Caio Víbio Pansa Cetroniano
Caio Víbio Pansa Cetroniano (91–43 a.C.; em latim: Caius Vibius Pansa) foi um político da gente Víbia da República Romana eleito cônsul em 43 a.C. com Aulo Hírcio. Embora aliado de Júlio César durante a guerra civil, lutou pela restauração da República após a morte de César. Morreu dos ferimentos recebidos durante a batalha do Fórum dos Galos.
Caio Víbio Pansa Cetroniano | |
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Cônsul da República Romana | |
Consulado | 43 a.C. |
Nascimento | 91 a.C. |
Bononia | |
Morte | 43 a.C. (48 anos) |
Laodiceia |
Biografia
editarComeço da carreira
editarPansa foi um homem novo que ascendeu pelo cursus honorum como resultado de sua amizade com Júlio César, com quem serviu na Gália.[1][2] De ascendência etrusca e proveniente de Perúsia (moderna Perúgia),[3] e possivelmente membro de uma família que foi proscrita sob Sula,[4] Pansa foi eleito tribuno da plebe em 51 a.C. e, durante seu mandato, vetou uma série de resoluções anti-cesarianas do Senado.[2][1][5] Durante a guerra civil entre Júlio César e Pompeu, apoiou ativamente a causa dos cesarianos. Em 48 a.C., acredita-se que foi eleito também edil ou pretor.[6][7]
Em 47 a.C., Pansa foi nomeado governador da Bitínia e Ponto, e retornou para Roma em algum momento durante 46 a.C..[8] Naquele ano, César nomeou Pansa como governador da Gália Cisalpina para substituir Marco Júnio Bruto, um posto que assumiu em 15 de março de 45 a.C..[1][7][9] Em torno deste momento, foi eleito também para o posto de áugure, um dos sacerdotes da Roma Antiga.[10] No começo de 44 a.C., César designou-o como o cônsul para o ano seguinte (43 a.C.)[1] e em algum momento antes de 21 de abril de 44 a.C., Pansa retornou da Gália Cisalpina e assentou-se na Campânia, esperando a situação em Roma se acalmar após o assassinato de Júlio César, ocorrido em 15 de março de 44 a.C..[11]
Reconhecido como um homem moderado e um defensor de uma solução de compromisso que mantivesse a paz,[12] Pansa tornou-se o líder dos cesarianos moderados e um dos principais proponentes do retorno da República, o que o colocou em curso de colisão com Marco Antônio, a quem Pansa opôs-se pelo final de 44 a.C..[13] Ele também tinha começado a entrar em conflito com Otaviano, o filho adotivo de Júlio César, que estava também na Campânia na mesma época que Pansa.[14] No entanto, Pansa não era totalmente hostil a Marco Antônio, e apesar de desejar limitar seu poder, não quis destruí-lo totalmente e nem estava disposto a ingressar na facção anti-cesariana no Senado para começar uma nova rodada de guerras civis.[15] Além disso havia o fato que Pansa estava casado com Fúfia, a filha de Quinto Fúfio Caleno, que era um aliado chave de Antônio.[16]
Consulado e morte
editarEm 1 de janeiro de 43 a.C., Pansa tornou-se cônsul ao lado de Aulo Hírcio. Eles abriram o debate no Senado acerca de qual ação seria tomada, se necessário, contra Marco Antônio. A discussão durou quatro dias; Pansa preferia unir as facções cesarianas e restaurar a harmônia da república, mas não obteve sucesso.[17] Otaviano recusou-se a cooperar com Antônio, enquanto Marco Emílio Lépido e Lúcio Munácio Planco continuaram a apoiar Antônio. O resultado final foi que o Senado legitimou o exército de Otaviano e o encarregou de trabalhar junto com Pansa e Hírcio na luta iminente contra Antônio.[18] O Senado, rejeitando as propostas de uma solução de compromisso de Antônio, ordenou aos cônsules que fizessem o que fosse necessário para preservar a segurança da República e aliviar Décimo Júnio Bruto Albino, cercado em Mutina. Embora Pansa e Lúcio Júlio César tenham sido bem sucedidos em evitar que Antônio fosse declarado um inimigo do Estado, um estado de guerra foi declarado contra ele.[19][20]
Quando discutindo os assuntos de estado no oriente sob Caio Cássio Longino e Marco Júnio Bruto, Pansa apoiou a moção para declarar o cesariano Públio Cornélio Dolabela um inimigo público, mas conseguir evitar a aprovação da proposta de Cícero que garantia poderes extraordinários a Cássio no oriente para lidar com Dolabela.[21] Ele também legitimou o comando de Marco Júnio Bruto na Macedônia e deu reconhecimento oficial para Sexto Pompeu no comando da Sicília.[22] Com o senado revogando muitas das Leis Antoninas, especialmente a Lei Antônia Agrária, Pansa foi forçado a avançar com medidas que confirmaram as colônias para os veteranos de César, bem como confirmaram muitos dos atos de César e a abolição do ofício de ditador.[20]
Em todo esse tempo Pansa foi também responsável por recrutar soldados descansados para a luta contra Antônio. Por 19 de março de 43 a.C., Pansa estava marchando para norte com quatro legiões recém-recrutadas, procurando juntar-se a Otaviano e Hírcio, que estavam tentando encurralar Antônio em Mutina.[23] Antônio, sabendo da aproximação de Pansa, interceptou-o em 14 de abril de 43 a.C. no Fórum dos Galos, a cerca de onze quilômetros ao sudoeste de Mutina. Antônio esmagou o exército de Pansa, que foi ferido durante a batalha e só conseguiu escapar quando o exército de Hírcio surpreendeu Antônio, forçando-o a fugir.[24] Por suas ações, Pansa (junto com Otaviano e Hírcio) foi proclamado imperator pelo Senado.[25][26]
Logo ficou claro que Pansa estava morrendo. Viveu o bastante para saber da segunda derrota de Antônio em Mutina em 21 de abril e da morte de seu colega consular, Hírcio, durante a batalha. Nas últimas horas, aconselhou Otaviano a não confiar em Cícero e no resto do Senado, alertando que eles se voltariam contra ele na primeira oportunidade.[26][27] Pansa transferiu o comando de suas tropas para seu questor, Mânlio Torquato, que que prendeu o doutor de Pansa, Glico, sob suspeitas de tê-lo envenenado.[28] Pansa morreu em 23 de abril de 43 a.C. e recebeu um magnífico enterro público.[7][26]
Ver também
editarCônsul da República Romana | ||
Precedido por: Marco Antônio I com Públio Cornélio Dolabela (suf.) |
Caio Víbio Pansa Cetroniano 43 a.C. com Aulo Hírcio |
Sucedido por: Marco Emílio Lépido II |
Referências
- ↑ a b c d Anthon 1836, p. 601.
- ↑ a b Syme 1937, p. 71.
- ↑ Syme 1937, p. 90.
- ↑ Dião Cássio século III, p. 45.17.1.
- ↑ Broughton 1952, p. 240.
- ↑ Broughton 1952, p. 257; 273.
- ↑ a b c Broughton 1986, p. 219.
- ↑ Broughton 1952, p. 298.
- ↑ Broughton 1952, p. 309.
- ↑ Broughton 1952, p. 313.
- ↑ Broughton 1952, p. 330.
- ↑ Syme 1937, p. 100.
- ↑ Broughton 1952, p. 315-316.
- ↑ Syme 1937, p. 114.
- ↑ Syme 1937, p. 133-134.
- ↑ Syme 1937, p. 134.
- ↑ Syme 1937, p. 133.
- ↑ Syme 1937, p. 167; 173.
- ↑ Syme 1937, p. 170-171.
- ↑ a b Broughton 1952, p. 334.
- ↑ Syme 1937, p. 172.
- ↑ Broughton 1952, p. 334-335.
- ↑ Syme 1937, p. 173.
- ↑ Syme 1937, p. 173-174.
- ↑ Syme 1937, p. 174.
- ↑ a b c Broughton 1952, p. 335.
- ↑ Syme 1937, p. 177.
- ↑ Broughton 1952, p. 340.
Bibliografia
editar- Anthon, Charles; Smith, William (1860). A New Classical Dictionary of Greek and Roman Biography, Mythology and Geography. [S.l.: s.n.]
- Broughton, T. Robert S. (1952). The Magistrates of the Roman Republic. II. Atlanta: Scholar Press
- Broughton, T. Robert S. (1986). The Magistrates of the Roman Republic. III. Atlanta: Scholar Press
- Dião Cássio (século III). História romana. [S.l.: s.n.]
- Syme, Ronald (1939). The Roman Revolution. Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-19-280320-4