Nota: Se procura outros significados de Beira, veja Beira.

A Beira foi uma das seis grandes divisões históricas - comarcas, depois províncias - em que se dividia o território continental de Portugal, desde a Idade Média até ao século XIX.[1]

Região da Beira

Por ter sido várias vezes subdividida em várias províncias ou regiões (Beira Alta, Beira Baixa, Beira Litoral, Beira Interior e Beira Transmontana), o conjunto da Beira é por vezes referido pelo nome plural Beiras.

Territorialmente, a antiga Beira corresponde aproximadamente à atual região (NUTS 2) do Centro, ou seja, ao conjunto dos distritos de Castelo Branco, Viseu, Guarda, Coimbra, Aveiro e parte de Leiria.

Inicialmente, a Beira correspondia à faixa interior do território português, limitada a norte pelo rio Douro e a sul pelo rio Tejo. Mais tarde, passou também a incluir uma faixa litoral de território - entre os rios Douro e Mondego - que, antes, pertencia à Estremadura, tornando-se na maior província portuguesa.

Talvez por ser a maior província de Portugal, no século XVII, foi transformada num principado honorífico, cujo titular era, inicialmente, a filha mais velha do Monarca e, depois, o herdeiro do Príncipe herdeiro de Portugal.

Até ao século XVII, a Beira constituía uma correição, chefiada por um corregedor que representava o Rei e exercia as funções de magistrado administrativo e judicial. A partir daí, foi ela própria subdividida em várias correições ou comarcas, cada uma com o seu corregedor. No início do século XIX incluía as seguintes comarcas: Coimbra, Feira, Aveiro, Arganil, Viseu, Lamego, Trancoso, Pinhel, Linhares, Leiria e Castelo Branco. As províncias, incluindo a da Beira, tornaram-se então meras circunscrições militares, cada qual chefiada por um governador das armas.

Pela reforma administrativa de 1832, o território interior da Beira foi dividido em duas províncias, a Beira Alta e a Beira Baixa. Já a sua parte litoral foi agrupada com a comarca do Porto, dando origem à província do Douro.

Na divisão administrativa de 1835, as províncias tornaram-se apenas agrupamentos de distritos para fins estatísticos e de referência regional, sem quaisquer órgãos administrativos próprios. Da antiga Beira, a província da Beira Alta, incluía o distrito de Viseu, a província da Beira Baixa, os distritos da Guarda e de Castelo Branco e a província do Douro, os distritos de Coimbra, de Aveiro e do Porto (este, correspondendo a território da antiga província de Entre-Douro-e-Minho).

Em 1936, na sequência da Constituição de 1933, Portugal foi novamente dividido em províncias. A divisão implementada teve, por base, um estudo geográfico que dividia o país em 13 "regiões naturais", quatro das quais, no território da antiga Beira: Beira Litoral, Beira Baixa, Beira Alta e Beira Transmontana. Foram criadas as províncias da Beira Litoral, Beira Baixa e Beira Alta, esta última englobando, também, a região natural da Beira Transmontana. A Beira Litoral incluiu Leiria e parte do seu distrito, que nunca haviam pertencido à antiga Beira. Estas províncias deixaram de ter órgãos próprios em 1959, sendo extintas em 1976.

Topónimos com origem na Província da Beira

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Distrito de Viseu:

Distrito da Guarda:

Distrito de Coimbra:

Distrito de Castelo Branco:

Aldeias históricas

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 Ver artigo principal: Aldeias Históricas de Portugal

Na região da Beira Interior encontram-se algumas das aldeias mais pitorescas de Portugal, que se agrupam para formar a rota das aldeias históricas de Portugal, 12 aldeias reconhecidas pelo seu património cultural e paisagístico, e que tomaram parte em momentos específicos da história de Portugal. O percurso é composto pelas aldeias de Almeida, Belmonte, Castelo Mendo, Castelo Novo, Castelo Rodrigo, Idanha-a-Velha, Linhares da Beira, Marialva, Monsanto, Piódão, Sortelha e Trancoso.[2]

A maioria das aldeias tem castelos, muralhas, fortificações e outras construções de defesa da fronteira medieval. Monsanto, no concelho de Idanha-a-Nova, distrito de Castelo Branco, recebeu o título de "aldeia mais portuguesa em Portugal" em 1928.[2]

Almeida tem uma fortaleza na forma de uma estrela de 12 pontas (duplo hexágono) com seis bastiões e um número igual de ravelins. Está rodeado por um fosso de 12 metros de largura, ao longo de um perímetro de 2,5 quilómetros. Durante o seu momento histórico, foi guarnecida por 5000 homens e tinha mais de uma centena de bocas de incêndio de diferentes calibres. Sofreu importantes cercos em 1762, durante a Guerra dos Sete Anos e em 1810 durante a Guerra Peninsular após a invasão do país pela França de Napoleão.[3]

Ver também

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Referências

  1. Serrão, Joel. «Beira». Dicionário de História de Portugal. 1. Porto: Livraria Figueirinhas e Iniciativas Editoriais. p. 322. 3500 páginas 
  2. a b «Rede das Aldeias Históricas de Portugal» (PDF). Provere. Consultado em 2 de Abril de 2014 
  3. Pinho Leal 1873, p. 146-147.