Calliphoridae
Calliphoridae é uma família de insetos da ordem Diptera. Com mais de 1900 espécies conhecidas, são chamadas popularmente de moscas-varejeiras ou moscas bicheiras. Diversas espécies possuem importância econômica, forense, médica e ecológica.
moscas-varejeiras Calliphoridae | |||||||||||||||||||||
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Ocorrência: Mioceno - presente, 23-0 Ma | |||||||||||||||||||||
Classificação científica | |||||||||||||||||||||
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Subfamílias | |||||||||||||||||||||
Possuem distribuição global, com exceção dos polos. São amplamente encontradas no ambiente urbano, especialmente no lixo e em locais com pouco saneamento.
As larvas de moscas-varejeiras normalmente se desenvolvem em substratos orgânicos em decomposição, como fezes, detritos ou organismos mortos. Por serem um dos primeiros organismos a colonizar cadáveres após a morte, são especialmente úteis em investigações criminalísticas ao possibilitar a estimava do Intervalo Pós-Morte (IPM).[1]
Algumas larvas de espécies desta família podem causar miíase ao infestar tecidos humanos e de outros animais, inclusive invertebrados. Além disso, podem ser vetores mecânicos de microorganismos patogênicos. Devido aos prejuízos à pecuária, a mosca-bicheira Cochliomyia hominivorax foi erradicada nos Estados Unidos em 1982 utilizando-se a técnica do inseto estéril.[2]
A família é atualmente considerada monofilética[3].
Descrição
editarCaracterísticas
editarOs adultos de Calliphoridae são geralmente iridescentes com coloração metálica, muitas vezes com tórax e abdómen azuis, verdes ou pretos. As antenas são de três segmentos e aristadas. As aristas são plumosas em todo o comprimento e o segundo segmento antenal é nitidamente estriado. Os membros de Calliphoridae têm veias Rs 2 ramificadas, suturas frontais estão presentes e os calípteros são bem desenvolvidos.
As características e disposições de cerdas semelhantes a pelos são utilizadas para diferenciar os membros desta família. Todas as moscas varejeiras possuem cerdas localizadas no meron. A presença de duas cerdas notopleurais e de uma cerda pós-umeral mais posterior localizada lateralmente à cerda pré-sutural são características que devem ser procuradas para identificar esta família.
O tórax apresenta sutura dorsal contínua ao meio, juntamente com calos posteriores bem definidos. O pós-cutelo é ausente ou pouco desenvolvido. A costa é intacta e a subcosta é aparente.[4][5]
Alimentação e desenvolvimento
editarEspécies da família Calliphoridae estão usualmente associadas ao ectoparasitismo, pois suas larvas se alimentam de tecido animal, em decomposição ou não.
É possível classificar os hábitos alimentares das larvas em: saprófago, normalmente vivendo em matéria orgânica em decomposição, mas também pode ocorrer a invação secundária de infestações ocorrentes, como em áreas necrosadas; ectoparasitismo facultativo, no qual é possível viver tanto como saprófago quanto iniciar uma miíase e viver como ectoparasita; parasitismo obrigatório, caracterizado pela alimentação exclusiva do tecido de hospedeiros vivos.[6]
As espécies parasitas obrigatórias são adaptadas a uma ampla gama de animais hospedeiros, tanto vertebrados quanto invertebrados.
Evolução
editarOrigem e diversificação
editarCom base em dados de datação molecular a partir de genoma mitocondrial, estima-se que o grupo surgiu a cerca de 22,4 milhões de anos, próximo a transição entre Oligoceno e Mioceno, e sofreu uma grande e rápida diversificação até o tempo presente[7], ocupando todos os continentes (exceto Antártida).
Acredita-se que sua diversificação foi estimulada por processos evolutivos e geológicos que possibilitaram a ocupação de novos nichos ecológicos, principalmente a expansão e sucesso evolutivo de grandes mamíferos herbívoros pastadores, a partir do aumento dos biomas de prados, ocasionado por mudanças de clima globais no Mioceno.[7]
Parasitismo
editarDiversas espécies da família desenvolveram parasitismo e a capacidade de se alimentar de tecido vivo de vertebrados superiores de forma independente ao longo de sua história evolutiva.[6] Este fato é um dos maiores exemplos de convergência evolutiva em insetos, e torna o grupo interessante para o estudo de evolução molecular.
Galeria
editarReferências
- ↑ Sivell, Olga (2021). «Blow flies (Diptera: Calliphoridae, Polleniidae, Rhiniidae)». RES Handbooks for the Identification of British Insects. 10 (16): 1–208. ISBN 9781910159064
- ↑ Whitworth, Terry (1 de novembro de 2010). «Keys to the genera and species of blow flies (Diptera: Calliphoridae) of the West Indies and description of a new species of Lucilia Robineau-Desvoidy». Zootaxa. 2663 (1): 1–35. doi:10.11646/zootaxa.2663.1.1
- ↑ Yan, Liping; Pape, Thomas; Meusemann, Karen; Kutty, Sujatha Narayanan; Meier, Rudolf; Bayless, Keith M.; Zhang, Dong (27 de outubro de 2021). «Monophyletic blowflies revealed by phylogenomics». BMC Biology (1). ISSN 1741-7007. doi:10.1186/s12915-021-01156-4. Consultado em 9 de janeiro de 2025
- ↑ Hamilton, W. J. (13 de maio de 1961). «ANATOMICAL ATLAS». BMJ (5236): 1372–1372. ISSN 0959-8138. doi:10.1136/bmj.1.5236.1372-b. Consultado em 9 de janeiro de 2024
- ↑ «INSECTES15-4»
- ↑ a b Stevens, Jamie R (setembro de 2003). «The evolution of myiasis in blowflies (Calliphoridae)». International Journal for Parasitology (em inglês) (10): 1105–1113. doi:10.1016/S0020-7519(03)00136-X. Consultado em 9 de janeiro de 2024
- ↑ a b Junqueira, Ana Carolina M.; Azeredo-Espin, Ana Maria L.; Paulo, Daniel F.; Marinho, Marco Antonio T.; Tomsho, Lynn P.; Drautz-Moses, Daniela I.; Purbojati, Rikky W.; Ratan, Aakrosh; Schuster, Stephan C. (25 de fevereiro de 2016). «Large-scale mitogenomics enables insights into Schizophora (Diptera) radiation and population diversity». Scientific Reports (em inglês) (1). ISSN 2045-2322. doi:10.1038/srep21762. Consultado em 9 de janeiro de 2024