Batuqueiro-de-bico-laranja

espécie de ave
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O batuqueiro-de-bico-laranja[3] (Saltatricula atricollis),[4] ou apenas batuqueiro, é uma espécie de ave passeriforme da família dos traupídeos, pertencente ao gênero Saltatricula; anteriormente classificado no gênero Saltator (ver Taxonomia).[5] É nativo da América do Sul.

Como ler uma infocaixa de taxonomiaBatuqueiro-de-bico-laranja
Batuqueiro-de-bico-laranja (Saltatricula atricollis) no Parque Nacional da Serra da Canastra, Minas Gerais, Brasil.
Batuqueiro-de-bico-laranja (Saltatricula atricollis) no Parque Nacional da Serra da Canastra, Minas Gerais, Brasil.
Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Passeriformes
Família: Thraupidae
Gênero: Saltatricula
Espécie: S. atricollis
Nome binomial
Saltatricula atricollis
Vieillot, 1817
Distribuição geográfica

Sinónimos
  • Saltator atricollis (Vieillot, 1817)[2]

Descrição

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Mede 20,5 cm de comprimento. O bico tem uma viva coloração alaranjada com um cúlmen preto. Ave de colorido bem característico, é pardo-escura por cima, com a face e a garganta pretas, lados da cabeça acinzentados. Pardo-claro por baixo. Os juvenis com marrom-enferrujado em vez de preto e bico escuro.[6]

Distribuição e habitat

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Sua área de distribuição se estende desde o leste e o centro do Brasil (desde o norte do Ceará e do Maranhão, também Pernambuco, ao sul no interior até o Mato Grosso, o norte de São Paulo e sul de Minas Gerais), leste da Bolívia (nordeste do departamento de Beni e leste do departamento de Santa Cruz) e nordeste do Paraguai.[7] Habita bosques abertos e matas característicos do cerrado entre os 500 e 1300 m de altitude; localmente no Brasil até os 1800 m de altitude.[8]

Comportamento

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Vive em pequenos bandos, ao contrário de seus congêneres, que geralmente andam em pares.[9] Costumam pousar no alto de arbustos e árvores baixas, às vezes em cercas, desde onde baixam ao solo em busca de alimento, inclusive em caminhos de terra,[6] enquanto mantém uma sentinela empoleirada no alto, hábito comum de muitos pássaros campestres.[9]

Alimentação

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Esta espécie se alimenta de sementes, frutos, brotos de folhas, e artrópodes.

Reprodução

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Constrói seu ninho em forma de taça em ramos de árvores ou em pastagens. Para isso utiliza fibras vegetais, cobrindo o interior com pelos, penas e caules de ervas. A fêmea põe de 2 a 3 ovos com uma incubação média de 13 dias. Há 2 ou 3 ninhadas por ano.[10]

Taxonomia

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O batuqueiro-de-bico-laranja foi descrito pela primeira vez pelo naturalista francês Louis Jean Pierre Vieillot em 1817 com o nome científico Saltator atricollis; tendo como localidade-tipo o Paraguai.[7]

Este gênero era tradicionalmente colocado na familia Cardinalidae, porém evidências genéticas sugerem que pertence a Thraupidae, de acordo com Klicka et al (2007).[11] A Proposta N° 321 ao South American Classification Committee (SACC), aprovada, retirou o gênero da familia Cardinalidae e o deixou em Incertae sedis.[12]

Novos estudos de Chaves et al (2013)[13] revisaram a sequência linear dos gêneros Saltator e Saltatricula, concluindo que Saltator atricollis e Saltatricula multicolor são espécies irmãs. A Proposta N° 593 ao SACC rejeitou a inclusão de Saltatricula em Saltator e recomendou a inclusão de S. atricollis em Saltatricula sob o nome Saltatricula atricollis,[14] o que foi adotado pelo SACC, pelo Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO), e por outras classificações.[15][16]

Finalmente, a Proposta N° 704 ao SACC, com base nos estudos de Burns et al. 2014[17] e outros, aprovou a transferência de Saltatricula e Saltator para a família Thraupidae,[18] o que foi seguido pelas principais classificações.[19][20]

É monotípica, ou seja, não possui subespécies reconhecidas.

Referências

  1. BirdLife International (2012). «Saltator atricollis». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2012. Consultado em 26 de novembro de 2013 
  2. «Pepitero Gorjinegro Saltatricula atricollis Vieillot, 1817». Avibase. Consultado em 7 de dezembro de 2014 
  3. Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 315. ISSN 1830-7809. Consultado em 10 de julho de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 23 de abril de 2022 
  4. Burns, K. J., P. Unitt, and N. A. Mason (2016). A genus-level classification of the family Thraupidae (Class Aves: Order Passeriformes). Zootaxa 4088: 329-354.
  5. Barker, F. K., K. J. Burns, J. Klicka, S. M. Lanyon, and I. J. Lovette (2015). New insights into New World biogeography: An integrated view from the phylogeny of blackbirds, cardinals, sparrows, tanagers, warblers, and allies. Auk 132: 333-348.
  6. a b Gwyne, John, Ridgely, Robert, Tudor, Guy & Argel, Martha, 2010. Saltator atricollis, p. 290, em Aves do Brasil Vol.1 Pantanal e Cerrado. Editora Horizonte. ISBN 978-85-88031-29-6
  7. a b Black-throated Saltator (Saltator atricollis) em IBC - The Internet Bird Collection. Consultado em 7 de dezembro de 2014.
  8. Ridgely, Robert and Guy Tudor. 2009, Saltator atricollis, p. 626, em Field guide to the songbirds of South America: the passerines – 1ª ed. – (Mildred Wyatt-World series in ornithology). ISBN 978-0-292-71748-0
  9. a b Sigrist, Tomas. 2013. Guia de Campo Avis Brasilis – Avifauna brasileira – São Paulo: Avis Brasilis. Saltator atricollis, p. 496. ISBN 978-85-60120-25-3
  10. Bico-de-pimenta en Wikiaves. Consultado em 8 de dezembro de 2014.
  11. Klicka, J.; Burns, K.J.; Spellman, G.M. (2007). «Defining a monophyletic Cardinalini: A molecular perspective.» (PDF). Molecular Phylogenetics and Evolution (45). pp. 1014–1032. ISSN 1055-7903. doi:10.1016/j.ympev.2007.07.006 
  12. Van Remsen (em consulta com Kevin Burns and John Klicka), dezembro de 2007. «Retirar Parkerthraustes e Saltator de Cardinalidae» Proposta Nº 321 ao South American Classification Committee. Em inglês
  13. Chaves, J. C.; Hidalgo, J.R.; Klicka, J. (2013). «Biogeography and evolutionary history of the Neotropical genus Saltator (Aves: Thraupini)». Journal of Biogeography (40). pp. 2180–2190 
  14. Van Remsen, novembro de 2013. «Revisar la clasificación del género Saltator» Proposta Nº 593 ao South American Classification Committee. Em inglês
  15. Jr., Remsen J. V.; Areta, J. I.; Cadena, C. D.; Jaramillo, A.; Nores, M.; Pacheco, J. F.; Pérez-Emán, J.; Robbins, M. B.; Stiles, F. G.; Stotz, D. F.; Zimmer, K. J. (2016). «SACC Excel File». A classification of the bird species of South America. South American Classification Committee. American Ornithologists' Union (em inglês). Consultado em 14 de agosto de 2017 
  16. de Q. Piacentini, Vitor; et al. (2015). «Lista comentada de las aves de Brasil por el Comité Brasileño de Registros Ornitológicos.» (PDF). Revista Brasileira de Ornitologia (23(2)). p. 256. ISSN 2178-7875. Consultado em 8 de agosto de 2016 
  17. Burns, K.J.; Schultz, A.J.; Title, P.O.; Mason, N.A.; Barker, F.K.; Klicka, J.; Lanyon, S.M.; Lovette, I.J. (2014). «Phylogenetics and diversification of tanagers (Passeriformes: Thraupidae), the largest radiation of Neotropical songbirds» (PDF). Molecular Phylogenetics and Evolution (75). pp. 41–77. ISSN 1055-7903. doi:10.1016/j.ympev.2014.02.006 
  18. Van Remsen, fevereiro de 2016. [http://www.museum.lsu.edu/~Remsen/SACCprop704.htm “Transferir Saltator y Saltatricula de Incertae Sedis a Thraupidae»” Proposta Nº 704 ao South American Classification Committe. Em inglês.
  19. Gill, F.; Donsker, D., eds. (2017). «Tanagers, flowerpiercers & tanager-finches». IOC – World Bird List (em inglês). Versão 7.3. Consultado em 14 de agosto de 2017 
  20. Clements, J. F., T. S. Schulenberg, M. J. Iliff, D. Roberson, T. A. Fredericks, B. L. Sullivan & C. L. Wood (2016). «The eBird/Clements checklist of birds of the world: v2016». The Cornell Lab of Ornithology (em inglês) 

Ligações externas

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