Asterisco de gênero

O asterisco de gênero (português brasileiro) ou género (português europeu), (em alemão: Genderstern) é uma estilização tipográfica não-padronizada de linguagem neutra utilizada na língua alemã.

Origem

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Símbolo de gênero não-binário, proposto como alternativa aos símbolos masculino () e feminino (), com um asterisco no lugar das seta e cruz.[1]

Assim como na língua portuguesa, grande parte dos vocábulos em alemão tem flexões femininas ou masculinas. A utilização do asterisco funciona como uma forma de neutralização de gênero nessa língua, sendo uma alternativa à adoção do neutro masculino. Por exemplo, ao se referir ao coletivo de professor (Lehrer) e professora (Lehrerin) em alemão, é possível se grafar um asterisco e formar a neologia Lehrer*innen, equivalente a “professores(as)” ou “professorx” em português.[2][3]

O emprego do asterisco de gênero tenta ultrapassar o viés cognitivo masculino resultante do uso do neutro masculino. Ao se utilizar, por exemplo, “homens” ao invés de “humanidade”, pessoas que não se identificam com o gênero masculino não se sentem representadas. Estudos na área apontam que alternativas inclusivas de gênero reduzem o viés cognitivo masculino, aumentando assim a importância de exemplos não masculinos. Isto é, femininos e não-binários.[4][5][6][7]

Controvérsias

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No jornalismo alemão, o uso do asterisco de gênero é controverso. Enquanto algumas redações adotam a prática para promover uma linguagem mais inclusiva, outras resistem. A resistência argumenta que a mudança compromete a clareza e a padronização da língua. A principal crítica vem de grupos conservadores e linguistas tradicionais, que defendem que o idioma deve preservar suas regras gramaticais convencionais. Por outro lado, defensores da linguagem neutra apontam que a mudança é essencial para garantir a visibilidade e inclusão de pessoas não binárias e mulheres.[2]

Na língua portuguesa, algumas iniciativas de neutralização de gênero também utilizam o asterisco como símbolo, por exemplo, termos guarda-chuva como gênero não-binário.

Ver também

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Referências

  1. Nation, LGBTQ (30 de julho de 2022). «All about the nonbinary symbol». LGBTQ Nation (em inglês). Consultado em 31 de janeiro de 2025 
  2. a b Azaredo, Marina (29 de março de 2023). «A controvérsia da linguagem de gênero no jornalismo e na sociedade (Alemanha)». Media Talks (UOL). Consultado em 30 de janeiro de 2025. Cópia arquivada em 30 de janeiro de 2025 
  3. OLIVEIRA, Arthur Marques de. Língua(gem), sociedade e cultura : um estudo enunciativo antropológico sobre a pessoa falante e a linguagem neutra. Dissertação (Mestrado em Letras) — Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre: 2023. Disponível em: <https://lume.ufrgs.br/handle/10183/261772>.
  4. Welle (www.dw.com), Deutsche (4 de abril de 2024). «Warum Gendern einen Unterschied macht». DW Deutsch Lernen (em alemão). Consultado em 31 de janeiro de 2025 
  5. «A star is born? The German gender star and its effects on mental representation». Psychology of Language and Communication (em inglês): 384–404. 31 de agosto de 2023. ISSN 2083-8506. doi:10.58734/plc-2023-0018. Consultado em 31 de janeiro de 2025 
  6. Braun, Friederike; Sczesny, Sabine; Stahlberg, Dagmar (1 de janeiro de 2005). «Cognitive Effects of Masculine Generics in German: An Overview of Empirical Findings» (em inglês) (1): 1–21. ISSN 1613-4087. doi:10.1515/comm.2005.30.1.1. Consultado em 31 de janeiro de 2025 
  7. Keith, Nina; Hartwig, Kristine; Richter, Tobias (28 de fevereiro de 2022). Inbar, Yoel, ed. «Ladies First or Ladies Last: Do Masculine Generics Evoke a Reduced and Later Retrieval of Female Exemplars?». Collabra: Psychology (em inglês) (1). ISSN 2474-7394. doi:10.1525/collabra.32964. Consultado em 31 de janeiro de 2025