Carlos Estermann
Carlos Estermann (Illfurth, 1896 - Angola, 1976) foi um teólogo, filósofo e sacerdote católico francês radicado em Angola. É amplamente reconhecido por seu trabalho como etnólogo e antropólogo enquanto trabalhava como padre, estudando as etnias do sul e sudoeste de Angola.
Biografia
editarO Padre Estermann nasceu em Illfurth, no Alto Reno, região da Alsácia, na França em 1896.
Estermann combateu ao serviço do exército alemão na Primeira Guerra Mundial (1914-1918) como auxiliar nos serviços de saúde. Ferido, foi feito prisioneiro de guerra, e levado para recuperar dos ferimentos em Manchester, Reino Unido. Depois da guerra, entre 1919 e 1923 completou os estudos de filosofia na Abadia de Knechtsteden, na Alemanha, e estudou teologia na Sociedade para as Missões Estrangeiras (da Congregação do Espírito Santo) de Chevilly-Larue, em Paris.
Após completar os estudos, Estermann foi enviado para Angola, concluindo primeiro um curto estágio em Lisboa. Chega a Angola em 1924 e inicia sua actuação como missionário espiritano[1] no sudoeste do território.[2]
Em 1933 foi nomeado superior da Missão Sui Iuris do Cunene e do Vicariato-Geral de Lubango-Chela. Nesse período, construiu inúmeros edifícios nas missões pelas quais era responsável e fundou diversos colégios.[2]
Para além da vida como religioso, ganhou enorme reconhecimento como etnólogo e antropólogo com seus trabalhos sobre as culturas e as civilizações dos povos do sul e do sudoeste de Angola.[2] Sua investigação rompia com as metodologias anteriores, buscando endogenamente as fontes sobre as matérias étnicas e socioculturais.[2]
Morte
editarEstermann optou por viver o resto da sua vida no país, vivendo um total de 52 anos em Angola, vindo a falecer em 1976.
Obras
editarEm português
editar- Os negros, com Elmano Costa
- Etnografias do sudoeste de Angola, com Mário de Oliveira.
- Álbum de penteados do sudoeste de Angola, com Mário de Oliveira.
- Penteados, adornos e trabalhos das muílas, com Mário de Oliveira Lisboa: Junta de Investigações do Ultramar, 1970
- Etnografia e turismo na região do Cunene inferior, com Mário de Oliveira
- Cinquenta contos bantos do sudoeste de Angola
- Etnografia do Sudoeste de Angola, com Mário de Oliveira - Lisboa: Junta de Investigações do Ultramar, 1960-1961
- Etnografia de Angola (sudoeste e centro): colectânea de artigos dispersos
- Etnografia do Sudoeste de Angola, Vol II: grupo étnico nhaneca-humbe, com Mário de Oliveira - Lisboa : Junta de Investigações do Ultramar, 1961
- Etnografia do Sudoeste de Angola, Vol I: os povos não-bantos e o grupo étnico dos Ambós, com Mário de Oliveira - Lisboa : Junta de Investigações do Ultramar, 1956
- Etnografia do sudoeste de Angola, Vol III : o grupo étnico Herero / Carlos Estermann, com Mário de Oliveira - Lisboa : Junta de Investigações do Ultramar, 1961
- A Vida económica dos Bantos do Sul de Angola, Luanda, Junta Provincial de Povoamento de Angola
- O Tocoísmo como Fenómeno Religioso, com Mário de Oliveira[3]
- A possessão espírita entre os Bantos, com Mário de Oliveira[3]
Em outras línguas
editar- 1931. Ethnographische Beobachtungen über die Ovambo. Zeitschrift für Ethnologie 63, 40–45.
- 1934. La Tribu Kwanyama en Face de la Civilisation Européenne. Africa: Journal of the International African Institute 7, 431–443.
- Tyimbaya, R. & C. Estermann 1935. The African explains witchcraft: Nyaneka, Angola. Africa: Journal of the International African Institute 8, 525–531.
- 1936. Les Forgerons Kwanyama. Bulletin de la Societé Neuchâteloise de Geographie XLIV.
- 1936. Les tribus bantoues du sud de l’Angola sont-elles fortement métissées avec la race bushman? Anthropos 31, 572–576.
- 1939. Coutumes des Mbali du sud d’Angola. Africa: journal of the international african institute 12, 74–86.
- 1942. La Fête de Puberté dans quelques tribus de L’Angola Méridional. Bulletin de la Societe Neuchateloise de Geographie XLVIII, 129–141.
- 1946. Quelques Observations sur les Bochimans !Kung de l’Angola Méridionale. Anthropos XLI–XLIV, 711–737.
- 1950. Le Betáil Sacré Chez Quelques Tribus Du Sud- Ouest de l’Angola. Anthropos 45, 721–32.
- 1954. Culte des esprits et magie chez les Bantous du sud-ouest de l’Angola. Anthropos 49, 1–26.
- 1955. Divers rites de purification de l’Angola. Anthropos 50, 201–211.
- 1962. Les Twa du Sud-ouest de l’Angola. Anthropos 57, 465–474.
- 1964. Les Bantous de sud-ouest de l’ Angola. Anthropos 59, 20–74.[3]
- 1964. Ergänzende Bemerkungen zum Gottesnamen Nzambi (Ndyambi). Anthropos 59, 932–935.
- 1976. The Ethnography of Southwestern Angola. 1. the Non-Bantu peoples and the Ambo ethnic group, vol. 1. Holmes & Meier Publishers.
- 1977. Ethnographie du Sud-Ouest de l’Angola, Vol. 1. & 2 Académie des Sciences d’Outre-Me.
- 1979. The ethnography of Southwestern Angola, v. 2 Nyaneka-Humbi people (ed G. D. Gibson). NY: Africana Publ. Co.
- 1981. Ethnography of Southwestern Angola, v. 3 Herero people (ed G. D. Gibson). New York: Africana Pub Corp.
Referências
- ↑ FIOROTTI, S. «Conhecer para converter: leitura crítica das etnografias missionárias de Henri-Alexandre Junod e Carlos Estermann». São Bernardo do Campo: Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). Consultado em 7 de janeiro de 2013
- ↑ a b c d Iracema Hilario Dulley. DO CULTO AOS ANCESTRAIS AO CRISTIANISMO E VICE-VERSA: VISLUMBRES DA PRÁTICA DA COMUNICAÇÃO NAS MISSÕES ESPIRITANAS DO PLANALTO CENTRAL ANGOLANO. [S.l.]: Instituto de Filosofia e Ciências Humanas - IFCH. Consultado em 7 de janeiro de 2013
- ↑ a b c Roberto Correia. «ANGOLA / BRASIL / PORTUGAL». Consultado em 7 de janeiro de 2013