Cacaio
João Carlos Santos do Amaral [2] (Lages,[3] 25 de agosto de 1967),[2] mais conhecido como Cacaio, é um ex-futebolista e atual treinador de futebol brasileiro.
Informações pessoais | ||
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Nome completo | João Carlos Santos do Amaral | |
Data de nasc. | 25 de agosto de 1967 (57 anos) | |
Local de nasc. | Lages, Brasil | |
Nacionalidade | Brasileira | |
Informações profissionais | ||
Posição | Ponta-direita [1] | |
Clubes de juventude | ||
Pinheiros | ||
Clubes profissionais | ||
Anos | Clubes | Jogos (golos) |
1986 1986 1987-1989 1988-1989 1989 1989-1991 1991 1991 1992-1994 1992 1992 1993 1993 1994 1994 1995-1999 1996 1997 1999 1999 1999 1999 2000 2001 2001 2002 |
Pinheiros → Londrina (emp.) Porto Alegre → Flamengo (emp.) → Santa Cruz (emp.) Itaperuna → Paysandu (emp.) → Guarani (emp.) Guarani →Paysandu (emp.) → Remo (emp.) → América-SP (emp.) → Remo (emp.) → América-SP (emp.) → Criciúma (emp.) América-SP → Vila Nova (emp.) → Bragantino-PA (emp.) → Itaperuna (emp.) Araçatuba → Pelotas (emp.) → Brasil de Pelotas (emp.) Nacional-SP Treze Noroeste Garça |
jogos (golos) |
Times/clubes que treinou | ||
2005 2012 2013 2013 2014 2015 2015 2016-2017 2017-2018 2020-2021 2021-2022 2023 2023 |
Itaperuna Americano São José do Calçado Serra Cametá Tuna Luso Paragominas Santa Cruz-PA Cametá Remo Paragominas Paragominas Bragantino-PA Castanhal Ponte Nova São José-RJ sub-17 |
Notabilizou-se em especial por Itaperuna e no antigo Porto Alegre, clube que o originara; pela dupla Paysandu (no qual terminou campeão e artilheiro da série B do Brasileirão de 1991) e Remo (no qual venceu como jogador e como treinador o campeonato paraense); e pelo América de São José do Rio Preto, com o qual foi recorrente goleador do elenco no campeonato paulista.
Nos demais clubes em que jogou, também teve momentos de brilho por Santa Cruz, Guarani, Vila Nova (vencendo a Série C com a equipe goiana em 1996), Nacional (no qual foi campeão da terceira divisão paulista em 2000) e Treze, no qual integrou o início da campanha campeã paraibana de 2001. Como treinador, obteve reconhecimento sobretudo no futebol do Pará.
Como jogador
editarCaracterísticas
editarChamado desde a infância como Cacaio e sem saber explicar como esse apelido surgiu,[3] na década de 1980 ele tinha a autoavaliação de ser um ponta sem tantos gols, preferindo servir um bom passe a um companheiro;[4] também não se julgava um bom cabeceador.[5] Mas era reconhecido pela velocidade mesmo com porte físico robusto, sendo de especial valia para contra-ataques,[6] dado seu rápido arranque - normalmente, pelo flanco direito.[7]
Embora sua técnica geral fosse apontada como mediana,[8] Cacaio também era visto como grande driblador em velocidade.[9] Essas qualidades o faziam sobressair-se e/ou ser publicamente temido por adversários como Jorginho, que em dado duelo em 1988 teria levado "um banho" do ponta;[10] Mazinho, que em 1989 chegara a prometer marcação cuidadosa sobre o atacante;[11] ou Leonardo, a reconhecer em 1990 que "esse Cacaio é brabo".[12] Esses três adversários viriam a compor a seleção brasileira vencedora da Copa do Mundo FIFA de 1994.[13]
Gradualmente, Cacaio tornou-se centroavante, caracterizado por um posicionamento mais fixo na área, para aproveitar rebotes. Começou a ser reconhecido como goleador,[14] detendo inclusive, pelo Paysandu, a artilharia da série B do Brasileirão de 1991. Seus quatorze gols marcados em uma só edição, naquela, começaram a ser superados somente a partir de 1999.[15]
Brilhos por Pinheiros e Porto Alegre
editarCacaio foi revelado pelo antigo Pinheiros.[16] Este clube formaria em 1989 o atual Paraná após fundir-se com o Colorado.[17] No Pinheiros, Cacaio disputou a a Copa São Paulo de Futebol Júnior de 1985, na qual a equipe eliminou o Bayern Munique ao derrota-lo por 3-0,[18][19][20] além de destacar-se também contra tradicionais adversários paulistas: contra o Santos, treinado por Del Vecchio, Cacaio e os paranaenses perderam por apenas 1-0 na Vila Belmiro, na estreia;[21] nos mata-matas, Cacaio e colegas foram eliminados apenas na prorrogação pelo São Paulo, em jogo na Vila Belmiro no qual o Tricolor foi beneficiado com a não-marcação de um pênalti devido ainda no tempo normal ao Pinheiros.[22]
Uma vez profissionalizado pelo Pinheiros, chegou a ser emprestado ao Londrina.[3] Deixou o futebol do Paraná ao ser negociado no início de 1987 com o Porto Alegre,[23] por sua vez um dos clubes dariam origem ao atual Itaperuna, após fundir-se dali a uns anos com o time do Unidos e o do Comércio e Indústria.[24] O Porto Alegre estreava naquele ano na primeira divisão carioca. Então ponta-de-lança, Cacaio era considerado uma das principais apostas dos novatos,[16] sendo comprado junto ao Pinheiros por 1 milhão e 300 mil cruzados.[25]
Treinado por Lula, Cacaio era um dos destaques de uma equipe que vinha tendo um início surpreendente no qual se posicionava nas primeiras colocações, derrotando Flamengo e America,[26] clube que havia sido recentemente semifinalista do campeonato brasileiro do ano anterior.[27] Em 2021, Cacaio seguia recordando os desdobramentos do triunfo contra os flamenguistas: "em dia de jogo contra os grandes, o comércio fechava ao meio dia. Era uma festa para a cidade. Vinha gente de toda a região para assistir os jogos".[28] Ao fim, aquele triunfo terminou como ponto alto de uma campanha encerrada sob discreto nono lugar.[23]
Naquele estadual, Cacaio sobressaiu-se mesmo quando perdia, como em duelos contra o Botafogo - autor de gol em derrota de de 3-1,[29] chegou a deixar Mauro Galvão "envolvido em todas as jogadas" em derrota de 1-0;[30] em visita a São Januário para enfrentar o Vasco da Gama, foi a grande figura do Porto Alegre em revés de 3-0.[31] Na vitória sobre o America, foi avaliado como o principal responsável, ao fornecer os cruzamentos para os dois gols de sua equipe.[32] O clube rubro pensava em adquiri-lo para a disputa do Brasileirão de 1987.[33][34] Contudo, em protesto por ter a campanha semifinalista de 1986 ignorada pelo Clube dos 13, que o deixara de fora da Copa União, o America abdicou de disputar o certame nacional de 1987, considerando humilhante sua alocação no Módulo Amarelo, visto como uma virtual "segunda divisão".[27] Cacaio seguiu no Porto Alegre, inclusive para excursão por África e Oriente Médio.[35]
Para a disputa do campeonato carioca de 1988, a aspiração do Porto Alegre era um sexto lugar.[23] Contra o America, que naquele ano disputaria pela última vez a primeira divisão do Brasileirão,[27] Cacaio tornou o ataque mais ágil ao substituir Luisinho das Arábias e forneceu a assistência para o único gol, no primeiro turno.[36][37] na sequência dos principais jogos, foi o principal elemento do Porto Alegre em derrota para o Flamengo (3-0);[38] marcou um dos gols em 2-2 com o Bangu,[39] então recentemente vencedor da Taça Rio de 1987;[40] com "dribles que agigantaram a torcida" e apontado como melhor em campo, teve desempenho de "quebrar a estrutura e o acerto" da defesa do Fluminense, a ponto de fazer o Tricolor sair "satisfeito" com empate em 1-1 em Itaperuna;[41][42] levou "pânico" à defesa do Vasco da Gama em derrota de 1-0, sem que Mazinho conseguisse marca-lo;[41][43] contra o Flamengo, protagonizou a jogada do primeiro gol, de Alcer. Nas palavras da imprensa, Jorginho "levava um banho de Cacaio", que, contudo, lesionou-se e viu o adversário vencer de forma custosa por 3-1, resultado creditado à sorte maior da equipe da capital.[10][44][44][45] por fim, novamente destacou-se em outra vitória sobre o America, por 4-2: efetuou o cruzamento para o primeiro gol e sofreu o pênalti que Alcer converteu para assinalar o quarto.[46][47]
Flamengo, Santa Cruz e Itaperuna
editarEm agosto de 1988, Cacaio foi emprestado pelo Porto Alegre ao Flamengo, em negócio de 5 milhões de cruzados válido até julho do ano seguinte,[48] em negociação solicitada diretamente pelo dirigente George Helal.[49] Após boas atuações contra os grandes no certame estadual, esperava-se que Cacaio rendesse frutos,[50] ainda que precisasse concorrer com Zinho, Bebeto e Alcindo no ataque flamenguista.[51] Acabou por disputar somente duas partidas, ambas pelo Brasileirão daquele ano – vitória de 2-1 sobre o America no Maracanã e derrota de 1-0 para o Bahia na Fonte Nova, sem chegar a marcar gols.[52] Foram válidas ainda pela 2ª e pela 4ª rodadas, respectivamente.[53]
Contra o America, Cacaio foi utilizado pelo treinador Candinho para substituir Paulo Martins no decorrer da partida, mas sem haver tempo para que tocasse na bola,[54] sequer recebendo nota da imprensa.[55] Foi precismanente o primeiro jogo competitivo no qual o clube atuou sem qualquer remanescente do Mundial Interclubes de 1981.[56] Contra o Bahia, futuro vencedor daquele Brasileirão, Cacaio também começou na reserva, vindo a substituir Luís Carlos.[57] Foi reconhecido apenas por mostrar-se com esforço e disposição.[58]
Embora ainda integrasse o elenco rubro-negro em janeiro de 1989, com o Brasileirão de 1988 ainda não finalizado,[59] não se esperava que Cacaio permanecesse na Gávea, acertando-se a rescisão na primeira quinzena de fevereiro.[60] Regressado ao Porto Alegre, reencontraria o Flamengo, novamente como adversário, ainda naquele mês, já pelo campeonato carioca de 1989.[61] Com Cacaio de volta, o Porto Alegre chegou a ser vice-líder da Taça Guanabara naquela edição.[62]
Temido publicamente por Mazinho antes de duelo ainda em fevereiro contra o Vasco da Gama,[11] naquele mesmo mês Cacaio forneceu assistência para empate em 1-0 com o Botafogo.[63] Demandando marcação simultânea de dois zagueiros em boa forma para poder ser anulado,[64] foi, já em março, a figura do Porto Alegre que mais deu trabalho em derrota de 1-0 para o Fluminense.[65] O pequeno clube viria a obter um histórico quinto lugar, a incluir vitória sobre o Flamengo; logo após o fim dessa campanha, o Porto Alegre originou o atual Itaperuna.[28] Cacaio, considerando um dos principais pontas do futebol carioca, terminou na segunda quinzena de março negociado com o Santa Cruz, em empréstimo pactuado para até o final do ano.[66]
O ponta chegou ao Recife a tempo de vencer o primeiro turno do campeonato pernambucano de 1989.[67] Inclusive, integrou a seleção ideal do primeiro turno, junto ao colega Waldir Peres e o treinador Givanildo Oliveira, ambos também tricolores.[68] Naquela fase do estadual, Cacaio destacou-se sobretudo em um primeiro clássico com o Náutico: em jogo já decisivo, além de provocar um pênalti,[69] foi avaliado como de atuação que "contagiava",[70] responsável por desmontar o esquema defensivo adversário.[71]
Em um duelo seguinte contra o rival, acabaria lesionado em partida violenta,[72] tendo a própria camisa rasgada.[73] Já no segundo turno, Cacaio chegou a marcar um gol de bicicleta na vitória sobre o Sete de Setembro,[74] além de empatar (em 1-1) aos 46 minutos do segundo tempo um clássico com o Sport.[4][75]
Contra o Náutico, contudo, Cacaio viveu sequência de clássicos polêmicos: em um, no qual foi o mais perigoso jogador coral, o rival venceu na prorrogação em noite de arbitragem questionada pela expulsão de Waldir Peres.[76] a imprensa também questionou a arbitragem em triunfo alvirrubro por 3-0, apontando-se a não-marcação de um pênalti devido aos tricolores com a partida ainda em 1-0 e a concessão de uma penalidade máxima ao "Timbu" exatamente no lance que renderia o segundo gol do lado vencedor;[77] o rival venceria o segundo turno e acabaria campeão nas finalíssimas, nos primeiros dias de agosto. Àquela altura, por outro lado, a avaliação era de que o Santa havia chegado "longe demais" e que Cacaio foi ausência sentida,[78] pois contundira o joelho direito ainda aos 15 minutos do jogo de ida (empatado) e terminou barrado pelos médicos de atuar no outro.[79][80]
Embora a lesão fizesse Cacaio só conseguir voltar a jogar em setembro, já pela Série B de 1989, o Santa Cruz dispunha-se em arcar com os 150 mil cruzados novos para compra-lo em definitivo do Itaperuna.[81][82] Apesar da eliminação no primeiro mata-mata, para o Treze, em noite na qual Cacaio foi bem anulado,[83] o ponta era visto como a principal figura do elenco coral,[7] a ponto de ser visto como o melhor em campo até mesmo em goleadas nas quais não fazia gols - como no 4-0 sobre o CSA, livrando-se de dois adversários antes de fornecer a assistência para o segundo gol e efetuando também o cruzamento que originou o quarto;[84] ou ser quem jogava bem em alguma atuação coletivamente ruim dos pernambucanos.[85] Contudo, ao fim da temporada, em dezembro, o Itaperuna viria a reavaliar o passe em 500 mil, inviabilizando a negociação.[86]
Cacaio, regressado a Itaperuna para a disputa do campeonato carioca de 1990,[87] chegou a ser recordado pelo lateral-esquerdo flamenguista Leonardo com a declaração “esse Cacaio é brabo”, logo antes de duelo entre os dois clubes.[12] Pela nova agremiação, Cacaio também participou da Série B do Brasileirão daquele ano, no qual chamou atenção dos paraenses: marcou gols em dois jogos sobre o Remo - primeiramente, em empate em 1-1,[88] dentro de Belém, em igualdade só alcançada pelo adversário já nos minutos finais do jogo. Posteriormente, também fez o segundo gol de vitória por 2-1, na partida em casa.[89] Naquela Série B, o Itaperuna acabou igualado com o Sport na pontuação e em todos os critérios de desempate na vaga à fase semifinal, forçando um sorteio.[90] O concorrente acabou contemplado e, adiante, terminaria campeão.[91]
Primeiro ciclo na dupla Re-Pa e no Guarani
editarEm 1991, chegou ao Pará, emprestado pelo Itaperuna ao Paysandu.[92] Estabeleceu-se como artilheiro do “Papão” campeão, no primeiro semestre, da série B do Brasileirão,[93] bem como também o goleador máximo do próprio campeonato.[94][95][96]
Na primeira fase da trajetória, marcou duas vezes na estreia, um 4-2 sobre o Maranhão; o único no 1-0 sobre o Sampaio Corrêa, na segunda rodada, em São Luís; dois em 5-0 na quarta rodada, sobre o Rio Branco; dois sobre o arquirrival Remo, vencido por 3-0 em Re-Pa válido pela sétima rodada; e dois em 3-0 sobre o Rio Negro, pela décima rodada.[93]
Após passar cinco jogos sem marcar, Cacaio anotou no jogo de volta das oitavas-de-final, contra o Ceará, em Fortaleza: o 1-1 classificou os paraenses, que já haviam vencido por 1-0 em Belém.[93] Nos vinte anos do título nacional, em 2011, Cacaio enfatizaria aquela ocasião como talvez a mais especial da campanha: "lá tomamos uma pressão danada. Marcamos 1 a 0 e, no finalzinho, o Ceará empatou. Mesmo assim conseguimos (empatar). Esse jogo foi o da arrancada".[97] Na sequência, o “Papão” foi derrotado no Rio Grande do Norte pelo ABC no jogo de ida das quartas-de-final, por 1-0, mas terminou classificado ao vencer os potiguares por 3-1, com Cacaio marcando duas vezes.[93] Em um desses gols sobre o ABC, a emoção gerada foi tanta na torcida bicolor que um dos alambrados da Curuzu terminou caindo na comemoração.[97]
Ele passou os três jogos seguintes sem marcar – as duas semifinais e a ida da decisão, contra o Guarani. E então fez seu 14º e último gol para abrir no Mangueirão a vitória de 2-0 sobre a equipe de Campinas, em 26 de maio,[93] ainda que o treinador adversário, o antigo bicampeão mundial Pepe, houvesse ordenado marcação pessoal sobre o atacante.[98] No lance, Cacaio aproveitou um lançamento na entrada da área e chutou forte, aos 21 minutos do segundo tempo.[99] Aos 37, Dadinho fez o segundo, lance que desencadeou em reclamação generalizada dos visitantes e expulsão de cinco deles.[93] Quase três décadas depois, relembrou:
“ | Teve um gosto especial, pois foi meu primeiro título como jogador profissional, mesmo tendo passado pelo Flamengo (...) e Santa Cruz (...), que também eram equipes de massa. Foi algo único, pelo meu ‘casamento’ com a torcida, virei ídolo de uma nação. Eu só agradeço a Deus por tudo[100] | ” |
Após o título, Cacaio reforçou no início de julho o próprio Guarani, que o requistara junto ao Itaperuna inicialmente em empréstimo de 5 milhões de cruzeiros até o fim do ano.[101] Em outubro, a equipe chegou a liderar seu grupo no campeonato paulista de 1991.[102] Cacaio fazia com Tiba e Sonny Anderson (este, mais recuado) o trio de atacantes titulares da equipe de Vanderlei Luxemburgo, que foi semifinalista no estadual;[103] Ao fim do ano, foi um dos quatro profissionais que reforçaram a equipe juvenil finalista do campeonato paulista da categoria, decidido exatamente contra a Ponte Preta.[104]
Cacaio, visto então como um dos destaques do Guarani, teve, para o Brasileirão de 1992,[2][105] seu passe comprado em definitivo – negociado em 200 mil dólares com o Itaperuna.[106] Chegou a ser o melhor avaliado no clube em derrota de 3-0 exatamente para o Paysandu, em 11 de abril,[107] o que não impediu homenagens preparadas pela torcida bicolor a ele, nem boatos de um retorno.[106]
O regresso, com vistas para o campeonato paraense de 1992, chegou a ser anunciado em junho, com Cacaio acompanhado de outros jogadores cedidos pelo Guarani – Valdeir, Jura e Julimar.[108] Os quatro chegaram a marcar gols em vitória amistosa de 5-1 sobre o Tiradentes, em 2 de julho.[109] No mesmo mês, no dia 27, em outro amistoso, contra o Peñarol, Cacaio marcou os dois primeiros gols em vitória por 4-0.[110] Treinados por Roque Máspoli, o goleiro do Maracanaço, tal como em famoso amistoso de 1965 no qual perderam de 3-0, os uruguaios sofreram ainda aos sete minutos o primeiro - em jogada na qual Cacaio livrou-se de três adversários e, embora perdesse a bola contra um quarto, a vira sobrar para Edil Highlander, que então atraiu a marcação a si; nessa disputa, a bola voltou a Cacaio, que então girou para acertar o gol vazio. Cacaio ampliou o placar logo aos dezesseis minutos, ao ganhar em contra-ataque a corrida contra um marcador, concluindo então na saída do goleiro Óscar Ferro.[111]
Em outros amistosos ao longo de julho de 1992, Cacaio somou outros três gols, incluindo dois em vitória de 3-0 sobre o Moto Club, no dia 16. Já em 15 de agosto, em amistoso contra a seleção municipal de Abaetetuba, marcou seu último gol pelo Paysandu, em outra vitória por 3-0.[109] Àquela altura, o campeonato paraense de 1992 já havia começado, mas sem que Cacaio fosse utilizado pelo "Papão";[112] ainda restavam pendências financeiras do clube com o Guarani, que faziam o ídolo se dispor a voltar a Campinas.[113] Após três meses de indefinição, ao fim de agosto de 1992 o presidente do Guarani deliberou em dividir entre a dupla Re-Pa os quatro jogadores inicialmente emprestados ao Paysandu: Valdeir e Julimar permaneceram na Curuzu, por 50 mil, enquanto Jura e Cacaio foram direcionados por 100 mil ao Remo, ambos negócios em dólares.[114]
Em 13 de setembro de 1992, Cacaio já fazia seu primeiro Re-Pa como remista, pelo estadual, em vitória azulina por 1-0. Embora sem ele, o Leão também venceu o clássico seguinte (também por 1-0), igualmente pelo estadual, e, ao empatar o subsequente (0-0, também sem ele), assegurou a conquista do primeiro turno. Porém, seu novo clube veio a sofrer quatro derrotas seguidas por 1-0 em novos dérbis no certame, ao longo do segundo turno e das duas finalíssimas. Nessas derrotas, Cacaio esteve na segunda, entrando no decorrer do clássico; e, como titular, na terceira. O “Papão” terminou campeão, encerrando um tricampeonato seguido do Remo.[115]
Novo destaque no Pará e idolatria no América-SP
editarCacaio regressou ao Guarani e em fevereiro de 1993 foi emprestado ao América. A equipe da cidade de São José do Rio Preto aspirava avançar à fase semifinal do campeonato paulista daquele ano,[116] liderando o Grupo B do estadual.[117] Cacaio destacou-se,[118] logo firmando-se na artilharia do elenco e na idolatria da torcida.[119] Ao fim de março, esteve a quatro gols da artilharia geral do certame: somava oito, contra doze de Evair, dez de Viola e nove de Raí.[120] Quando somava onze gols, em meados de abril, Cacaio era o artilheiro do Grupo B.[121] Contudo, o América perderia a liderança na reta final, eliminado ainda na fase de grupos na primeira quinzena de maio.[122]
Para a sequência do primeiro semestre de 1993, Cacaio foi novamente emprestado pelo Guarani ao Remo;[123] estreou precisamente em Re-Pa, já na nona partida do “Leão” no campeonato paraense de 1993, vencendo por 1-0 o ex-clube. O jogo seguinte, novamente o clássico, definiu o primeiro turno e Cacaio marcou na vitória de 3-1. Destacou-se, sobretudo, com três gols na goleada de 10-0 sobre o Tiradentes, além de fechar a goleada de 5-0 no Independente pelas semifinais do segundo turno. Os últimos gols de Cacaio foram dois em 4-1 sobre o Marituba.[124] Cacaio só somou um gol a menos do que o artilheiro do certame, o tunante Ageu Sabiá, embora houvesse chegado no campeonato com o torneio já em andamento (o que lhe renderia lamentações). Contribuiu ainda com assistência ao gol do título, ao efetuar o cruzamento para cabeceio de Agnaldo no Re-Pa decisivo.[123]
Para a disputa do Brasileirão de 1993, foi novamente reintegrado ao Guarani, embora sob expectativa de ser opção para o banco de reservas bugrino,[125] ainda que acumulasse quatorze gols pelo América junto à vice-artilharia paraense como remista.[126] De fato, Cacaio acabou de fora de boa parte da campanha alviverde, vetado pelo departamento médico devido a problemas urológicos.[127]
No início de 1994, reforçou novamente o América para a disputa do campeonato paulista daquele ano,[128] emprestado em 25 mil dólares pelo Guarani.[14] Apesar dessa condição, chegou a enfrentar o próprio Bugre, inclusive construindo o contragolpe e fornecendo a assistência para o gol da vitória de virada por 2-1.[129] Novamente, sobressaiu-se como artilheiro do elenco americano,[130] com doze gols.[131] Um deles empatou em pleno Pacaembu em 1-1 o duelo com o então líder Corinthians,[132] que naquela ocasião promovia a reestreia do ídolo Casagrande.[133] O América sagrou-se como a melhor equipe do interior, junto ao Bragantino.[134][135]
Cacaio chegou a ser sondado pela equipe espanhola do Albacete,[136] mas inicialmente permaneceu em São José do Rio Preto para a Série B do Brasileirão de 1994.[137] Então, ao fim de setembro, teve seu empréstimo direcionado ao Criciúma, solicitado pelo treinador Lori Sandri para a campanha catarinense na Série A de 1994.[138] Anotou quatro gols,[139] incluindo o do empate em 2-2 contra o Remo dentro do Baenão, aproveitando um rebote e falha da zaga azulina aos 31 minutos do segundo tempo para marcar sobre o goleiro Clemer.[140] Àquela altura, o time paraense vinha em bom momento, com duas vitórias seguidas fora de casa no grupo-repescagem.[141] Contudo, o ex-clube de Cacaio acabaria declinando a ponto de terminar em penúltimo e rebaixado,[142] precisamente por dois pontos a menos que o Criciúma,[143] precisamente por dois pontos a menos que o Criciúma,[139] salvo do descenso em campanha avaliada como razoável pelo bom retrospecto no estádio Heriberto Hülse.[144] À altura da década de 2020, a edição de 1994 segue como última Série A com participação do Remo.[145]
Cacaio voltou ao América para a disputa do campeonato paulista de 1995.[146] Inicialmente, voltou a destacar-se, inclusive quando não fazia gols – como em duelo contra o Palmeiras, onde, no empate em 2-2, foi apontado como o melhor em campo ao construir as jogadas dos dois gols americanos, além de criar outras chances.[131] Exibia um excelente futebol segundo a Folha de S.Paulo,[147] recobrando dote de artilheiro na equipe comandada por Júlio César Leal. Porém, acabou lesionando o joelho e desfalcando por meses a equipe rio-pretana.[148][149]
Também figurou no estadual de 1996 pelo América,[150] no qual (com sete gols) foi vice-artilheiro do elenco, abaixo de Adriano;[151] um dos seus gols, contra o Novorizontino (1-1, fora de casa), chegou a ser marcado com 45 segundos de jogo.[152]
Títulos de terceiras divisões
editarPara a Série C do Brasileirão de 1996, Cacaio defendeu o Vila Nova.[153] Fez para a equipe do treinador Roberval Davino o último gol da complicada vitória de 5-3 sobre o Porto de Caruaru, duelo direto pelo acesso do “Tigrão” à segunda divisão, marcado por diversas viradas e empates no placar.[154][155] Posteriormente, o Vila assegurou de modo invicto o título nacional.[156][157]
Em 1997, já com o passe adquirido pelo América, chegou a ser sondado na pré-temporada pela Portuguesa Santista para o campeonato paulista daquele ano,[158] mas a princípio permaneceu na equipe de São José do Rio Preto para o certame.[159] No segundo bimestre, teve rápido retorno ao Pará, agora para defender o Bragantino. No campeonato paraense daquele ano, deixou gols nos seus dois duelos contra o campeão Remo, em derrotas no primeiro turno por 2-1 e por 4-1.[160]
No início de março de 1999, marcou, na seletiva interiorana, o gol que deu a vaga ao Itaperuna para o campeonato carioca de 1999, em empate em 1-1 dentro de Cabo Frio contra a Cabofriense.[161] No mesmo mês, rumou ao Araçatuba,[162] disputando o chamado "torneio da morte" da primeira divisão paulista daquele ano.[163]
Em maio, o Araçatuba o negociou com o Pelotas.[164] Teve uma boa estreia, contra o Caxias do técnico Tite: em vitória por 1-0, forneceu em cruzamento a assistência para o único gol e também sofreu um pênalti que terminaria desperdiçado por outro colega.[165] Já para a Série C do Brasileirão, rumou ao vizinho Brasil,[166][167] inclusive marcando de cabeça, aos 42 minutos do segundo tempo no Bento Freitas, o único gol de novo duelo contra o Caxias de Tite.[168]
Em 2000, foi um dos principais artilheiros do título do Nacional na Série A3 do campeonato paulista.[169] A equipe paulistana foi campeã em decisão contra o Garça, ao fim de julho, no estádio adversário.[170]
Final
editarEm 2001, Cacaio defendeu o Treze,[171] pelo qual chegou, em março, a marcar os dois gols de vitória sobre o Athletico Paranaense por 2-0 pela Copa do Brasil daquele ano,[172] embora o adversário viesse a conseguir devolver o placar e avançar nos pênaltis no jogo da volta.[173] Em abril, enquanto o clube da cidade de Campina Grande disputava ainda o início do primeiro turno do campeonato paraibano de 2001, Cacaio deixou gols na Copa do Nordeste ocorrida em paralelo: marcou gols sobre o Sergipe (o último em vitória de 3-2),[174] CSA (empatando em 1-1)[175] e Ceará, fazendo o segundo em vitória de 2-1.[176]
No estadual, apenas em maio é que começaram os mata-matas do primeiro turno,[177] vencido pelo Treze. Adiante, o clube também venceria, já em agosto, o segundo turno, garantindo o título paraibano de 2001; Cacaio, contudo, já não participou da partida final.[178] Ainda em 2001, ele foi jogar no Noroeste,[179] clube de Bauru que disputava então a Série A3 do campeonato paulista.[180] Seu último clube como jogador, também no interior de São Paulo, foi o Garça,[97] em 2002.[181]
Treinador
editarSeu primeiro trabalho como treinador deu-se em 2005, no Itaperuna. Até 2011, já havia treinado, também no Rio de Janeiro, o Americano; e, no Espírito Santo, equipes de São José do Calçado e do Serra.[97][181]
Como treinador, teve seu primeiro trabalho paraense no Cametá, que o contratou ao fim de 2011. Cacaio foi anunciado como grande atração e prometia título, enfatizando a má fase da dupla Remo e Paysandu, nenhum deles campeão paraense naquele ano.[182]
Com efeito, o Cametá se sagraria campeão paraense em 2012, em título histórico pelo ineditismo à equipe e também por ter sido a centésima edição do torneio. No primeiro turno, o clube chegou a vencer por 2-1 o Paysandu em plena Curuzu e por 3-0 a Tuna Luso, saindo-se invicto também contra o Remo (2-2). A equipe do interior venceu esse turno, mas entrou em declínio que fez Cacaio acabar por deixar o time após derrota de 3-0 para o Águia de Marabá, a dois jogos do fim do segundo turno; Sinomar Naves já era o treinador nas vitoriosas finalíssimas contra o Remo.[183] Mesmo saindo antes, Cacaio foi reconhecido como responsável por montar a base do elenco vencedor e declarou-se grato pela oportunidade.[184]
Em 2013, voltou ao Pará para inicialmente comandar a Tuna Luso, desempenhando um bom segundo turno no estadual daquele ano, ainda que não evitasse o rebaixamento. Na sequência do ano, outra equipe paraense, o Paragominas, contratou-o visando a disputa da Série D de 2013. Cacaio, àquela altura, não disfarçava o desejo de futuramente vir a treinar Remo e Paysandu - "não como um ex-atleta, mas como um cara que trabalha, que não vai só para tapar um buraco".[181] Cacaio trabalhou no campeonato paraense de 2014 como treinador do Santa Cruz de Cuiarana.[185]
Ele estava regressado ao Cametá quando acabou contratado pelo Remo, em 2015. Ainda no "Mapará", Cacaio havia sido semifinalista do campeonato paraense de 2015. O Remo, por sua vez, demitira seu treinador após ser derrotado por 3-1 no Re-Pa e acabar ameaçadíssimo de não garantir calendário oficial para o restante do ano caso não vencesse o segundo turno e o torneio como um todo.[184] O "Leão" inclusive corria também risco de rebaixamento no próprio estadual.[186]
Em paralelo, nas semifinais da Copa Verde de 2015, Cacaio e o Remo conseguiram reverter derrota de 2-0 no jogo de ida para o arquirrival Paysandu ao vence-lo pelo mesmo placar no jogo da volta e avançar nos pênaltis. O “Leão” ainda não havia vencido o Re-Pa em três disputados naquele ano e, oito dias depois, pelo estadual, novamente venceu o rival pelas semifinais, ali válidas pelo segundo turno: foi por 2-1 e adiante terminaria campeão paraense.[187]
O Remo, posteriormente, acabou sofrendo vice-campeonato traumático na Copa Verde para o Cuiabá, inesperadamente campeão, uma vez que fora derrotado por 4-1 no Mangueirão e então soube vencer por 5-1 no Mato Grosso.[188] Cacaio permaneceu para a disputa da Série D de 2015 e, superando desconfianças, conseguiu garantir um acesso festejado, encerrando seis anos seguidos sem que o “Leão” tivesse assegurada uma participação na própria quarta divisão;[189] além do acesso, desfrutava de 70% de aproveitamento de pontos, taxa mais alta entre os treinadores remistas desde o rebaixamento sofrido em 2008 na terceira divisão.[190] Contudo, ainda em 2015, desentendimentos com a diretoria e propostas do futebol nordestino fizeram com que treinador e clube não renovassem o contrato.[186]
Em dezembro de 2016, foi recontratado pelo Paragominas.[191] Chegou a deixa-lo em fevereiro de 2017,[192] mas foi recontratado ainda naquele ano, em dezembro.[193] Novamente, permaneceu até fevereiro do ano seguinte.[194]
Em outubro de 2019, foi contratado pelo Bragantino, inicialmente como auxiliar técnico de Robson Melo.[195] Nesse outro clube paraense, Cacaio assumiu o cargo de treinador em março de 2020,[100] permanecendo no cargo ao longo do ano.[196] Desligou-se dali em março de 2021, diante de dificuldades financeiras atravessadas pelo "Braga" em meio à ociosidade forçada por um dos lockdowns do Brasil em 2021 necessários ao combate à pandemia local de COVID-19. Cacaio acertou então com o Castanhal, que buscava um substituto a Artur Oliveira.[197]
No Castanhal, obteve 61,1% de aproveitamento de pontos em 2021, com quinze vitórias, dez empates e cinco derrotas entre partidas pelo campeonato paraense, Copa Verde e Série D daquele ano. Embora não superasse mata-matas, teve o contrato renovado;[198][199] o "Japiim" havia sido 4º colocado no estadual e realizado a melhor campanha geral da primeira fase do torneio nacional. Contudo, um início ruim no estadual de 2022 ocasionou na saída de Cacaio após quatro partidas.[200]
Em 2023, trabalhou no primeiro semestre no Ponte Nova, time amador do município fluminense de São José de Ubá, com o qual disputou a Super Copa Noroeste de 2023.[201][202][203] No segundo semestre, assumiu a equipe sub-17 do São José de Itaperuna.[204][205]
Títulos
editarComo jogador
editar- Individual: artilharia do Campeonato Brasileiro de Futebol - Série B - 1991 (14 gols)
- Paysandu: Campeonato Brasileiro de Futebol - Série B - 1991
- Remo: Campeonato Paraense de Futebol - 1993
- Vila Nova: Campeonato Brasileiro de Futebol - Série C - 1996
- Nacional: Campeonato Paulista de Futebol - Série A3 - 2000.
- Treze: Campeonato Paraibano - 2001
Como treinador
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