A Barragem do Tua, também conhecida como Barragem de Foz Tua ou Barragem de Foz-Tua, é uma barragem portuguesa destinada ao aproveitamento hidroeléctrico do rio Tua, localizando-se entre a freguesia de Castanheiro do Norte e Ribalonga, na margem esquerda do Tua e no município de Carrazeda de Ansiães do Distrito de Bragança, e a freguesia de São Mamede de Ribatua, na margem direita do Tua e no município de Alijó do Distrito de Vila Real.[1][2]

Barragem do Tua
Localização
Localização Alijó e Carrazeda de Ansiães, Portugal Editar isso no Wikidata
Bacia hidrográfica Douro
Rio Rio Tua
Coordenadas 41°13'8"N, 7°25'22"W
Mapa
Dados gerais
Data de inauguração 2011
Características
Tipo Betão, Abóbada de dupla curvatura
Altura 108 m
Cota de coroamento 172 m
Fundação Granito
Dados da albufeira
Capacidade total 106 100 000
Capacidade útil 10 000 000
Pleno armazenamento 170 m

A sua construção foi anunciada em 2006[3] no âmbito do chamado Plano Nacional de Barragens com Elevado Potencial Hidroelétrico (que previa a construção de mais 9 barragens), e tinha um custo previsto de 300 milhões de euros.[3]

A barragem de Foz do Tua entrou em serviço em 2017, é constituído por uma barragem de abóboda de dupla curvatura e uma central subterrânea equipada com duas turbinas Francis reversíveis com uma capacidade total de 274MW e uma produção média anual de 305GWh, com uma potência de bombagem de 246MW.[4]

A Barragem de Foz Tua é possivelmente uma das barragens mais controversas da história de Portugal, em grande parte porque a sua albufeira obrigou ao encerramento e submersão dos primeiros 16 quilómetros da linha ferroviária do Tua, cortando a sua ligação ao resto da rede ferroviária nacional e inviabilizando um futuro aproveitamento. A construção da Barragem motivou protestos de várias organizações ambientalistas e movimentos cívicos da região de Trás-os-Montes; contudo, ao contrário do que sucedeu com o também controverso projeto da Barragem de Foz Côa (em 1994–1995), nenhum dos dois principais partidos de Portugal (PS e PPD-PSD) se opôs à construção da Barragem do Tua, pelo que a Barragem acabou por ser construída e foi concluída em 2017.

Energias de Portugal vendeu a barragem ao consórcio francês Movhera[5], liderado pela Engie, em dezembro de 2019.[6]

Oposição e queixas

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O projecto teve a oposição do Partido Comunista Português, Bloco de Esquerda e os Verdes, tendo os Verdes feito denúncias à UNESCO alegando estar em causa a classificação da UNESCO do Douro Vinhateiro como património da humanidade.[3] A Quercus também efectuou denúncias à UNESCO, alegando que o "imenso estaleiro" em que se transformou aquela região classificada do Alto Douro Vinhateiro e que a sua construção representaria um "verdadeiro atentado a um património ambiental e cultural insubstituível".[7] Apesar das queixas, a UNESCO concluiu que a construção da barragem não põe me risco a classificação do Alto Douro Vinhateiro como Património Mundial.[8]

Em 7 de dezembro de 2011, devido a receios de que a construção da barragem viesse a afectar a classificação da UNESCO do Douro Vinhateiro como Património da Humanidade, a EDP anunciou a reformulação do projecto da barragem com vista a mitigar o seu impacto.[9] Com esse fim, a EDP declarou estar a trabalhar com o arquitecto Souto Moura "para conseguir a melhor solução possível e para que a barragem venha a constituir um valor acrescentado para o local".[9]

A 18 de Setembro de 2013, a EDP deu início à segunda fase da construção da barragem. O director do projecto, Freitas da Costa, indicou também que o risco de desclassificação por parte da UNESCO do Douro Património Cultural estava já "completamente ultrapassado".[10] Dois dias após as declarações, a 2013-09-20, o Tribunal Administrativo e Fiscal de Mirandela aceitou uma providência cautelar interposta pelo movimento "Plataforma Salvar o Tua" com o objectivo de parar a construção da barragem.[11] A 2013-10-04 foi divulgado que a EDP contestou a providência cautelar, tendo as obras prosseguido.[12]

Linha do Tua

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Um novo plano de mobilidade foi a principal contrapartida imposta pela submersão de quase 20 quilómetros da linha do Tua.

Em 2017, o plano está pronto com barcos para navegar na nova albufeira, entre o Tua e a Brunheda, e um novo comboio turístico, da responsabilidade do empresário Mário Ferreira, para fazer os cerca de 30 quilómetros de ferrovia que restaram entre a Brunheda e Mirandela.

A EDP entregou 10 milhões de euros ao operador turístico para dinamizar o projeto, com um figurino que inclui também comboio para servir a mobilidade quotidiana das populações ribeirinhas do Tua.[13]

Acidentes de trabalho

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Em 27 de maio de 2006, Armando Sabrosa, arqueólogo de 42 anos envolvido na elaboração de um estudo de impacto ambiental do projecto da barragem, morreu após uma queda de uma escarpa na zona de Fragas Más.[14]

Em 30 de agosto de 2011, três trabalhadores foram feridos devido ao derrube de uma plataforma elevadora.[15]

Em 26 de janeiro de 2012, três trabalhadores morreram ao ficarem soterrados após um deslizamento de terras.[16]

Em 8 de fevereiro de 2012, cinco trabalhadores foram feridos, um deles com gravidade, em um acidente na execução do desvio provisório da Estrada Nacional 212. Os trabalhadores, que se encontravam na margem esquerda do rio a proceder à montagem de cofragens na boca de saída do túnel de derivação provisória do rio, foram atingidos por fragmentos de rocha projectados durante o desmonte de rocha que era efectuado na margem direita.[17][18]

Em 24 de maio de 2014, um trabalhador de 50 anos morreu após uma queda.[19]

Estudo de Impacto Ambiental

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Ver também

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Referências

  1. «Foz Tua: quando a relação com o rio muda». edp.com. Consultado em 18 de junho de 2023 
  2. «FozTuaficha». cnpgb.apambiente.pt. Consultado em 18 de junho de 2023 
  3. a b c «Construção da barragem do Tua arranca hoje com a presença de Sócrates». TSF Rádio Notícias. 18 de fevereiro de 2011. Consultado em 7 de dezembro de 2011 
  4. Movhera. «Aproveitamento Hidroelétrico Reversível de Foz Tua». Consultado em 16 de dezembro de 2022 
  5. Movhera. «Aproveitamento Hidroelétrico Reversível de Foz Tua». Consultado em 16 de abril de 2024 
  6. «EDP vende seis barragens no Douro por 2,2 mil milhões». Observador. 2019 
  7. «Quercus apresenta mais uma denúncia à UNESCO contra atentado no Património Mundial». Rádio e Televisão de Portugal. 17 de novembro de 2011. Consultado em 7 de dezembro de 2011 
  8. «UNESCO dá luz verde à barragem de Foz Tua». Rádio Renascença. 11 de outubro de 2012. Consultado em 11 de outubro de 2012 
  9. a b «EDP reformula projeto da barragem do Tua». Sapo notícias. 7 de dezembro de 2011 
  10. Olímpia Mairos (18 de setembro de 2013). «Barragem do Tua entra na segunda fase de construção sem aborrecer UNESCO». Rádio Renascença. Consultado em 24 de maio de 2014 
  11. «Providência para travar Barragem do Tua chega a tribunal». Rádio Renascença. 20 de setembro de 2013. Consultado em 24 de maio de 2014 
  12. «EDP contesta providência cautelar que tenta travar barragem». Rádio Renascença. 4 de outubro de 2013. Consultado em 24 de maio de 2014 
  13. «Barragem do Tua está concluída e começou a produzir energia em modo experimental» 
  14. «Arqueólogo morre ao cair de escarpa para o rio Tua». Jornal de Notícias. 29 de maio de 2006. Consultado em 15 de fevereiro de 2012 
  15. «Três operários feridos na barragem do Tua». Jornal de Notícias. 30 de agosto de 2011. Consultado em 8 de fevereiro de 2012 
  16. «Foz Tua: Três mortos em acidente nas obras da barragem». Semanário Expresso. 26 de janeiro de 2012 
  17. «Foz Tua: Quatro feridos foram atingidos por projeção de fragmentos de rocha». SAPO. Sapo notícias. 8 de fevereiro de 2012 
  18. «Um ferido grave e quatro ligeiros transportados para Centro Hospitalar de Vila Real». SAPO. Sapo notícias. 8 de fevereiro de 2012 
  19. «Trabalhador morre em acidente na barragem de Foz Tua». Rádio Renascença. 24 de maio de 2014. Consultado em 24 de maio de 2014 

Ligações externas

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