Bandido bom é bandido morto
No Brasil, "bandido bom é bandido morto" é uma frase recorrente em certos círculos sociais e que reproduz uma ideia difundida pela mídia popular.[2] Nesse contexto, o advogado e radialista Afanasio Jazadji é uma das pessoas notórias a defender publicamente a tese de que “bandido bom é bandido morto”.[3]
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Em março de 2024, a frase voltou a circular nos meios de comunicação depois da publicação, pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), de uma imagem de Jesus Cristo crucificado, diante de um soldado romano, que diz: "bandido bom é bandido morto".[4]
Origem
editarÉ possivel que a frase seja uma adaptação de uma outra, atribuída ao general estadunidense Philip Sheridan (1831-1888), que a teria pronunciado no contexto das guerras indígenas nos Estados Unidos, quando da rendição de uma tribo comanche, em 1869. Segundo a tradição, o chefe indígena Tosahwi, apresentando-se ao general, teria dito seu nome, acrescentando duas palavras "Tosahwi, índio bom", ao que Sheridan teria respondido: "Os únicos índios bons que vi estavam mortos".[5] A primeira referência impressa a essa troca de palavras, foi feita mais de 100 anos depois, em Bury My Heart at Wounded Knee (1970). No livro, o autor, Dee Brown, atribui a citação a Sheridan, alegando que "o tenente Charles Nordstrom, que estava presente, lembrou-se das palavras e as transmitiu, até que, com o tempo, elas foram aprimoradas em um aforismo tipicamente americano: "O único índio bom é um índio morto". [6] Sheridan negou que tivesse feito tal declaração.[7] Apesar disso, na cultura popular, ele permanece sendo o autor da frase.[8]
No Brasil, a frase "Bandido bom é bandido morto" ganhou notoriedade quando José Guilherme Godinho Sivuca Ferreira, policial ex-integrante da Scuderie Le Cocq, utilizou-a em sua campanha eleitoral para deputado estadual do Rio de Janeiro, tendo sido eleito em 1990 e reeleito em 1994.
Referências
- ↑ PODER360 (30 de março de 2024). «Políticos criticam post do MTST com Jesus e frase sobre bandido». Poder360. Consultado em 30 de março de 2024
- ↑ Muniz, Montgomery Wellington (2011). Bandido bom é bandido morto! (?)” (PDF). [S.l.]: BDJur
- ↑ Bueno, Samira (17 de fevereiro de 2014). «Bandido bom é bandido morto: a opção ideológico-institucional da política de segurança pública na manutenção de padrões de atuação violentos da polícia militar paulista». Consultado em 30 de março de 2024
- ↑ «Direita critica Guilherme Boulos após MTST publicar foto de Jesus crucificado com frase sobre bandido». Estadão. Consultado em 30 de março de 2024
- ↑ Mieder, Wolfgang (1993). «"The Only Good Indian Is a Dead Indian": History and Meaning of a Proverbial Stereotype». University of Illinois Press. The Journal of American Folklore. 106 (419): 38–60. ISSN 0021-8715. JSTOR 541345. doi:10.2307/541345
- ↑ Brown, Dee (1970). Bury my heart at Wounded Knee. New York, N.Y.: Henry Holt & Co. p. 487. ISBN 978-0-8050-1730-4. OCLC 1043525255, pp=170-172.
- ↑ «Philip Sheridan». Kansapedia. Kansas Historical Society. 12 de abril de 2012. Cópia arquivada em 30 de março de 2023
- ↑ Morris, Roy Jr. (1992). Sheridan: The Life and Wars of General Phil Sheridan (1st ed.). New York, NY: Crown Publishing, p. 464. ISBN 978-0-517-58070-7 OCLC 24906319
Leituras adicionais
editar- BUENO, Samira. Bandido bom é bandido morto: a opção ideológico-institucional da política de segurança pública na manutenção de padrões de atuação violentos da polícia militar paulista, 2014.
- LEMGRUBER, Julita; CANO, Ignacio; MUSUMECI, Leonarda. Olho por olho?: o que pensam os cariocas sobre "bandido bom é bandido morto". Rio de Janeiro: Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESEC) / Universidade Candido Mendes, 2017.