Campeonato Gaúcho de Futebol de 1919
O Campeonato Gaúcho de 1919 foi a primeira edição desta competição futebolística organizada pela Federação Gaúcha de Futebol (FGF). Foi disputada em 9 de novembro de 1919, entre o Grêmio, de Porto Alegre, e Brasil, de Pelotas, no estádio da Baixada.
Evento | Campeonato Gaúcho de Futebol | ||||||
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Data | 9 de novembro de 1919 | ||||||
Local | Estádio da Baixada, Porto Alegre | ||||||
Árbitro | RS Oscar Fontoura | ||||||
Público | 3 500~ | ||||||
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A fórmula de disputa era a seguinte: os clubes foram divididos por regiões. Os campeões citadinos disputavam os regionais, e os campeões das fases regionais jogariam entre si no Campeonato Gaúcho para definir o título. O campeão foi o Brasil de Pelotas.[1]
Antecedentes
editarA primeira edição do Campeonato Gaúcho estava marcada para ter ocorrido em 1918, entre as equipes do 14 de Julho, Brasil de Pelotas e Cruzeiro de Porto Alegre, em um triangular final, mas por conta de uma epidemia de Gripe espanhola no Rio Grande do Sul, o torneio foi cancelado e adiado até o fim da epidemia.[2][3] Em 1919, com o fim da epidemia, foi possibilitado a realização da primeira edição do torneio.[2]
O plano original da organização era contar com a participação de representantes de várias cidades e regiões, entretanto, os representantes de Bagé (Guarany), Cruz Alta (Desconhecido), Sant'Ana do Livramento (14 de Julho), São Leopoldo (Nacional) e Uruguaiana (Uruguaiana), não conseguiram inscrever seus atletas à tempo, sendo eliminados. Assim, restaram apenas os representantes de Pelotas e Porto Alegre: Brasil e Grêmio.[4][5]
Ambas equipes foram campeãs de seus respectivos campeonatos citadinos.[4] Grêmio sagrou-se campeão municipal da qual participaram: Cruzeiro, Internacional, Porto Alegre, São José e Tabajara.[6] O Brasil sagrou-se tricampeão municipal[7] da qual participaram: GS Guarany, Ideal, Pelotas, Rio Branco de Pelotas e União.[6]
Equipes | Cidade | Classificação | Participações (anteriores) |
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Brasil de Pelotas | Pelotas | Campeão Citadino de Pelotas | |
Grêmio | Porto Alegre | Campeão Citadino de Porto Alegre | — |
Partida
editarPara chegar à Porto Alegre, a delegação do Brasil de Pelotas embarcou no navio a vapor Mercedes, em uma viagem que durava em média dois dias para ser concluída.[4] O navio ancorou no porto desseseis horas depois, no dia anterior à partida.[4][7] A delegação, chefiada pelo seu presidente Coronel Manoel Simões Lopes, ficou hospedada no Hotel Paris até a véspera da partida. O jogo seria disputado às 16 horas (horário local) para um público aproximado de 3 500[nota 1] espectadores, no estádio da Baixada - pertencente ao Grêmio[4][8] - que passou por várias reformas para a disputa.[9] Os ingressos foram disponibilizados pelo preço de $2 tostões para a arquibancada, enquanto $3 para o pavilhão.[9][10] A arbitragem ficaria a cargo de Oscar Fontoura, pertencente ao Cruzeiro.[6] O Grêmio seria treinado por Lagarto, que também atuaria como atacante, enquanto isso, o Brasil seria treinado por Maneca Farias.[4] Ambas equipes jogariam no esquema tático 2–3–5.[4]
O elenco do Grêmio era o mesmo de quando enfrentaram o 14 de Julho em sua partida anterior, mas de acordo com a revista Máscara, a única exceção era Meneghini, substituído por Levy,[nota 2] enquanto isso, o elenco do Brasil contava com nenhuma exceção.[11] Além disso, uma partida preliminar ocorreu pouco antes entre as equipes secundárias do Grêmio e Cruzeiro, com os alvicelestes vencendo pelo placar de 4–3.[11]
Detalhes
editar9 de novembro | Grêmio | 1 – 5 | Brasil de Pelotas | Estádio da Baixada, Porto Alegre |
16:00 (UTC-3) |
Máximo 28' | 12', 49', 71' Proença 29' Correa 52' Alvariza |
Público: 3 500 (aproxim.) Árbitro: RS Oscar Fontoura |
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Pós-jogo e reações
editarAntes de voltar para Pelotas, dois dias depois, o Brasil disputou uma partida amistosa contra a Seleção de Porto Alegre, e empatou em três a três. No desembarque em Pelotas, centenas de torcedores foram até o porto da cidade para recepcionar a delegação do clube. Houve queima de fogos e uma passeata até a Praça Cel. Pedro Osório, onde foram prestadas homenagens ao primeiro campeão gaúcho da história do futebol.
O título gaúcho obtido pelo Brasil resultou em um convite da CBD para a disputa do Campeonato Brasileiro de Clubes Campeões, realizado em 1920, no Rio de Janeiro.
Notas e referências
Notas
Referências
- ↑ Diário de Viamão (5 de abril de 2018). «Crônica de Grêmio x Brasil, final do Gauchão... em 1919». Consultado em 28 de dezembro de 2018
- ↑ a b Machado, Silvia (12 de abril de 2022). «FGF entrega ao 14 de Julho troféu do título honorífico do Gauchão de 1918». Federação Gaúcha de Futebol. Consultado em 8 de fevereiro de 2024. Cópia arquivada em 21 de fevereiro de 2023
- ↑ Saldanha, Marinho (22 de janeiro de 2022). «Como três times viraram campeões gaúchos mais de 100 anos após o título». UOL. Consultado em 8 de fevereiro de 2024. Cópia arquivada em 29 de maio de 2022
- ↑ a b c d e f g Diverio, Rafael (9 de novembro de 2019). «Há cem anos, Brasil-Pel se tornava o primeiro campeão gaúcho; relembre a conquista». GZH. Consultado em 9 de fevereiro de 2024. Cópia arquivada em 10 de abril de 2023
- ↑ Centeno, Ayrton (7 de fevereiro de 2019). «Gauchão: cem anos de histórias». Brasil de Fato. Consultado em 9 de fevereiro de 2024. Cópia arquivada em 25 de março de 2023
- ↑ a b c Teixeira, Ruan (17 de janeiro de 2023). «Histórias do Gauchão: como foi a primeira edição do torneio em 1919?». Sambafoot. Consultado em 9 de fevereiro de 2024. Cópia arquivada em 9 de fevereiro de 2024
- ↑ a b «1º Campeão Gaúcho comemora 105 anos de história». Confederação Brasileira de Futebol. Assessoria CBF. 7 de setembro de 2016. Consultado em 9 de fevereiro de 2024. Cópia arquivada em 9 de fevereiro de 2024
- ↑ Júnior, Marcos (28 de abril de 2015). «Primeiro campeão gaúcho não foi Inter nem Grêmio». Terceiro Tempo. Consultado em 10 de fevereiro de 2024. Cópia arquivada em 4 de abril de 2023
- ↑ a b «Jornal Correio do Povo». 6 de novembro de 1919
- ↑ «Jornal Correio do Povo». 8 de novembro de 1919
- ↑ a b «Desporto». Revista Máscara. 10 de novembro de 1919
Bibliografia
editar- Manhago, Gustavo; Grabauska, Cléber (2019). 100 vezes Gauchão: a história centenária de uma paixão. Rio Grande do Sul, Brasil: Editora AGE