Carlos Buttice
Carlos Adolfo Buttice (Monte Grande, 17 de dezembro de 1942 – Esteban Echeverría, 3 de agosto de 2018), mais conhecido como Carlos Buttice, ou simplesmente Buttice, foi um futebolista argentino que atuava como goleiro.
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Carlos Buttice em 1968 | ||
Informações pessoais | ||
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Nome completo | Carlos Adolfo Buttice | |
Data de nascimento | 17 de dezembro de 1942 | |
Local de nascimento | Monte Grande, Argentina | |
Nacionalidade | argentino | |
Data da morte | 3 de agosto de 2018 (75 anos) | |
Apelido | El Batman | |
Informações profissionais | ||
Posição | Goleiro | |
Clubes profissionais | ||
Anos | Clubes | Jogos e gol(o)s |
1964 1965 1966-1971 1971 1972-1974 1974 1975 1976 1977-1980 1981-1982 1983 |
Los Andes Huracán San Lorenzo America Bahia Corinthians Atlanta Gimnasia y Esgrima Unión Española Banfield Colón |
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Seleção nacional | ||
1967–1968 | Argentina | (4) (0) |
![](http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/8/89/Los_Matadores_%281968%29.jpg/300px-Los_Matadores_%281968%29.jpg)
Goleiro forte, comparado a gladiadores, era também ágil na saída de gol. Dotado de grande impulsão, recebeu da imprensa argentina o apelido de Batman pelos voos que executava para defender bolas altas, sabendo que eram o melhor tipo de tentativa dos atacantes adversários após ele bloquear-lhe os ângulos. Também não se eximia de sair do gol para tentar roubar-lhes a bola com carrinhos,[1] chegando inclusive a driblar os adversários.[2]
Carreira
editarDebutou em 1964, no Los Andes, pequeno time de Lomas de Zamora, na Grande Buenos Aires. No ano seguinte, foi emprestado a uma equipe maior, o Huracán, onde atraiu a atenção do rival San Lorenzo, um dos cinco grandes do futebol argentino. Ao fim do empréstimo ao clube de Parque Patricios, teve seu passe vendido ao de Boedo, passando a jogar pelo Ciclón em 1966.[3] Logo exibiu boa fase, recebendo sua primeira convocação para a Seleção Argentina ainda naquele ano, já após a Copa do Mundo da Inglaterra.[3]
No novo clube, teria seu melhor momento em 1968, integrando a equipe conhecida como Los Matadores, que fez do San Lorenzo o primeiro time a sagrar-se campeão argentino de forma invicta.[4] Na final, os azulgranas bateram o forte Estudiantes de La Plata, campeão da Taça Libertadores da América daquele ano (e dos dois seguintes).[5]
Em 1971, o San Lorenzo encontrava-se em crise financeira. Buttice, que chegou a ter salários atrasados, adquiriu então passe livre. Apesar de propostas francesas e mexicanas, veio jogar no Brasil: por indicação de Zezé Moreira, o America acertou com Buttice.[3] Todavia, seria um dos goleiros americanos que, na visão do torcedor, foram atingidos por uma praga emitida por antigo goleiro dispensado pela equipe carioca. Fato é que não se firmou.[6] No ano seguinte, foi para o Bahia. Chegou a ser contestado pela torcida tricolor, sendo um dos bodes expiatórios da perda do campeonato baiano naquele 1972;[7] De fato, um dos três gols sofridos na decisão, contra o arquirrival Vitória, vieram de um pênalti que ele cometera.[8]
Em 1973, no entanto, viveu grande fase. Fez parte da espinha-dorsal montada pelo técnico Evaristo de Macedo da equipe que voltou a ser campeã estadual, abrindo caminho para uma série que culminaria em um heptacampeonato.[9] No campeonato brasileiro, por sua vez, teve grandes exibições e ficou próximo de faturar não só a Bola de Prata como melhor goleiro, como também a Bola de Ouro - seu compatriota Agustín Cejas, de quem fora reserva na Seleção Argentina, acabaria faturando ambos os prêmios.[10] O técnico Sylvio Pirillo, que já o havia indicado ao Bahia,[3] voltou a recomendar sua contratação, quando foi treinar o Corinthians.[11]
Buttice chegou ao Parque São Jorge para ser reserva de Ado, mas ganhou a posição.[11] Um dos novos colegas, Rivellino, ele já conhecia bem: ainda no San Lorenzo, em partida contra o próprio Corinthians, ele defendeu uma característica Patada Atômica em pênalti cobrado por Riva. O impacto fora tão forte que tatuou no peito do goleiro o crucifixo que carregava no pescoço.[12] El Batman teve boas atuações, mas acabaria marcado, junto com o próprio Rivellino, pela perda do Paulistão daquele ano, que encerraria um jejum de vinte anos do alvinegro.[13] Para piorar, a taça foi perdida para o rival Palmeiras, que venceu por 1 x 0 o segundo jogo da decisão (o primeiro terminara empatado em 1 x 1). Em um lance de bola parada do adversário, Leivinha subiu mais do que toda a defesa corintiana e cabeceou, com a bola caindo exatamente no pé direito de Ronaldo. O chute saiu forte, indefensável, no canto esquerdo de Buttice.[14]
Alegando problemas particulares, Buttice deixou o Corinthians, do qual ainda nutre carinho pela torcida, além de gabar-se de ser o argentino que mais enfrentou Pelé, com quinze jogos, sem nunca ter levado gol dele.[11] O goleiro regressou à Argentina, contratado pelo Atlanta. Já vetarano, passaria ainda por Gimnasia y Esgrima La Plata, Unión Española (clube do Chile)onde tambem foi campeao em 1977, Banfield (curiosamente, rival do Los Andes, onde ele começara a carreira) e Colón, onde encerrou em 1983 a carreira.
Seleção
editarButtice recebeu sua primeira convocação para a Seleção Argentina em 1966, já após a Copa do Mundo da Inglaterra, no mesmo ano em que chegou ao San Lorenzo. Ficou como o reserva de Agustín Cejas nas eliminatórias para a Copa do Mundo de 1970.[3] A Albiceleste, porém, acabou eliminada em plena La Bombonera pelo Peru.[15]
Já aposentado profissionalmente, Buttice voltou a defender seu país. Foi em 1987, na primeira edição da Copa Pelé, pequeno campeonato mundial de seleções formadas por ex-jogadores que atraiu grande público e audiência, em face da má fase da Seleção Brasileira na época. O torneio, idealizado por Luciano do Valle e transmitido pela TV Bandeirantes, foi um sucesso, reunindo a Itália de Giacinto Facchetti, Enrico Albertosi, Roberto Boninsegna e José João "Mazzola" Altafini, a Alemanha Ocidental de Wolfgang Overath, Lothar Emmerich, Klaus Fischer e Uwe Seeler, o Brasil (treinado pelo próprio Luciano) de Djalma Dias, Rivellino, Dario, Carpeggiani e Jairzinho, além da própria Argentina e do Uruguai.[16][17]
Juntamente de Miguel Ángel Brindisi, Carlos Babington e Oscar Más, a Argentina surpreendeu, vencendo o favorito e anfitrião Brasil na decisão - já havia derrotado os rivais também na primeira fase.[16][17] Buttice saiu como a grande figura, eleito o melhor jogador da competição. Prometera a Luciano do Valle que fecharia o gol na decisão e assim o fez. "Devemos metade da vitória ao Buttice", declarou o técnico argentino, Carmelo Faraone. "Nem quando jogava comigo lá no Corinthians esse gringo pegava tanto", admirou-se Rivellino.[18] "Passamos o jogo inteiro pressionando e o Buttice pegou tudo", afirmou Luciano. El Batman também participou da segunda edição da Copa Pelé, dois anos depois,[19] finalmente vencida pelos brasileiros. A competição de masters, inicialmente de grande repercussão, acabaria perdendo posteriormente o apelo comercial e de público e seria disputada pela última vez em 1995.[20]
Títulos
editarInternacionais
editar- Seleção Argentina
Nacionais
editar- San Lorenzo
- Campeonato Argentino: Metropolitano 1968
- Bahia
- Campeonato Baiano: 1973, 1974
- Unión Española
- Campeonato Chileno: 1977
Campanhas de destaque
editar- Corinthians
- Campeonato Paulista: 2º lugar - 1974
Referências
- ↑ ELIAS, Nacif (7 de maio de 1971). Buttice, um Batman. Placar n. 60. Editora Abril, p. 22
- ↑ ESCARIZ, Fernando (22 de julho de 1977). Cola na mão e bola no pé. Placar n. 378. Editora Abril, pp. 36-37
- ↑ a b c d e LIBÓRIO, Carlos (14 de dezembro de 1973). Eu quero é voar!. Placar n. 196. Editora Abril, p. 16
- ↑ AZEDO, Maurício; QUADROS, Raul (10 de novembro de 1977). A pose do malandro. Placar n. 394. Editora Abril, pp. 4-6
- ↑ «Que 40 años no es nada». El Gráfico. 4 de agosto de 2008. Consultado em 18 de julho de 2011
- ↑ ANDRADE, Aristélio (1 de junho de 1973). A praga de Pompeia. Placar n. 168. Editora Abril, pp. 26-27
- ↑ MENDES, Roque (13 de novembro de 1981). Ba-Vi. Placar n. 600. Editora Abril, pp. 54-57
- ↑ ESCARIZ, Fernando (30 de março de 1979). Três exus contra os Santos do Bahia (e um advogado que ninguém lembra). Placar n. 466. Editora Abril, pp. 32-33
- ↑ RIOS, Nelson (28 de janeiro de 1988). Vejam quem voltou. Placar n. 921. Editora Abril, pp. 26-27
- ↑ IV Bola de Prata (14 de dezembro de 1973). Placar n. 196. Editora Abril, pp. 36-37
- ↑ a b c ANDRADE, Bruno (7 de julho de 2010). «Capitão América, o novo super-herói do Corinthians». Lancenet. Consultado em 18 de julho de 2011
- ↑ Patada explosiva (novembro de 1999). Placar - Especial "Os Craques do Século". Editora Abril, p. 25
- ↑ MELO, Tiago (22 de setembro de 2010). «Desculpe, foi engano». Futebol Portenho. Consultado em 18 de julho de 2011
- ↑ DA Guia, Ademir (julho de 1993). Para calar o Morumbi. Placar n. 1085. Editora Abril, pp. 19-21
- ↑ «El día que Perú enmudeció a la Bombonera». FIFA. Consultado em 18 de julho de 2011
- ↑ a b A classe dos masters (novembro de 2004). Placar n. 1276. Editora Abril, p. 81
- ↑ a b Tabelão (26 de janeiro de 1987). Placar n. 869. p. 59
- ↑ BORGES, Ari; ASSUMPÇÃO, Betise (26 de janeiro de 1987). Os intocáveis do Rio de Prata. Placar n. 869. Editora Abril, pp. 16-21
- ↑ Tabelão (27 de janeiro de 1989). Placar n. 972. Editora Abril, p. 41
- ↑ BERTOZZI, Leonardo; DONATO, Mauro (março de 2007). O dia em que Beckenbauer jogou no Canindé. Trivela n. 13. Pool Editora, pp. 40-44
Ligações externas
editar- «Carlos Buttice» (em inglês). em National Football Teams
- Biografia de Buttice no site esportivo brasileiro "Terceiro Tempo" (em português)