Basileopátor (em grego: βασιλεοπάτωρ; lit. "pai do basileu [imperador]") foi um dos mais altos títulos seculares do Império Bizantino. Foi um posto excepcional (o Cletorológio de Filoteu de 899 lista como uma das "dignidades especiais"),[1] conferido apenas duas vezes na história do império. Seus titulares não foram os pais biológicos dos imperadores bizantinos, e embora as exatas funções associadas com o posto permanecem obscuras, é geralmente conjecturado que foi concebido para denotar um regente atuando como um guardião e tutor sobre um jovem imperador.[2][3] Uma interpretação diferente, no entanto, tem sido oferecida por A. Schmink, através do qual o basileopátor, encontrado tanto em selos contemporâneos e na hagiografia Vida de Teófano, deve ser preferido. O título poderia ser interpretado no sentido de "pai do palácio", confirmando a posição do titular como principal assessor do imperador bizantino sem implicar qualquer tipo de tutela sobre ele.[4]

Fólis do imperador Leão VI, o Sábio
Fólis do imperador Romano I

O título foi criado, em algum momento entre agosto de 891 e maio de 893,[5] pelo imperador Leão VI, o Sábio (r. 886–912) para Estiliano Zautzes, o pai da amante de longa-data e segunda esposa Zoé Zautsina.[6] Vindo além de seu título de magistro e da posição de logóteta do dromo, por este ato Leão,de acordo com a interpretação tradicional, formalmente colocou os assuntos do Império Bizantino nas mãos de Zautzes até a meste deste último, em 899.[7][8] Estudos mais recentes, contudo, tem dúvidas sobre a imagem do "basileopátor todo-poderoso", citando provas em apoio de um controle efetivo de Leão do governo. De qualquer forma, o título foi dado a Estiliano no ápice de sua burocracia civil, diretamente abaixo do próprio imperador bizantino.[9]

O título foi revivido em 919 pelo imperador Romano I (r. 920–944), após ele casar sua filha Helena Lecapena com o imperador Constantino VII (r. 913–959),[8] mas no ano seguinte ele foi elevado para césar e, após poucos meses, para coimperador sênior.[10] O título não foi usado posteriormente, exceto em contexto literário; Simeão Metafrastes por exemplo anacronicamente chamou Arsênio, o Grande como basileopátor, uma vez que ele foi tutor de Honório e Arcádio, os filhos do imperador Teodósio (r. 379–395). Houve também uma tentativa por partidários do imperador Miguel VIII Paleólogo (r. 1259–1282) para reviver o título em 1259, quando foi nomeado regente sob o imperador infante niceno João IV Láscaris (r. 1258–1261), mas não houve resultados.[11]

Referências

  1. Bury 1911, p. 114.
  2. Tougher 1997, p. 99-100.
  3. Kazhdan 1991, p. 263.
  4. Tougher 1997, p. 100.
  5. Tougher 1997, p. 94.
  6. Bury 1911, p. 114-115.
  7. Kazhdan 1991, p. 2220.
  8. a b Bury 1911, p. 115.
  9. Tougher 1997, p. 89; 99-104.
  10. Kazhdan 1991, p. 263; 1806.
  11. Kazhdan 1991, p. 263-264.
  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Basileopator», especificamente desta versão.

Bibliografia

editar
  • Bury, John Bagnell (1911). The Imperial Administrative System of the Ninth Century - With a Revised Text of the Kletorologion of Philotheos. Londres: Oxford University Press 
  • Tougher, Shaun (1997). The Reign of Leo VI (886-912): Politics and People. Leiden, Países Baixos: Brill. ISBN 978-9-00-410811-0