Bens comuns
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Bens comuns, comum ou simplesmente comuns (do inglês Commons) denominam um conjunto de recursos, naturais ou culturais, que são compartilhados por um grupo de pessoas[1][2] denominados commoners. O termo - tradicionalmente usado, em economia, para designar bens naturais tais como as florestas, os rios e o ar - evoluiu com o tempo para ser empregado em outros domínios, como o conhecimento humano e as infraestruturas urbanas.[3] Também pode ser entendido como prática social de gerência sobre um recurso nem pelo Estado, nem pelo mercado, mas por uma comunidade de usuários que autogoverna o recurso por meio de instituições as quais ela mesma cria.[4][5]

Definição e uso atual do termo
editarA Digital Library of the Commons define "commons" como "um termo geral aplicável a recursos compartilhados, sobre os quais cada interessado tem o mesmo interesse".[3]
O termo commons deriva da designação legal tradicional inglesa para terras comunais. Contemporaneamente, o termo foi popularizado, no sentido de 'recurso compartilhado', pelo ecologista Garrett Hardin, autor de um influente artigo publicado em 1968, "The Tragedy of the Commons".[6] Como constatado por Frank van Laerhoven e Elinor Ostrom, "Após a publicação do artigo de Hardin sobre a tragédia dos comuns, títulos contendo as palavras 'os bens comuns', 'pilha de recursos comuns', ou 'propriedade comum' se tornaram muito raros na literatura acadêmica".[7]
O uso do termo commons tem raízes na história intelectual europeia, na qual se refere aos campos cultivados de maneira compartilhada, bem como aos pastos e florestas de uso livre e que, por fim, acabaram por ser reivindicados e cercados, transformando-se em propriedade privada - para uso privado. Nos textos políticos europeus, a riqueza comum era a totalidade das riquezas materiais do mundo, tais como o ar, a água, o solo e as sementes - toda a generosidade da natureza considerada como herança da humanidade como um todo, a ser compartilhada em conjunto. Nesse contexto, pode-se voltar mais atrás, à categoria jurídica romana res communis, aplicada às coisas comuns a todos e destinadas a serem usadas, desfrutadas por todos, em oposição à res publica, referente aos bens públicos, administrados pelo governo.[8]
O conhecimento como bem comum
editarMais recentemente, desde a década de 1990,[9] o conceito tem sido revisto e ampliado para abranger recursos informacionais ou digitais - como softwares e a própria Internet. Seu estudo volta-se para os aspectos de governança e sustentabilidade do uso de recursos compartilhados por uma comunidade. A questão da governança dos Commons foi tratada por Elinor Ostrom, Nobel de Economia 2009 (com Oliver Williamson).[10]
Em 2007, Elinor Ostrom, juntamente com sua colega Charlotte Hess, conseguiu estender o debate sobre os commons ao conhecimento, abordando o conhecimento como um ecossistema complexo que opera como um bem comum, compartilhado, que envolve dilemas sociais e aspectos políticos. A questão cenral era a disponibilidade imediata de formas digitais de conhecimento e as possibilidadesde armazená-lo, acessá-lo e compartilhá-lo como um bem comum. A conexão entre conhecimento e bens comuns pode ser feita através da identificação de problemas tipicamente associados aos bens naturais comuns, tais como superexploração, poluição e desigualdades, que também se aplicam ao conhecimento. Assim, são propostas soluções alternativas eficazes (baseadas na comunidade, não privadas e não estatais), semelhantes àquelas dos bens comuns naturais (envolvendo regras sociais, direitos de propriedade e estruturas de gestão adequadas). A metáfora dos commons é aplicada à prática social em torno do conhecimento. É neste contexto que o trabalho de Ostrom e Hess prossegue, discutindo a criação de depositários do conhecimento através de contribuições organizadas e voluntárias de estudiosos (a comunidade de pesquisa, ela própria um common social), os problemas que tal conhecimento comum pode enfrentar (como o parasitismo ou o desaparecimento de bens) e a proteção do conhecimento comum contra o confinamento e a mercantilização (na forma de legislação de propriedade intelectual, patenteamento, licenciamento e sobreprecificação).[8]
É importante notar a natureza do conhecimento e suas qualidades complexas e multicamadas de não rivalidade e não exclusividade. Diferentemente dos bens comuns naturais, que são rivais, excludentes (apenas uma pessoa pode usar qualquer item ou porção de cada vez e, ao fazê-lo, o item é consumido) e escassos (podem ser repostos, mas há limites para isso, de modo que o consumo/destruição pode ultrapassar a produção/criação), os bens comuns de conhecimento são caracterizados pela abundância (são não rivais e não excludentes e, portanto, em princípio, não são escassos, não impulsionando, portanto, a concorrência e a governança coercitiva). Essa abundância do conhecimento comum é reconhecida em modelos alternativos, tais como a produção de conhecimento comum baseada na produção de pares (CBPP), e foi concretizada no movimento do software livre. O modelo CBPP mostrou o poder da colaboração em rede, da colaboração aberta e dos incentivos não materiais para produzir bens de melhor qualidade (principalmente software).[11]
Governança dos Commons
editarO trabalho de Ostrom diz respeito principalmente à governança dos bens compartilhados por uma comunidade. Potenciais problemas no uso, gestão e sustentabilidade de tais recursos podem ser causados pelo comportamento humano, que leva a dilemas sociais relacionados com competição, aproveitamento e exploração excessiva. A análise desses problemas fatalmente recai na avaliação de questões tais como equidade (apropriação e contribuição equânime), eficiência (otimização) e sustentabilidade (resultados a longo prazo).
O estudo clássico de Ostrom apresenta oito princípios para a governança dos bens comuns:[12][13]
- Definir limites claros para os grupos;
- Adequação das regras que regem o uso dos bens comuns às necessidades e condições locais;
- Assegurar que as pessoas afetadas pelas normas possam participar na modificação das regras;
- Assegurar que a criação de regras sobre direitos de membros da comunidade sejam respeitados pelas autoridades externas;
- Desenvolver um sistema operado por membros da comunidade, para monitorar o comportamento dos membros;
- Aplicar sanções graduais aos infratores de regras;
- Fornecer meios acessíveis e de baixo custo para resolução de disputas;
- Construir a responsabilidade de governar os bens comuns em camadas aninhadas a partir do nível mais baixo até interligar todo o sistema.
Commoning como um processo
editarAcadêmicos como David Harvey têm adotado o termo commoning ("comunar", em tradução livre), o qual como um verbo serve para enfatizar o entendimento do comum como processo e prática antes de ser "um tipo particular de coisa" ou entidade estática.[14]
Portanto, o comum não deve ser entendido como um tipo específico de coisa, de ativo ou mesmo de processo social, mas como uma relação social instável e maleável entre determinado grupo social autodefinido e os aspectos já existentes ou ainda por criar do meio social e/ou físico, considerada crucial para sua vida e subsistência. Existe, de fato, uma prática social de 'comunalização'. Prática que cria ou estabelece uma relação social com o comum cujos usos sejam tanto exclusivos de um grupo social quanto parcial ou totalmente aberto a todos. No cerne dessa prática de comnualização encontra-se o princípio que a relação entre o grupo social e o aspecto do ambiente tratado como um comum será tanto coletiva quanto não mercantilizada - para além dos limites da lógica das trocas e avaliações de mercado.[15]
Alguns autores fazem distinção entre os recursos os quais são compartilhados (a pool de recursos comuns), a comunidade que os gere, e o comunar, isto é, o processo que subjaz à gestão coletiva de tais recursos.[16] A comunalização, assim, adiciona outra dimensão aos bens comuns, ao reconhecer as práticas sociais as quais dão forma ao processo de estabelecimento e gestão do comum.[17] Essas práticas implicam, à comunidade de commoners, a criação de uma nova forma de vida e ação conjuntas,[18] de modo a envolver uma mudança psicológica coletiva: entalha-se de tal modo, também, a subjetivação, por meio da qual os commoners produzem a si enquanto sujeitos comuns.[19]
Teoria econômica
editarTragédia dos comuns
editarA tragédia dos comuns ou tragédia dos bens comuns refere-se a uma situação em que os indivíduos, agindo de forma independente, racional e de acordo com seus próprios interesses, atuam contra os interesses de uma comunidade, esgotando os bens comuns (em inglês, Commons). Segundo a hipótese da "tragédia dos comuns", o livre acesso resultaria na superexploração de recursos finitos, provocando o seu esgotamento.
Esse conceito foi baseado originalmente em um ensaio escrito pelo matemático e economista William Forster Lloyd sobre posse comunal da terra, em aldeias medievais,[20] embora tenha sido popularizado pelo ecologista Garrett Hardin, no ensaio "The Tragedy of the Commons", publicado em 1968 na revista Science.[21] Todavia, a hipótese propriamente dita é tão antiga quanto Tucídides[22] e Aristóteles.[23] O fenômeno já foi observado em situações concretas, como a do Boston Common, em que a superexploração fez com que o Common deixasse de ser usado como área de pastagem pública.[24]
Entretanto, a economista Elinor Ostrom, vencedora do Prêmio Nobel (em conjunto com outros pesquisadores), revisitou a obra de Hardin em 1999,[25] descobrindo que a tragédia dos comuns não é tão prevalente ou tão difícil de resolver como Hardin sustentou, uma vez que os moradores frequentemente criaram soluções para o problema dos comuns; porém ocorre que, quando os comuns eram tomados de assalto por indivíduos não-locais, essas soluções deixavam de ter aplicação efetiva.[26] O cientista político Robert Axelrod, da Universidade de Michigan, também argumentou que mesmo indivíduos interessados apenas em seu próprio bem-estar irão encontrar formas de cooperar, uma vez que o autocontrole coletivo serve tanto aos interesses do indivíduo quanto aos do grupo.[27] Sendo assim, alguns autores sustentam que em vez deste fenômeno ser chamado de "A Tragédia dos Comuns", ele deveria ser chamado de "A tragédia do fracasso dos Comuns".[28]Comuns bem sucedidos
editarEnquanto a obra original, a partir da conceituação da tragédia dos comuns, sugeriu que todo comum estaria fadado ao fracasso, esse tipo de construção segue importante no mundo moderno. Trabalhos como o de Elinor Ostrom, realizados por economistas posteriormente, encontraram uma série de exemplos de comuns bem sucedidos.[29][30] Como exemplo, Ostrom considerou que os pastos comuns nos Alpes Suíços foram operacionalizados com sucesso por muitas centenas de anos pelos fazendeiros locais.[31]
Aliado a isso está o conceito de "comédia dos comuns", a partir do qual usuários dos comuns se tornam hábeis a desenvolver mecanismos que policiam o uso e a manutenção, possivelmente melhorando o estado do comum.[32] Esse termo foi cunhado em um artigo pela acadêmica jurídica Carol M. Rose, em 1986.[33][29][34]
Ver também
editarReferências
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- ↑ a b «Digital Library Of The Commons». dlc.dlib.indiana.edu. Consultado em 9 de fevereiro de 2022
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- ↑ Cidades rebeldes: de o direito à cidade a revolução urbana. [S.l.]: Livraria Martins Fontes Editora. 17 de maio de 2021. p. 145
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- ↑ Tucídides expressou o conceito desta forma: "Eles dedicam uma porção muito pequena de tempo para a consideração de qualquer objetivo público, e a maior parte na perseguição de seus próprios objetivos. Entretanto, imaginam que nenhum mal virá de sua negligência, isto é, a questão de alguém cuidar disso ou daquilo para eles; e então, pela mesma noção ser considerada por todos separadamente, a causa comum decai imperceptivelmente." Tucídides (c. 460 a.C.- c.395 a.C.), History of the Peloponnesian War, Livro I, Sec. 141; traduzido do grego por Richard Crawley (Londres: J. M. Dent & Sons; Nova York: E. P. Dutton & Co., 1910).
- ↑ Aristóteles exprimiu o conceito desta forma: "Que todas as pessoas chamem sua a mesma coisa no sentido em que o fazem, pode ser algo excelente, mas é impraticável; ou se as palavras são assumidas noutro sentido, tal unidade de forma alguma conduz à harmonia. E há outra objeção a esta proposta. Aquilo que é comum para muitos recebe o mínimo de cuidados. Todos pensam principalmente em si mesmos, dificilmente no interesse comum; e somente quando ele preocupa-se enquanto indivíduo. Além de outras considerações, todos estão mais inclinados a negligenciar o dever que espera que outro cumpra; como nas famílias, muitos serviçais são freqüentemente menos úteis do que uns poucos." Aristóteles (384 a.C.-322 a.C.), Política, Livro II, Capítulo III, 1261b; traduzido do grego por Benjamin Jowett em The Politics of Aristotle: Translated into English with Introduction, Marginal Analysis, Essays, Notes and Indices Arquivado em 30 de abril de 2007, no Wayback Machine. (Oxford: Clarendon Press, 1885), Vol. 1 de 2. Ver também aqui Arquivado em 16 de abril de 2007, no Wayback Machine., aqui, aqui Arquivado em 7 de janeiro de 2009, no Wayback Machine. ou aqui Arquivado em 22 de julho de 2013, no Wayback Machine..
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