Bálteo (arquitetura)
Bálteo (em latim: balteus; pl. baltea), na arquitetura, Vitrúvio aplica o termo à faixa entalhada que normalmente circunda o pulvino do capitel jónico, parecendo comprimi-lo.[1] Neste, encimando a coluna da ordem jónica clássica, as volutas emparelhadas numa moldura espiralada estão unidas por uma faixa decorativa à qual lhe é dada o nome bálteo.[2]Entretanto, o termo ganhou outro significado, também este em sentido figurado, que se aplica à balaustrada ou muro que se ergue no precinto (praecinctio) de um anfiteatro.[3] Em teatros e anfiteatros, o lance na área dos espectadores,[4] na separação das diferentes menianos (maeniana), normalmente mais largo do que os lugares destinados às pessoas, e onde ninguém se poderia sentar, servia de patamar e facilitava a circulação interna do povo em todo o perímetro do edifício.[5][6]
No Anfiteatro de Verona não havia bálteos propriamente ditos, mas antes um patamar mais estreito, o vigésimo oitavo a contar de baixo. No anfiteatro grego e romano, a cada sete lances de assentos havia um bálteo. No Teatro de Herculano, não existem bálteos, a menos que se possa atribuir tal significado aos primeiros cinco palmos de largura que se encontram no sopé dos três patamares superiores. No teatro de Pula, em Ístria, existiam duas divisões, cada uma, no geral, com sete ordens de assentos com um patamar entre eles.[5]
No teatro, o precinto separa fisicamente as cáveas inferior e média, com dimensões mínimas, e representa a superfície de uma cimentação que serve também de elemento de sustentação para as estruturas inferiores da cávea média e como ponto de apoio do bálteo desta última.[7] Na arena romana, dentro do pódio, numa extremidade do grande eixo do edifício eleva-se a plataforma pulvinar (pulvinar suggestus), onde se situava o trono do imperador. Na primeira ordem de degraus, escanos, sentavam-se os cônsules, os senadores, as vestais, os magistrados. Um pequeno muro, o bálteo, interpolado por portas ou nichos, e ricamente ornamentado com colunas e estátuas, separava o pódio do resto do anfiteatro. O degrau, que se seguia aos escanos, estava destinado a sacerdotes, à cavalaria, tribunos civis e militares e a outras entidades secundárias.[8]
Referências
- ↑ Smith 1875, p. 196.
- ↑ Davies 2012, p. 260.
- ↑ Fagan 2011, p. 98.
- ↑ Canina 1840, p. 415.
- ↑ a b Negretti 1842, p. 195.
- ↑ Rich 1849, p. 29.
- ↑ Pizzo 2010, p. 209.
- ↑ Selvatico 1852, p. 591.
Bibliografia
editar- Davies, Nikolas; Jokiniemi, Erkki (2012). Architect's Illustrated Pocket Dictionary (em inglês). [S.l.]: Routledge. 560 páginas
- Canina, Luigi (1840). sezione III. Architettura romana - Parte II. 1834-42 (em italiano). Roma: Per i tipi dello stesso Canina
- Fagan, Garrett G. (2011). The Lure of the Arena: Social Psychology and the Crowd at the Roman Games (em inglês). [S.l.]: Cambridge University Press. 362 páginas. ISBN 0521196167
- Rich, Anthony (1849). The Illustrated Companion to the Latin Dictionary and Greek Lexicon: Forming a Glossary of All the Words Representing Visible Objects Connected with the Arts, Manufactures, and Every-day Life of the Greeks and Romans, with Representations of Nearly Two Thousand Objects from the Antique (em inglês). Londres: Longmans. 754 páginas
- Negretti, Fratelli (1842). Dizionario Storico di Architettura (em italiano). [S.l.]: Sapienza - Universidade de Roma (Biblioteca di Storia, Disegno e Restauro dell'Architettura). 726 páginas
- Pizzo, Antonio (2010). Las técnicas constructivas de la arquitectura pública de Augusta Emerita. Mérida: Editorial CSIC - CSIC Press. ISBN 8400092511
- Selvatico, Pietro Estense (1852). Storia estetico-critica delle arti del disegno, ovvero L'architettura, la pittura e la statuaria considerate nelle correlazioni fra loro e negli svolgimenti storici, estetici e tecnici; lezioni (em italiano). Veneza: Universidade de Oxford
- Smith, Sir William; Cheetham, Samuel (1875). Dictionary of Greek and Roman Antiquities. [S.l.]: Little, Brown and Company