o Presidente Getúlio Vargas.[1] Durante a presidência de Jânio Quadros, Mauricio e Zé Geraldo lançaram a Operação Gibi, para pressionar o Governo a criar uma cota de 60% do mercado para produções nacionais, proposta baseada nas políticas da Argentina.[3]
Zé Geraldo envolveu-se com a Campanha da Legalidade, onde conheceu Leonel Brizola. Eles decidiram então criar uma editora alinhada às demandas feitas pelos artistas, a Cooperativa Editora e de Trabalho de Porto Alegre (CETPA). Além de ser uma editora, a CETPA também atuava como syndicate, fazendo a distribuição de tiras em jornais.[6] Ele convidou membros de diversas entidades da época, incluindo a ADESP, para se juntarem à CETPA.[3] Mauricio negou o convite, afirmando que Zé Geraldo queria que seus personagens se alinhassem com as causas de esquerda. Ele teria recebido ameaças após sua resposta.[7] Já Zé Geraldo afirmou que Mauricio simplesmente nunca apareceu no Rio Grande do Sul.[8]
Mauricio de Sousa também atuaria com um syndicate, usando sua empresa, a Bidulândia Serviços de Imprensa, que distribuia suas próprias tiras e outros autores, usando sua experiência em pesquisas sobre a história gaúcha, Julio Shimamoto criou a tira O Gaúcho, a pedido de Maurício.[9]
Ver também
editarReferências
- ↑ a b c d Oliveira, André Moreira de (2014). «Moral como mercadoria: A produção de Mauricio de Sousa na Folhinha de S.Paulo (1963-1970)» (PDF). Universidade de São Paulo. Mestrado em História Social. Consultado em 19 de outubro de 2024
- ↑ Silva, João Carlos Nicácio da (2 de setembro de 2021). «A influência das novas tecnologias na produção e divulgação de histórias em quadrinhos no RN». Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Tese de Conclusão de Curso em Comunicação Social. Consultado em 19 de outubro de 2024
- ↑ a b c d e «CETPA's Creation». Cultures of Comics Work (em inglês). Consultado em 19 de outubro de 2024
- ↑ Caldeira, Aline Espassa (8 de dezembro de 2022). «Dos quadrinhos às telas: uma análise dos Laços da Turma da Mônica». Universidade Federal de São Carlos. Mestrado em Imagem e Som. Consultado em 19 de outubro de 2024
- ↑ Gonçalo Júnior. A Guerra dos Gibis - a formação do mercado editorial brasileiro e a censura aos quadrinhos, 1933-1964. 2004. Editora Companhia das Letras: [s.n.] ISBN 9788535905823
- ↑ Gonçalo Junior (2004). A Guerra dos Gibis: a Formação do Mercado Editorial Brasileiro e a Censura aos Quadrinhos, 1933-1964. [S.l.]: Companhia das Letras. ISBN 8535905820
- ↑ Souza, Maurício de (2017). Maurício - A História que Não Está no Gibi. [S.l.]: Sextante. pp. 100–102. ISBN 8568377149
- ↑ «quem é zegeraldo». APRESSADO PRA NADA. 10 de dezembro de 2009. Consultado em 11 de dezembro de 2021
- ↑ «O Gaúcho, antes de tudo um aventureiro». Universo HQ