Assunção da Virgem (MNMC)
A Assunção da Virgem é uma pintura a óleo sobre madeira pintada no período entre 1490 e 1518 pelo pintor português do renascimento Vicente Gil que se destinou inicialmente ao Convento de Santa Clara-a-Velha, Coimbra, e que se encontra actualmente no Museu Nacional Machado de Castro desta mesma cidade.
Assunção da Virgem | |
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Autor | Vicente Gil |
Data | c. 1490-1518 |
Técnica | pintura a óleo sobre madeira |
Dimensões | 168 cm × 135 cm |
Localização | Museu Nacional Machado de Castro, Coimbra |
A Assunção da Virgem é uma pintura de superior qualidade artística criada na oficina coimbrã designada anteriormente por "Mestre do Sardoal". A inserção das armas da rainha D. Leonor, no fecho da capa do anjo ajoelhado do lado esquerdo, e do camaroeiro, outro símbolo desta rainha, que se espalha na decoração dos tecidos, provam que a obra foi de sua encomenda.[1]
História
editarA Assunção da Virgem fez parte presumivelmente de um retábulo doado pela Rainha D. Leonor ao Mosteiro de Santa Clara de Coimbra.
O historiador Joaquim Caetano[2] propôs a reconstituição de um retábulo da autoria de Vicente Gil com sete pinturas (3 painéis mais 4 tábuas de predela) incluindo esta pintura, e ainda uma datação diferente fixando-a entre 1510 e 1520, propondo também outra proveniência para o Retábulo como tendo sido o Mosteiro de Santa Cruz, também de Coimbra.[3]
A obra foi integrada no património do Estado português e depois do MNMC por absorção do património dos conventos extintos.[3]
Descrição
editarA Assunção da Virgem é constituída por sete pranchas dispostas na vertical e representa o episódio dogmático católico da Assunção da Virgem.
Em primeiro plano, no centro da composição, a Virgem Maria sobe ao céu amparada por quatro anjos, dois de cada lado. Deus Pai, visível no canto superior esquerdo, rodeado por uma mandorla de querubins espera-a enviando-lhe raios de bênção. Num plano inferior e mais distante, correspondendo ao nível térreo, os apóstolos, junto do túmulo vazio da Virgem Maria observam a assunção.[3]
No canto inferior direito um mocho, dirige o olhar para o observador, podendo ser a "marca" do autor, ou do encomendante? As armas reais foram reproduzidas no firmal do manto do anjo que se encontra do lado esquerdo em baixo. Acima deste, outro anjo ostenta o camaroeiro, ou seja, o ex-libris da mecenas, a rainha D. Leonor. Este símbolo aparece no corpete, inserido no triângulo invertido, e mais nove vezes, pintado a branco, na saia da túnica, disposto arbitrariamente em relação às pregas do panejamento.[3]
Rostos, olhos e excessiva utilização da folha de ouro, são marcas desta oficina coimbrã que irão perdurar até ao início do século XVII.[3]
Exposições
editar- 1971 - A Pintura dos Mestres do Sardoal e Abrantes, Abrantes, antigo Convento de S. Francisco / Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian
- 1991 - Europália 91 - Feitorias, Antuérpia
- 1992 - Europália 91 - Feitorias, Lisboa, MNAA
- 2003 - Vicente Gil e Manuel Vicente - Pintores da Coimbra Manuelina, Coimbra, Sala da Cidade, Antigo Refeitório de Santa Cruz, de 2003-07-16 a 2003-10-31
Bibliografia
editar- Couto, João - «Pinturas quinhentistas do Sardoal», in Boletim da Academia Nacional de Bellas-Artes. Lisboa, 1939.
- Santos, Reynaldo dos - Os Primitivos Portugueses (1450-1550), Lisboa, 1940, Estampa 40
- Correia, Vergílio - Estudos de História de Arte, Obras, Coimbra, Imprensa da Universidade, 1953.
- Jirmounsky, Myron Malkiel - Pintura à sombra dos mosteiros, Lisboa, Arcádia, 1957.
- Jirmounsky, Myron Malkiel - Escola do Mestre do Sardoal, Lisboa, Artis, 1959.
- Markl, Dagoberto - «A escola do Mestre do Sardoal e os seus artistas na transição do século XV para o XVI», in O Panorama, 4ª série, XL, Lisboa, 1971.
- Rodrigues, Dalila; Pereira, Paulo (dir.) - «A Pintura no período manuelino», in História da Arte Portuguesa - II, Lisboa, Círculo de Leitores, 1995, pág. 239
- Francisco Henriques - um pintor em Évora no tempo de D. Manuel I (catálogo de exposição), Lisboa, CNCDP, CME, 1997, pág. pp. 196-203.
- Dias, Pedro - Vicente Gil e Manuel Vicente - Pintores da Coimbra Manuelina, Coimbra, Câmara Municipal de Coimbra, Julho 2003, pág. 43-48; 102-103.
Referências
editar- ↑ Dias, Pedro - História da Arte em Portugal - O Manuelino. Lisboa: Alfa, 1986, pág. pp. 116-117, 139.
- ↑ Joaquim Caetano, "Francisco Henriques - um pintor em Évora no tempo de D. Manuel I" (catálogo de exposição), Lisboa, 1997, pp. 194-203
- ↑ a b c d e «Ficha da obra na MatrizNet». www.matriznet.dgpc.pt