Batalha de Ganzaca
A Batalha de Ganzaca foi travada em 371 perto do assentamento de Ganzaca, no Azerbaijão, entre uma força conjunta armeno-romana e um exército sassânida, com os romanos e armênios emergindo vitoriosos. Foi registrada pelo historiador armênio Fausto, o Bizantino.
Batalha de Ganzaca | |||
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Data | 371 | ||
Local | Ganzaca, Azerbaijão | ||
Desfecho | Vitória armeno-romana | ||
Beligerantes | |||
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Comandantes | |||
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Forças | |||
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Contexto
editarApós o Paz de Nísibis de 363 selada pelo Império Romano e o Império Sassânida, pela qual os romanos deixariam de intervir nos assuntos armênios, a Armênia foi deixada à mercê do xainxá Sapor II (r. 309–379), que em 367/68 aprisionou o rei Ársaces II (r. 350–368) e se esforçou para consolidar o domínio persa no país. Em 369, o imperador Valente (r. 363–378) permitiu que Papa, filho de Ársaces II, retornasse à Armênia acompanhado pelo general Terêncio. No entanto, Papa foi logo expulso da Armênia pelos exércitos de Sapor e forçado a se esconder em Lázica.[1] Enquanto Papa estava escondido, Sapor o contatou e o persuadiu a mudar sua lealdade à Pérsia, mas essa tentativa de reaproximação foi abortada quando o general de Valente, Arinteu, chegou e restaurou Papa ao trono armênio pela segunda vez.[2]
Sapor ficou furioso com esse movimento, mas não considerou que a paz com os romanos fosse nula até o inverno de 370. Sapor reuniu um exército, que, de acordo com Fausto, incluía as forças de seu aliado, o rei Urnair da Albânia,[3] e invadiu a Armênia na primavera de 371. Valente enviou um grande exército para a Armênia sob o comando dos generais Trajano e Vadomário, mas com ordens de se envolver apenas em ações defensivas, na esperança de manter a paz com a Pérsia.[4] Os armênios também reuniram seu exército sob o comando do asparapetes (comandante-em-chefe) Musel I e se encontraram com os romanos perto do assentamento de Bagauna, no distrito de Bagrauandena, no sopé do monte Nifates, perto da nascente do rio Arsânias.[5] Fausto dá o número do exército armênio como 90 mil. Na subsequente Batalha de Vagabanta, o exército armeno-romano saiu vitorioso e o rei Urnair foi derrotado em combate solo por Musel, que o poupou e deixou partir.[3][6]
Batalha
editarUrnair, em agradecimento pela misericórdia de Musel, lhe enviou um mensageiro que informou que o xainxá Sapor estava liderando em pessoa um grande exército com o intuito de atacar os aliados desprevenidos. O general Terêncio organizou suas forças e as liderou à fronteira do Azerbaijão, próximo de Ganzaca, e foi seguido por Musel e seus 90 mil soldados.[7] Sapor chegou com suas forças em Ganzaca e encontrou o exército armeno-romano pronto para combate. Os iranianos avançaram contra seus inimigos e foram derrotados. Fausto afirma que os lanceiros armênios agiram com valentia e derrubaram os ginetes de Sapor perante seus olhos. Ao longo do confronto, os soldados armênios alegadamente gritaram palavras de ordens que exaltavam Ársaces II: "Para Ársaces, o Bravo!" e "Seja um sacrifício para Ársaces, nosso rei". Os portadores de escudo romanos e armênios organizaram-se na retaguarda do exército aliado e fizeram uma linha defensiva para os soldados. Toda vez que o exército era pressionado pelas forças iranianas, buscavam refúgio atrás da linha defensiva dos escudos e descansavam antes de irromperem novamente contra o inimigo.[8]
Rescaldo
editarSapor foi forçado a fugir e os aliados retornaram à Armênia com honra e butim.[8] Sapor enviou emissários e uma trégua foi acordada. Sapor então retornou a Ctesifonte e Valente a Antioquia, com a Armênia efetivamente sob a suserania romana.[5] A trégua duraria sete anos.[9] Como resultado dessas vitórias, Musel teria reconquistado muitos territórios armênios perdidos e forçado os nobres que se revoltaram contra a monarquia arsácida a se submeterem à autoridade de Papa.[5][10] [a]
Notas
editar- [a] ^ A extensão da reconquista dos territórios armênios por Musel não é certa e provavelmente exagerada por Fausto. Fausto nomeia os seguintes territórios entre os recapturados: parte do Azerbaijão, Nova Siracena, os distritos de Corduena, Codritom e Tamoritis, em Gordiena, as províncias de Gogarena, Caspiana e Arzanena, os distritos de Sacasena e Gardamana, em Otena, o distrito de Coltena, em Artisaquena, e os principados de Sofanena, Ingilena e Anzitena, na Armênia Quarta. Manandyan descarta a reconquista de Arzanena e Corduena (que haviam sido cedidas à Pérsia por Roma em 363), bem como a captura da Sofanena, Ingilena e Anzitena, que haviam sido anexadas por Roma.[11] Chaumont considera improvável a reconquista de territórios da Albânia (Orquistena, Otena, Sacasena, Gardamana e Coltena).[6]
Referências
- ↑ Lenski 2002, p. 172.
- ↑ Lenski 2002, p. 173.
- ↑ a b Fausto, o Bizantino 1989, p. 189-194 (V.4.197-204).
- ↑ Lenski 2002, p. 174.
- ↑ a b c Lenski 2002, p. 175.
- ↑ a b Chaumont 1985.
- ↑ Fausto, o Bizantino 1989, p. 194 (V.5.205).
- ↑ a b Fausto, o Bizantino 1989, p. 195 (V.5.206).
- ↑ Hughes 2013, p. 106.
- ↑ Fausto, o Bizantino 1989, p. 199-202 (V.8-20.213-217).
- ↑ Manandyan 1957, p. 208.
Bibliografia
editar- Chaumont, M. L. (1985). «Albania». Enciclopédia Irânica. Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Colúmbia
- Fausto, o Bizantino (1989). Garsoïan, Nina, ed. The Epic Histories Attributed to Pʻawstos Buzand: (Buzandaran Patmutʻiwnkʻ). Cambrígia, Massachusetts: Departamento de Línguas e Civilizações Próximo Orientais, Universidade de Harvard
- Hughes, Ian (2013). Imperial Brothers: Valentinian, Valens and the Disaster at Adrianople. Barnsley: Pen & Sword. ISBN 978-1848844179
- Lenski, Noel Emmanuel (2002). Failure of Empire: Valens and the Roman State in the Fourth Century A.D. Berkeley, Los Angeles e Londres: Imprensa da Universidade da Califórnia
- Manandyan, Hakob (1957). Kʻnnakan tesutʻyun hay zhoghovrdi patmutʻyan, hator B, masn A [Critical theory of the history of the Armenian people, volume II, part I]. Erevã: Haypethrat