Em metafísica, a barba de Platão é um argumento paradoxal cunhado por Willard Van Orman Quine em seu artigo de 1948 "On What There Is". A expressão passou a ser identificada como a filosofia de compreender algo com base no que não existe.[1]

Doutrina

editar

Quine definiu a barba de Platão – e sua razão para nomeá-la assim – nas seguintes palavras:

Este é o antigo enigma platônico do não-ser. O não-ser deve, de algum modo, existir, caso contrário, o que é que não existe? Esta intrincada doutrina pode ser apelidada de barba de Platão; historicamente, tem se mostrado resistente, frequentemente embotando o fio da navalha de Occam.[2]

O argumento tem sido favorecido por filósofos proeminentes, incluindo Bertrand Russell, A. J. Ayer e C. J. F. Williams.[3] Declarar que não pp) não pode existir pode forçar o abandono de truísmos como negação e modus tollens. Existem também variações do original de Quine, que incluíam sua aplicação tanto a termos singulares quanto gerais.[4] Quine inicialmente aplicou a doutrina apenas a termos singulares antes de expandi-la de modo que também abrangesse termos gerais.[4]

Karl Popper afirmou o inverso. "Somente se a barba de Platão for suficientemente resistente e emaranhada por muitas entidades, valerá a pena empregar a navalha de Ockham."[5] A teoria de Russell das "descrições singulares", que mostra claramente "como podemos usar de maneira significativa nomes aparentes sem supor que existam as entidades supostamente nomeadas", é suposta para "desembaraçar" a barba de Platão.[6] [7]

Ver também

editar
  • Noneísmo - Visão filosófica; meinongianismo modal

Referências

  1. Cook, Jane (2013). American Phoenix: John Quincy and Louisa Adams, the War of 1812, and the Exile that Saved American Independence. Nashville: Thomas Nelson. pp. 186. ISBN 9781595555410 
  2. W. V. O. Quine, "On What There Is", The Review of Metaphysics 2(5), 1948.
  3. Vallicella, William F. (2002). A Paradigm Theory of Existence: Onto-Theology Vindicated. [S.l.]: Springer. p. 112. ISBN 978-1-4020-0887-0 
  4. a b Novak, Peter (2012). Mental Symbols: A Defence of the Classical Theory of Mind. New York: Springer Science+Business Media B.V. p. 40. ISBN 9789401063746 
  5. Popper, Karl (1972). Objective Knowledge. [S.l.]: Clarendon Press 
  6. Berto, Francesco (2013). Existence as a Real Property: The Ontology of Meinongianism. Dordrecht: Springer. p. 28. ISBN 9789400742062 
  7. Marcus, Russell; McEvoy, Mark (11 de fevereiro de 2016). An Historical Introduction to the Philosophy of Mathematics: A Reader (em inglês). [S.l.]: Bloomsbury Publishing. ISBN 9781472529480 

Leitura adicional

editar

Ligações externas

editar