Castelhanização
A castelhanização (em castelhano: castellanización)[1] é o termo dado ao processo pelo qual um lugar ou uma pessoa é influenciada pela cultura castelhana ou um processo de cariz cultural ou linguístico pelo qual algo ou alguém se torna castelhano. A castelhanização manifesta-se pela utilização da língua castelhana, a producção e consumo da comida espanhola, a música espanhola e a celebração de feriados espanhóis.[2] Nas antigas colónias espanholas o termo também é usado no âmbito linguístico para o processo de substituição das línguas indígenas pelo castelhano.[3]
Espanha
editarNa Espanha, o termo castelhanização pode referir-se à absorção cultural e linguística dos guanches, povo berber indígena das Canárias.[4] A ilhas seriam conquistadas pelos espanhóis no século XV.[5]
Também é usado para descrever o processo histórico pelo qual os falantes da línguas minoritárias da Espanha tais como o basco, o catalão, o asturo-leonês, o aragonês ou o galego são assimilados linguísticamente e abandonam a sua língua progressivamente para começaram a falar castelhano.[6][7][8] Este processo foi e continua a ser muito mais acentuado para o asturo-leonês e para o aragonês.[9][10]
Estados Unidos da América
editarDe acordo com o Censo dos Estados Unidos de 2000,[11] cerca de 75% dos latinos falavam castelhano em casa. Ha altas concentrações dos hispânicos em partes do Texas e do Novo México, especialmente na fronteira com o México. Laredo, no Texas e Nogales, no Arizona, por exemplo, têm mais de 90% de habitantes de procedência latina.[12] De facto, estes lugares têm uma maioria de população hispânica desde a conquista e colonização espanhola da zona nos séculos XV e XVI.[13]
América hispânica
editarA América hispânica é o termo usado para descrever as zonas das Américas nas quais foram impostas a língua castelhana e a cultura espanhola pela conquista destes territórios pelo Império Espanhol.[14] Este processo começou a finais do século XV.[15] Todos estes territórios foram castelhanizados; porém, ainda há muita gente que conserva a sua cultura e tradições indígenas. Até recentemente, a castelhanização foi a política oficial de muitos países da América hispânica; somente recentemente começaram a existir programas de educação bilíngue intercultual.[16]
Filipinas
editarO arquipélago das Filipinas foi governado desde a Cidade do México como um território da Nova Espanha, de 1565 até 1821 quando foi administrado até 1898 pela Espanha como um província.[17] Apenas por um intervalo de dous anos, de 1762 até 1764 foram administrados pelo Reino Unido.[17] Desde finais do século XVI, a cultura espanhola tem influenciado a cultura local filipina.[18] Derivada das culturas austronésias e hispânica, concebe-se a cultura moderna das Filipinas como um mistura entre as tradições occidentais e orientais.[19] Embora a maioria dos filipinos falem uma língua austronésia, as línguas filipinas têm milhares de empréstimos linguísticos do castelhano.[20] Inclusive, ainda é falado na península de Zamboanga um crioulo baseado no castelhano chamado chavacano.[21]
Ver também
editarReferências
- ↑ «Definición de castellanización». Real Academia Española. Consultado em 31 de Maio de 2017
- ↑ «Definición de castellanizar». Real Academia Española. Consultado em 31 de Maio de 2017
- ↑ Izquierdo, Milagros Aleza (1999). Estudios de Historia de la lengua española en América y España (em espanhol). [S.l.]: Universitat de València. ISBN 9788437039350
- ↑ Cuadernos de historia (em espanhol). [S.l.]: El Instituto. 2011
- ↑ NTI. «SÍNTESIS DE HISTORIA CANARIA». www.gobiernodecanarias.org. Consultado em 31 de maio de 2017
- ↑ Ugalde, Martín de (1981). Historia de Euskadi (em espanhol). [S.l.]: Cupsa
- ↑ Esteban, Alfonso Manjón (7 de abril de 2014). Las reconstrucciones de la pasado: Cataluña en el discurso de las historiografía de posguerra (1939-1959) (em espanhol). [S.l.]: Ediciones Universidad de Salamanca. ISBN 9788490122679
- ↑ Barreiro, Gustavo Fabra (1976). Los Gallegos (em espanhol). [S.l.]: Ediciones AKAL. ISBN 9788470900068
- ↑ Enciclopedia temática ciesa: El lenguaje, literaturas hispánicas: castellana, catalana, gallega, vasca e hispano americana (em espanhol). [S.l.]: Compañía Internacional Editora
- ↑ Arroyo, José Luis Blas (2002). Estudios sobre lengua y sociedad (em espanhol). [S.l.]: Publicacions de la Universitat Jaume I. ISBN 9788480213660
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- ↑ Hispanic Community Types and Assimilation in Mex-America 1998. Haverluk, Terrence W. The Professional Geographer, 50(4) pages 465-480
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