Cão semisselvagem

Um cão (cachorro) de vida selvagem, feral, silvestre, selvagem ou cão semi-selvagem é um cão selvagem que não está confinado a um quintal ou casa.

Como ler uma infocaixa de taxonomiaCães semi-selvagens
Cão selvagem em zona urbana
Cão selvagem em zona urbana
Cão selvagem em zona rural
Cão selvagem em zona rural
Estado de conservação
Não avaliada: domesticado
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Carnivora
Subordem: Caniformia
Família: Canidae
Género: Canis

Referem-se à versão selvagem (ou assilvestrada) do cão doméstico (Canis lupus familiaris). Esses animais podem ser encontrados em praticamente qualquer região habitada por seres humanos, exceto polos, devido à sua convivência de longa data com os seres humanos e a nossa ampla distribuição geográfica.

História

editar
 
um cão de rua vasculhando lixo em uma cidade em pleno natal.

Os cães selvagens descendem de cães abandonados em florestas ou zonas rurais, que para sobreviverem utilizaram estratégias instintivas para sobreviver. Representando possivelmente a espécie feral mais perigosa na atualidade. Pode-se encontrar uma grande diversidade de raças, tamanhos e comportamentos entre os cães ferais, mas todos compartilham o hábito onívoro oportunista.

Impactos ambientais

editar
 
cão selvagem galopando na selva.
 
Dois cães vadios nos arredores de Moscou, Rússia.

Os cães são predadores sociais, ou seja, caçam em grandes matilhas.

Esses animais caçam quase qualquer tipo de animal e dado o instinto predatório, podem ser bastante destrutivos em ecossistema e, portanto, são uma grande ameaça indireta para predadores de topo tais como leões, tigres, ursos, hienas, gatos, leopardos, onças e raposas, além de outros cães selvagens nativos de uma certa região.

Híbridos

editar
 
Cão lobo, cruzamento entre lobo com cão doméstico.
 
Coydogue, híbrido de coyote com cão doméstico.

Os cães domésticos podem cruzar com chacais, coiotes e até com lobos-cinzas devido sua proximidade filogenética. Esses cruzamentos geram indivíduos híbridos férteis que ameaçam diversas subespécies de alguns dos animais citados acima. Além disso, os híbridos, devido a seus instintos, possuem potencial para serem tão destrutivos quanto os cães ferais não-híbridos, e isso é um problema para toda a Eurásia[1][2] e Oceânia.[carece de fontes?] Haja em vista o caso dos dodôs, acredita-se que os cães ferais tenham tido uma significativa participação na extinção dessa espécie.

Novas espécies

editar
 
Dingo em mangezal.

O impacto de cães em ambientes selvagens também pode gerar novas espécies, como o dingo e o cão-cantor. O dingo (Canis lupus dingo) é um canídeo originado de cães ferais na Austrália com grande importância ecológica, sendo o maior predador terrestre na região e provavelmente o responsável pela extinção do tigre-da-tasmânia.[3]

Sua classificação taxonômica ainda é objeto de debate dentro da comunidade científica. O mesmo vale para o cão-cantor (Canis lupus hallstromi) conhecido por sua vocalização melódica, que também é um importante predador terrestre na Nova Guiné.

Nota-se que os cães ferais são predadores de alta periculosidade, não sendo raros ataques a humanos, especialmente em zonas rurais ou subúrbios isolados.

Comportamento com humanos

editar
 
Uma matilha de cães de rua na Índia cuja saúde está sendo verificada por voluntários.

Os cães ferais frequentemente manifestam altos níveis de agressividade em relação aos seres humanos, considerando-os uma potencial ameaça.

Diferentemente de seus parentes domesticados, esses cães adotam comportamentos semelhantes aos lobos e mantêm uma postura predominantemente firme, dominante ou agressiva na presença humana, demonstrando desconfiança em relação aos seres humanos e, muitas vezes, são reservados e ariscos. Crianças ou pessoas de baixa estatura podem ser percebidas como presas em potencial, resultando em ataques que ocorrem comumente em vários locais do mundo.

Alimentação

editar
 
Um cão feral parecido com golden retriever vasculahndo uma lixeira em busca de alimento.

Assim como os cães ferais, os cães semi-selvagens também se alimentam de frutas e outras plantas como parte de dieta onívora, além de restos de alimentos que são encontrados em lixos, como fazem os cães de rua, ursos, gatos e guaxinins, mas também podem caçar carneiros, gatos, doninhas, camelos, peixes, lhamas, bodes e roedores (tanto domésticos quanto selvagens).

Em determinadas regiões do mundo, sua alimentação pode se estender a vacas, búfalos, porcos, cavalos, burros, antas, girafas, antilocabras, cervos, antilopes, aves, reptéis, anfíbios, invertebrados, peixes, tubarões, focas, carniça, musaranhos, ouriços, xenartras, pangolins, afrothérios (incluindo elefantes, porcos formigueiros e damões do cabo), coelhos e primatas, como macacos e lêmures.

Na Austrália, esses animais foram observados caçando cangurus, e outros marsupiais e monotremados com maior eficácia do que os dingos, competindo ou cruzando diretamente com essa espécie. Enquanto na Rússia, já foram registrados ataques a seres humanos, animais domésticos e até caçadas em grandes grupos a cervos, da mesma forma que os lobos locais.


Ver também

editar

Referências

  1. «"Lobo loiro": híbridos de cães e lobos se espalham pela Europa e cientistas discutem impacto genético». Um só Planeta. 28 de março de 2024. Consultado em 30 de janeiro de 2025 
  2. «Conservação de animais: as espécies ancestrais de lobos que podem desaparecer para sempre». BBC News Brasil. 12 de agosto de 2024. Consultado em 30 de janeiro de 2025 
  3. Short, Jeff; Kinnear, J. E.; Robley, Alan (1 de março de 2002). «Surplus killing by introduced predators in Australia—evidence for ineffective anti-predator adaptations in native prey species?». Biological Conservation (3): 283–301. ISSN 0006-3207. doi:10.1016/S0006-3207(01)00139-2. Consultado em 20 de novembro de 2023 
  1. Gompper, Matthew E. (2013). "A interface cão-homem-vida selvagem: avaliando o escopo do problema". Em Gompper, Matthew E. (ed.). Conservação de Cães e Vida Selvagem Livre . Imprensa da Universidade de Oxford. pp. 9–54. ISBN 978-0191810183.
  2. Lescureux, Nicolas; Linnell, John DC (2014). "Irmãos em guerra: as complexas interações entre lobos (Canis lupus) e cães (Canis familiaris) em um contexto de conservação". Conservação Biológica . 171 : 232-245. doi : 10.1016 / j.biocon.2014.01.032 .