Califórnia da Canção Nativa
A Califórnia da Canção Nativa é um evento artístico musical que ocorre no Rio Grande do Sul desde 1971, considerada patrimônio cultural do Estado, sendo modelo de divulgação da música regional gaúcha.[1]
Ocorrendo durante o ano provas eliminatórias em diversas cidades gaúchas, e por fim, após a triagem de mais de 500 músicas,[2] as finais ocorrem na cidade de Uruguaiana, fronteira oeste do Rio Grande do Sul, onde, conforme o grau de vitórias, é concebido o prêmio máximo: a Calhandra de Ouro.
O Nome "Califórnia"
editarA palavra Califórnia já era conhecida no Rio Grande do Sul desde suas origens. Em meados do século XIX foram famosas as Califórnias do Chico Pedro. Foi Garci Rodríguez de Montalvo o criador da palavra, pelos anos 1500, quando escreveu a famosa novela Las sergas de Esplandián. Os eruditos ainda disputam sobre a etimologia da palavra, a Academia inclinada a propugnar como sendo derivado de Califa. Entre os gaúchos, o termo Califórnia evoluiu de conceito, significando a "carreira de que participam mais de dois parelheiros" (Dicionário de Regionalismos do Rio Grande do Sul, de Zeno Cardoso Nunes e Rui Cardoso Nunes). Nessa acepção pode-se encontrar a seguinte passagem em Alcides Maia: "(...) Acabavam de correr uma califórnia: levava-a de pescoço um potrilho pangaré" (Alcides Maia, Ruínas Vivas, 1910). Como o festival de música gaúcha era também uma disputa entre melhores, e por ser as califórnias uma característica genuinamente gaúcha, por extensão, o festival ganhou esse epíteto.
História
editarO evento surgiu em 1971 em meio aos anos de chumbo, reunindo as mais diversas variações musicais nativas do Rio Grande do Sul organizada pelo CTG Sinuelo do Pago e prefeitura municipal, ambos de Uruguaiana. Inicialmente, sua primeira edição não teve tanta repercussão porém, algumas edições tiveram mais de 60 mil pessoas[3] e atualmente é o maior evento cultural regional do Brasil.
Conforme Cícero Galeno Lopes, em artigo publicado no livro RS índio: cartografia sobre a produção do conhecimento, Leopoldo Rassier pealou a censura ao cantar a música Tema de marcação, (poema de Luiz Coronel musicado por Marco Aurélio Vasconcellos), no festival de 1975, através de uma ambiguidade entre dois personagens históricos: o lunar de Sepé Tiaraju e a estrela de Che Guevara, já que ambos lutaram por liberdade, tinham "uma estrela na testa" e foram "pra baixo desse chão".[4] Além de Rassier (que compunha militância no Partido Comunista Brasileiro), diversos membros do Movimento Tradicionalista Gaúcho eram esquerdistas e compunham letras de crítica a Ditadura Militar Brasileira[5][6].
Composições vencedoras
editarReferências
- ↑ Califórnia da Canção Nativa ganha status de patrimônio cultural do RS
- ↑ Cachoeira vence na Califórnia da Canção Nativa
- ↑ O festival Califórnia da Canção
- ↑ Lopes, Cícero (2009). «Capítulo 2: Contornos do imaginário: imagens do índio do Rio Grande do Sul na literatura brasileira». In: Silva, Gilberto; Penna, Rejane; Carneiro, Luiz Carlos. RS índio: cartografia sobre a produção do conhecimento (PDF). Porto Alegre: EdiPUCRS. pp. 31–32. ISBN 978-85-7430-865-4
- ↑ «Pronunciamento de Roberto Freire em 07/02/2000»
- ↑ «"Por uma nova esquerda", de Luiz Coronel»