Benkos Biohó

um quilombola que lutou contra a escravidão do reino espanhol

Benkos Biohó (final do século XVI — 1621), também conhecido como Domingo Biohó, nasceu em uma família real do Arquipélago dos Bijagós (bioho é etnônimo referente a habitantes da atual Guiné-Bissau; o mesmo que bijagó).[1] Ele foi adquirido por um comerciante de escravos português, Pedro Gomes Reinel, depois vendido ao homem de negócios espanhol Juan Palacios e então, após ser transportado para o que hoje é a Colômbia, na América do Sul, vendido novamente para o espanhol Alonso del Campo em 1596, em Cartagena das Índias. Ele fundou a comunidade quilombola de San Basilio de Palenque em algum momento do final do século XVI. Foi traído e acabou enforcado pelo governador de Cartagena em 1621.

Benkos Biohó
Benkos Biohó
Estátua de Benkos Biohó
Outros nomes Rei de Arcabuco
Nascimento
Guiné-Bissau
Morte 16 de março de 1621
Cartagena, Novo Reino de Granada, Império Espanhol
Estátua de Benkos Biohó

Em 1713, com decreto do Rei da Espanha, San Basilio de Palenque se tornou a primeira comunidade negra livre das Américas, após tentativas frustradas da coroa de atacar o esconderijo fortificado dos ex-escravos nas montanhas.

Biohó fugiu pela primeira vez quando o barco que estava transportando-o pelo rio Magdalena afundou. Ele foi recapturado mas escapou novamente em 1599, fugindo para as terras pantanosas ao sudeste de Cartagena. Organizou um exército que viria a comandar toda a região dos Montes de María. Também formou uma rede de inteligência e usou a informação coletada para ajudar a organizar mais fugas e guiar os escravos fugitivos ao território livre, conhecido como assentamento. Ele usava o título Rei de Arcabuco.

No dia 18 de julho de 1605, o Governador de Cartagena, Gerónimo de Suazo y Casalola, incapaz de derrotar os quilombolas, ofereceu um tratado de paz a Biohó, reconhecendo a autonomia do Palenque Matuna Biohó e aceitando sua entrada na cidade armado e vestido à moda espanhola, enquanto o palenque prometeu não receber mais escravos fugitivos, cessar sua ajuda em tentativas de fuga, e parar de se dirigir a Biohó como "rei". O acordo foi finalizado em 1612 sob a governança de Diego Fernández de Velasco. O tratado foi violado pelos espanhóis em 1619 quando capturaram Biohó enquanto andava despreocupadamente pela cidade. Foi enforcado e esquartejado em 16 de março de 1621. O governador García Girón, que ordenou a execução, argumentou amargamente que "era perigoso o jeito como Biohó era respeitado pela população" e que "suas mentiras e encantamento afastariam as nações da Guiné da cidade". A traição contribuiu ao histórico de desconfiança para com o governo da Colômbia.[1]

No fim do século XVII a região dos Montes de María tinha mais de 600 quilombolas, sob o comando de Domingo Padilla, que reivindicava para si mesmo o título de capitão enquanto sua esposa Juana adotava o título de vice-rainha, e se opuseram com êxito às tentativas de conquista das autoridades espanholas.

San Basilio de Palenque foi declarado Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela UNESCO em 2005.[2] A cerca de 70 quilômetros ao sul de Cartagena, sobre montes de valor estratégico que serviam como postos de vigia, ainda se ouvem os nomes dos palenques vizinhos: Sincerín, Mahates, Gambote.

Referências

  1. a b Tomaselli, Wesley (20 de novembro de 2017). «The Colonial Betrayal that Haunts Columbian Peace». Ozy. Consultado em 25 de julho de 2019 
  2. Colombia, Ministry of Culture of the Republic of, Cultural Space of Palenque de San Basilio (em cree), consultado em 12 de junho de 2018