Bruno Navarro
Bruno José Navarro Marçal (Coimbra, 1977 - Lisboa, 30 de Janeiro de 2021) foi um historiador e professor português.
Bruno Navarro | |
---|---|
Nascimento | 1977 Coimbra |
Morte | 30 de Janeiro de 2021 Lisboa |
Nacionalidade | Portugal |
Alma mater | Universidade de Lisboa Universidade Nova |
Ocupação | Historiador e professor |
Filiação | Partido Socialista |
Biografia
editarNascimento e formação
editarNasceu na cidade de Coimbra em 1977, e frequentou os estudos liceais em Freixo de Numão, no concelho de Vila Nova de Foz Côa.[1] Foi depois aluno na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde concluiu uma licenciatura em História e um mestrado em História Contemporânea.[2] A sua tese de mestrado, sobre o governo do general Pimenta de Castro durante a I República, foi depois editada em livro pelo Parlamento, tendo ganho vários prémios.[1] Posteriormente, doutorou-se na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, com uma tese sobre a engenharia portuguesa no império colonial, durante as primeiras décadas do século XX.[1]
Carreira
editarEm Abril de 2017, foi nomeado pelo Ministério da Cultura como presidente do Conselho Directivo da Fundação Côa Parque, organização responsável pela gestão do Museu e do Parque Arqueológico do Vale do Côa,[3] tendo assumido funções em 26 de Junho desse ano.[2] Sucedeu a António Martinho Baptista, que se reformou em Maio daquele ano.[3] Porém, a sua nomeação foi envolta em polémica, tendo a Associação dos Arqueólogos Portugueses emitido um comunicado em Maio, onde lamentou a vandalização de uma das figuras rupestres do Côa e criticou a escolha de Bruno Navarro, por não ter «qualificações para o efeito, seja na área da gestão seja nas áreas patrimonial ou arqueológica».[4] Nesta altura, exercia como deputado municipal pelo Partido Socialista em Vila Nova de Foz Côa, depois de ter ocupado a posição de adjunto do antigo presidente socialista da câmara local, Emílio Mesquita.[1]
Uma das suas intervenções mais conhecidas enquanto presidente do Côa Parque foi ter conseguido trazer o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, a Foz Côa em Julho de 2020, durante a Pandemia de COVID-19, no âmbito das comemorações do décimo aniversário da criação do Museu do Côa.[1] António Guterres foi homenageado por ter decidido, em Janeiro de 1996, sacrificar a construção de uma barragem da EDP, de forma a proteger as gravuras rupestres.[1]
Trabalhou igualmente como professor na Universidade Nova de Lisboa[2] e no Instituto Superior de Ciências Educativas (es), e foi investigador no Centro de História da Universidade de Lisboa e no Centro Interuniversitário de História da Ciência e da Tecnologia da Universidade Nova.[1] Foi responsável por vários estudos que foram incluídos em monografias, dicionários e periódicos especializados, tendo sido reconhecido como um dos principais investigadores da história portuguesa, nas épocas da Primeira República e do Estado Novo.[2]
Falecimento
editarFaleceu na cidade de Lisboa em 30 de Janeiro de 2021, aos 44 anos de idade, vítima de uma doença súbita.[1]
Homenagens
editarApós o seu falecimento, a Ministra da Cultura, Graça Fonseca, emitiu uma nota de pesar, onde realçou o seu «trabalho consistente e sustentado na atualização, inovação e modernização da Fundação Côa Parque e do Museu do Côa», principalmente durante o «lançamento do programa especial do Parque Arqueológico do Vale do Côa, na data em que se assinalou o vigésimo segundo aniversário da inscrição dos Sítios de Arte Rupestre do Vale do Côa na Lista do Património Mundial da UNESCO».[2] No comunicado, classificou «A Fundação Côa Parque e o Parque Arqueológico do Vale do Côa» como «o espelho e legado de um historiador e dirigente público que dedicou a sua vida ao conhecimento, ao exercício nunca fútil da memória e à defesa do património cultural nacional».[2]
Recebeu o Prémio de História Contemporânea – Dr. Victor de Sá, organizado pelo Conselho Cultural da Universidade do Minho, e o prémio República e Academia, emitido pela Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República.[2]
Obras publicadas
editar- Governo de Pimenta de Castro: um general no labirinto político da I República (2011)
- Um império projectado pelo "silvo da locomotiva": o papel da engenharia portuguesa na apropriação do espaço colonial africano: Angola e Moçambique (1869-1930) (2018)
- Nos labirintos que inventei (com Cruzeiro Seixas e Alexandra Silvano) (2019)
- Incisão no tempo: obras do acervo Atelier-Museu Júlio Pomar no Museu do Côa (colaborador) (2018)
Referências
- ↑ a b c d e f g h QUEIRÓS, Luís Miguel (30 de Janeiro de 2021). «Bruno Navarro (1977-2021): morreu o presidente da Fundação Côa Parque». Público. Consultado em 23 de Fevereiro de 2021
- ↑ a b c d e f g Agência Lusa (31 de Janeiro de 2021). «Presidente da Fundação Côa Parque morre aos 44 anos vítima de "doença súbita"». Observador. Consultado em 23 de Fevereiro de 2021
- ↑ a b «Bruno Navarro confirmado na presidência da Fundação do Vale do Côa». Público. 20 de Junho de 2017. Consultado em 23 de Fevereiro de 2021
- ↑ QUEIRÓS, Luís Miguel (4 de Maio de 2017). «Arqueólogos contestam escolha de Bruno Navarro para o Côa». Público. Consultado em 23 de Fevereiro de 2021