Carlos Alberto Urubu
Carlos Alberto Freire Cardoso (Belém, 4 de junho de 1936 — Mosqueiro, 30 de julho de 2022), mais conhecido como Carlos Alberto ou Carlos Alberto Urubu, foi um futebolista brasileiro que atuou como atacante. Ele é o quinto maior artilheiro do Paysandu, com 130 gols marcados[1] e o sexto maior goleador do clássico Re-Pa, onde marcou 23 vezes. Jogou entre as décadas de 1950 e e de 1960 e seu apelido provinha do hábito de se pendurar no travessão ao converter gols no rival Clube do Remo.[2] Segue no Paysandu atualmente, como um dos "beneméritos atletas" do Conselho Deliberativo do clube.[3][4]
Informações pessoais | ||
---|---|---|
Nome completo | Carlos Alberto Freire Cardoso | |
Data de nascimento | 4 de junho de 1936 | |
Local de nascimento | Belém, Pará, Brasil | |
Nacionalidade | brasileiro | |
Data da morte | 30 de julho de 2022 (86 anos) | |
Local da morte | Mosqueiro, Pará, Brasil | |
Pé | destro | |
Apelido | Urubu | |
Informações profissionais | ||
Posição | atacante | |
Clubes profissionais | ||
Anos | Clubes | Jogos e gol(o)s |
1957–1965 | Paysandu | ? (130) |
Seleção nacional | ||
1959–1962 | Pará | ? (1) |
Paysandu
editarCarlos Alberto foi revelado nas categorias de base do próprio Paysandu, primeiramente pelo treinador Carlindo Silva Sampaio, o Caim. Foi campeão estadual em 1955 na categoria juvenil.[2] Não chegou a ser titular, em um ataque formado por Abacate, Bernardo, Quarentinha, Vasco e Nivaldo. O artilheiro foi Vasco, que fez dez dos 43 gols do "Papãozinho", que venceu treze partidas em dezesseis, com dois empates e uma derrota.[5] Quarentinha, por sua vez, era o apelido de Ércio,[6] seu futuro colega no time adulto, e não Paulo Benedito dos Santos Braga, outro futuro companheiro e o mais reconhecido por essa alcunha no clube, do qual viria a ser o maior ídolo.[7]
Aquele título juvenil foi o primeiro de uma série de sete conquistas seguidas dos alviazuis nessa categoria. Embora não fosse titular, já naquele ano Carlos Alberto recebeu oportunidade no time principal pelo treinador Rafael Bría.[2] Em 1956, foi realocado no time dos aspirantes, cujo estadual foi criado naquele mesmo ano. Jogou ali ao lado de Paulo Braga e o clube foi campeão.[8] Voltou à equipe principal em 1957, ano de seu primeiro Re-Pa: vitória por 2–1 com ele marcando o segundo gol em amistoso em 15 de agosto realizado no estádio da Tuna Luso.[9] Adiante, tornou-se o grande herói do título estadual daquele ano, encerrado já no mês de março de 1958.[2]
Naquela competição, Carlos Alberto alternou-se com Cacetão na ponta-esquerda, só conquistando a titularidade na reta final. Ainda sem ele em campo, o time chegou a perder os primeiros clássicos contra Remo (3–1) e contra a Tuna Luso (5–2). A decisão foi em três jogos contra o arquirrival Remo e para ser campeão o Paysandu precisava vencer todos. Os três se realizaram no neutro estádio da Tuna. Após vitória inicial por 2–1 em 9 de fevereiro de 1958, Carlos Alberto marcou o único gol da segunda decisão, já em 2 de março. Em 16 de março, o destaque vinha sendo o rival Dudinha, autor de três gols em vitória parcial remista por 3–2.[10]
O resultado daria o título ao rival, cuja torcida já acenava com lenços brancos em comemoração. Porém, no último minuto Carlos Alberto cabeceou uma bola cruzada pela linha lateral e acertou as redes do goleiro Smith, dando o título ao "Papão".[2] Aquele foi descrito como o clássico Re-Pa mais emocionante já realizado até então,[11] encerrando uma campanha acidentada na qual os campeões tiveram três treinadores diferentes: Arleto Guedes até o quarto jogo, naquela derrota de 5–2 para a Tuna que havia seguido a derrota de 3–1 no Re-Pa; Arlindo Dourado interinamente no quinto e Rafael Bría a partir do seguinte.[10]
O campeonato próprio pelo ano de 1958 terminou vencido pela Tuna, que acumulava o quarto estadual em sete anos.[12] O Paysandu retomou o título no estadual de 1959, com Carlos Alberto, atuando sobretudo na ponta-esquerda, contribuindo com nove gols,[2] sendo o vice-artilheiro do elenco (atrás de Toni).[13] Três dos gols foram em clássicos: o único em vitória por 1–0 em Re-Pa da fase inicial e dois em 3–2 contra a Tuna.[14] A conquista teve ainda outro sabor adicional de igualar Paysandu e o rival Remo como maiores campeões estaduais, com ambos tendo 19 taças.[carece de fontes]
No estadual de 1960, Carlos Alberto destacou-se na conquista do segundo turno, quando marcou três gols em 4–1 sobre o Avante, já em 21 de maio de 1961 - o torneio foi prolongado em razão de batalha judicial que recuperou aos alviazuis pontos perdidos contra o Belenenses. O resultado forçou a realização do Re-Pa, inicialmente empatado em 2–2 com gol do "Urubu". Porém, em uma segunda final o rival venceu por 1–0 e terminou campeão. Restou a Carlos Alberto a artilharia do campeonato, com quatorze gols.[15] Naquela competição, ele também ficou marcado por sentar em cima da bola ao invés de marcar o quarto gol em partida que o Paysandu vencia por 3–0 o Combatentes - que reagiu ao lance marcando em seguida o gol de desconto.[2]
Após o Remo ter, inicialmente, retomado em 1960 a vantagem de maior campeão estadual isolado, o Paysandu imediatamente voltou a se igualar, no torneio 1961.[carece de fontes] A campanha, encerrada somente em abril do ano seguinte, porém, começou acidentada, em empate em 1–1 com o modesto Belenenses e derrotas para o União Esportiva (4–3) e Júlio César (1–0), tudo no estádio da Curuzu. Também perdeu em casa o Re-Pa por 2–0, resultado que deu ao Remo o título do turno inicial. A reação da diretoria aos protestos da torcida foi criar um departamento autônomo ao futebol, gerido pelo industrial Nelson Souza Rosa, que, investindo alto, contratou Gentil Cardoso como treinador. A mudança funcionou. Carlos Alberto, já no segundo turno, marcou no Re-Pa (1–1), destacando-se sobretudo pelos três gols na vitória por 3–1 sobre o Avante.[16] Foram ao todo sete gols do "Urubu" na campanha;[2] foi o artilheiro do elenco campeão.[17] Ele ainda marcou em vitória por 3–2 sobre o arquirrival, em amistoso na Curuzu em que o visitantes entregaram aos alviazuis as faixas de campeões.[18]
Gentil Cardoso foi mantido para o ano seguinte, assim como a equipe-base, com o novo título em 1962 vindo sem maiores dificuldades. Carlos Alberto marcou o terceiro em vitória por 3–1 no Re-Pa a garantir aos alviazuis a conquista do primeiro turno. O clássico também ocorreu na última rodada do segundo turno, com o "Urubu" marcando os dois gols em empate em 2–2 travado dentro do estádio rival.[19] O clube, ali, também superou o Remo em número de títulos estaduais.[carece de fontes] Carlos Alberto, naquele ano, também reforçou o time de aspirantes em título estadual também nessa categoria.[2]
Um tricampeonato estadual veio em 1963 com a única turbulência ocorrendo em uma goleada sofrida de 7-1 para a Tuna, já na rodada inicial do terceiro turno. No primeiro, Carlos Alberto chegou a marcar três gols em 5–1 sobre o Combatentes e o do empate em Re-Pa que deu aos alviazuis o título do primeiro turno em pleno campo azulino No segundo turno, ele marcou em empate em 3–3 no clássico com a Tuna, também na casa adversária, além de marcar dois em vitória por 3–1 sobre o Júlio César, resultado que deu ao "Papão" o título do segundo turno. No terceiro, marcou outros dois gols em 4–1 sobre o Júlio César, além do gol do empate em 1–1 em novo Re-Pa no estádio remista. O resultado deu o título estadual aos visitantes.[20] Carlos Alberto, com treze gols, foi também o artilheiro do estadual.[2]
O Remo, embora derrotado em 1964 em amistosos por 5–3, 4–1 e 2–0 com gols de Carlos Alberto (um, dois e um, em março, maio e dezembro, respectivamente),[21] ganhou estadual daquele ano.[22] Em 1965, então, o Paysandu trouxe do Uruguai o treinador Juan Álvarez, assistente de Zezé Moreira no Nacional vice-campeão da Taça Libertadores da América de 1964 e sucessor do próprio Zezé ao fim daquele ano nos tricolores.[23] Zezé o recomendou ao Paysandu.[24] Álvarez se impôs principalmente pela disciplina,[25] desaprovando as condutas de Carlos Alberto,[2] que não chegou a jogar no vitorioso estadual daquele ano, travado de junho a novembro.[25]
Carlos Alberto também não participou naquele ano da celebrada vitória por 3–0 em amistoso contra o Peñarol, em julho.[26] Também já não foi escalado nos Re-Pas de 1965, com a ponta-esquerda sendo ocupada por Ércio.[27] Ele assim decidiu dar por encerrada a carreira.[2] Segue no Paysandu atualmente, como um dos "beneméritos atletas" do Conselho Deliberativo do clube.[3]
Seleção paraense
editarCarlos Alberto estreou pela seleção paraense em 22 de novembro de 1959, em amistoso no estádio da Tuna Luso contra o Usina Ceará, vencido por 3–0. Uma semana depois, integrava a equipe que venceu por 2–1 a seleção amapaense no Campeonato Brasileiro de Seleções Estaduais. Foi inicialmente o titular na ponta-esquerda, depois ocupada ainda em 1959 na competição por Chaminha e enfim, já em janeiro de 1960, por Leoni.[28]
O "Urubu" voltou a representar o Estado em uma virtual seleção B que excursionou em dezembro de 1962 pela Guiana Neerlandesa, que havia contratado a equipe principal. Os surinameses notaram as diferenças e interromperam por anos um intenso intercâmbio que promoviam com o futebol paraense. Carlos Alberto marcou seu gol pelo Pará nessa viagem, em vitória de 1–0 sobre o time Loevick. Ainda em dezembro, foi reserva usado pela seleção principal no empate em 1–1 com o Maranhão pelo campeonato brasileiro. O resultado favoreceu o adversário, que obteve o simbólico título de campeão do Norte. A seleção paraense só voltaria a jogar em 1971.[28]
Títulos
editar- Paysandu
- Campeonato Paraense: 1957, 1959, 1961, 1962 e 1963
Individual
editar- Artilheiro do Campeonato Paraense de Futebol: 1963
Referências
- ↑ «Morre Carlos Alberto Urubu, 5° maior artilheiro do Paysandu». Portal DOL. 30 de julho de 2022. Consultado em 20 de fevereiro de 2023
- ↑ a b c d e f g h i j k l DA COSTA, Ferreira (2013). Carlos Alberto - Torcida azulina odiava o Urubu. Gigantes do futebol paraense. Teresina: Halley S.A. Gráfica e Editora, pp. 77-78
- ↑ a b «Conselho Deliberativo». Paysandu Sport Club. Consultado em 2 de maio de 2018
- ↑ «Obrigado por tudo, Carlos Alberto Urubu! O quinto maior artilheiro bicolor partiu». Site do Paysandu. 30 de julho de 2022. Consultado em 20 de fevereiro de 2023
- ↑ DA COSTA, Ferreira (2002). 1955 - Campeão de Futebol Juvenil. Papão - O Rei do Norte. Belém: Valmik Câmara, p. 54
- ↑ LEAL, Expedito (2013). Quarentas e Quarentinhas. Re-Pa - Rivalidade Gloriosa. Belém: Meta Editorial & Propaganda, pp. 46-51
- ↑ DA COSTA, Ferreira (2013). Quarentinha - O craque do século XX. Gigantes do futebol paraense. Teresina: Halley S.A. Gráfica e Editora, pp. 247-250
- ↑ DA COSTA, Ferreira (2002). 1956 - Campeão de Futebol Aspirante. Papão - O Rei do Norte. Belém: Valmik Câmara, p. 55
- ↑ DA COSTA, Ferreira (2015). 1957. Remo x Paysandu - Uma "Guerra" Centenária. Belém: Valmik Câmara, pp. 79-81
- ↑ a b DA COSTA, Ferreira (2013). 1957 - Gol de Urubu, no apagar das luzes, garantiu o bicampeonato do Papão. Parazão Centenário. Teresina: Halley S.A. Gráfica e Editora, pp. 111-113
- ↑ DA COSTA, Ferreira (2002). 1957 - Bicampeão de futebol profissional. Papão - O Rei do Norte. Belém: Valmik Câmara, p. 58-60
- ↑ DA COSTA, Ferreira (2013). 1958 - Tuna exibe a taça de Campeã, no 7º título de sua história. Parazão Centenário. Teresina: Halley S.A. Gráfica e Editora, pp. 114-117
- ↑ DA COSTA, Ferreira (2002). 1959 - Campeão Paraense de Futebol Profissional. Papão - O Rei do Norte. Belém: Valmik Câmara, pp. 61-62
- ↑ DA COSTA, Ferreira (2013). 1959 - Jogo emocionante, Toni empata e dá ao Paysandu mais um título. Parazão Centenário. Teresina: Halley S.A. Gráfica e Editora, pp. 118-121
- ↑ DA COSTA, Ferreira (2013). 1960 - Remo teve de voltar ao campo para confirmar título de campeão. Parazão Centenário. Teresina: Halley S.A. Gráfica e Editora, pp. 122-127
- ↑ DA COSTA, Ferreira (2013). 1961 - "Montinho artilheiro" colaborou e Papão ficou com o Campeonato. Parazão Centenário. Teresina: Halley S.A. Gráfica e Editora, pp. 129-131
- ↑ DA COSTA, Ferreira (2002). 1961 - Campeão Paraense pela 20ª Temporada. Papão - O Rei do Norte. Belém: Valmik Câmara, pp. 64-65
- ↑ DA COSTA, Ferreira (2015). 1962. Remo x Paysandu - Uma "Guerra" Centenária. Belém: Valmik Câmara, pp. 90-92
- ↑ DA COSTA, Ferreira (2013). 1962 - Paysandu mantém Gentil Cardoso e chega fácil ao bicampeonato. Parazão Centenário. Teresina: Halley S.A. Gráfica e Editora, pp. 132-135
- ↑ DA COSTA, Ferreira (2013). 1963 - Sob a direção de Caim, Paysandu alcança o tricampeonato. Parazão Centenário. Teresina: Halley S.A. Gráfica e Editora, pp. 136-138
- ↑ DA COSTA, Ferreira (2015). 1964. Remo x Paysandu - Uma "Guerra" Centenária. Belém: Valmik Câmara, pp. 94-96
- ↑ DA COSTA, Ferreira (2013). 1964 - Remo perde para o Liberato, se recupera, e conquista o título. Parazão Centenário. Teresina: Halley S.A. Gráfica e Editora, pp. 139-141
- ↑ GARRIDO, Atilio (27 de outubro de 2012). «Cuando el Profe De León puso a Manicera de half derecho». Tenfield. Consultado em 2 de maio de 2018
- ↑ DA COSTA, Ferreira (2009). Tributo a Juan Antonio Álvarez. Remo x Paysandu 700 Jogos - O Clássico mais disputado do futebol mundial. Belém: Valmik Câmara, p. 266
- ↑ a b DA COSTA, Ferreira (2013). 1965 - Paysandu traz Castilho e dá um passeio no certame: É Campeão. Parazão Centenário. Teresina: Halley S.A. Gráfica e Editora, pp. 142-145
- ↑ DA COSTA, Ferreira (2002). 1965 - Paysandu 3 x 0 Peñarol. Papão - O Rei do Norte. Belém: Valmik Câmara, pp. 70-71
- ↑ DA COSTA, Ferreira (2015). 1965. Remo x Paysandu - Uma "Guerra" Centenária. Belém: Valmik Câmara, pp. 96-100
- ↑ a b DA COSTA, Ferreira (2013). A seleção do Pará através dos tempos. Gigantes do futebol paraense. Teresina: Halley S.A. Gráfica e Editora, pp. 306-331