Castelo de Óbidos
O Castelo de Óbidos localiza-se na freguesia de Santa Maria, São Pedro e Sobral da Lagoa, vila e município de Óbidos. Situado na província histórica da Estremadura e na região Oeste de Portugal.[1]
Castelo de Óbidos | |
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Informações gerais | |
Construção | Séc XII - XIII (cerca velha) Séc XIV (ampliação e torre de menagem) |
Função inicial | Militar (castelo) Residencial (paço) |
Proprietário atual | Estado Português |
Função atual | Cultural e turística (pousada) |
Património de Portugal | |
Classificação | Monumento Nacional |
Ano | 1910 |
DGPC | 70427 |
SIPA | 3324 |
Geografia | |
País | Portugal |
Localização | Santa Maria |
Coordenadas | 39° 21′ 49″ N, 9° 09′ 26″ O |
Localização em mapa dinâmico |
O Castelo de Óbidos está classificado como Monumento Nacional desde 1910.[2]
História
editarAntecedentes
editarAcredita-se que a primitiva ocupação humana do seu sítio remonte à pré-história. Pela sua proximidade da costa atlântica, despertou o interesse de povos invasores da Península Ibérica, tendo sido sucessivamente ocupado por Lusitanos (século IV a.C.), Romanos (século I), Visigodos (séculos V a VI) e Muçulmanos (século VIII), atribuindo-se a estes últimos a fortificação da povoação, como se constata pela observação de determinados trechos da muralha, com feições mouriscas.
O castelo medieval
editarNo contexto da Reconquista cristã da Península, as forças do rei D. Afonso Henriques (1112-85), após as conquistas de Santarém e de Lisboa (1147), encontraram viva resistência para conquistar a povoação e seu castelo, o que finalmente aconteceu através de um ardil (10 de Janeiro de 1148). O castelo encontra-se referido documentalmente desde 1153.
Reconquistadas definitivamente no reinado de D. Sancho I (1185-1211), foram procedidas obras no castelo (conforme inscrição epigráfica na Torre do Facho), época em que a vila recebeu a sua carta de foral (1195).
O seu filho e sucessor, D. Afonso II (1211-23), doou a povoação e o respectivo castelo a D. Urraca, sua esposa (1210).
A povoação e seu castelo mantiveram-se fiéis a D. Sancho II (1223-48), quando da crise de sua deposição, resistindo vitoriosamente, em 1246, aos assaltos das forças do Conde de Bolonha, futuro rei D. Afonso III (1248-1279). Essa resistência valeu à vila o epíteto de mui nobre e sempre leal, que figura até hoje no seu brasão de armas.
Doada como presente de casamento por D. Dinis (1279-1325) à rainha Santa Isabel durante as núpcias ali passadas, a vila passou a integrar o dote de todas as rainhas de Portugal até 1834. Este monarca fez erigir a torre de Menagem (c. 1325).
Sob o reinado de D. Fernando (1367-1383), uma inscrição epigráfica assinala a ereção, em 1375, de uma torre, por alguns considerada de menagem, embora lhe faltem as características da base maciça com entrada a nível do pavimento elevado, presentes na de D. Dinis.
Durante o contexto da crise de 1383-1385, o seu alcaide, contra a vontade dos moradores, tomou o partido de João I de Castela e de Dna. Beatriz[3], tendo resistido às forças do Mestre de Avis. Óbidos e o seu castelo foram entregues a João I de Portugal, eleito nas Cortes de Coimbra, por Vasco Gonçalves Teixeira após o falecimento em combate do seu pai e alcaide do castelo, João Gonçalves, na batalha de Aljubarrota (1385).
Sob o reinado de D. João II (1481-1495), a rainha Dna. Leonor escolheu a povoação e seu castelo para residir após o falecimento por acidente de seu filho único, o príncipe D. Afonso, optando ainda (1494) pelas águas termais da região para tratamento da enfermidade que viria a vitimar aquele monarca.
O seu sucessor, Manuel I de Portugal doou um novo foral a Óbidos (1513), procedendo a importantes melhoramentos na vila e em seu castelo. É dessa fase, no século XVI, a reconstrução dos Paços do Alcaide pelo alcaide-mor D. João de Noronha.
Do século XVIII aos nossos dias
editarO terramoto de 1755 causou sérios danos na estrutura, por falta de dinheiro não pôde ser reconstruído. No contexto da Guerra Peninsular, a fortificação de Óbidos disparou os primeiros tiros de artilharia na batalha de Roliça (1808), primeira derrota das tropas de Napoleão. Posteriormente registou-se a adaptação da torre albarrã a Torre do Relógio (1842) e a construção de escada exterior de acesso à Torre de D. Fernando (1869).
O castelo e todo o conjunto urbano da vila de Óbidos encontram-se classificados como monumento nacional[4].
A partir de 1932, o conjunto sofreu as primeiras intervenções de consolidação, reconstrução e restauro a cargo da Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, que se estenderam pelas décadas seguintes até aos nossos dias, sendo o espaço do castelejo requalificado como Pousada do Castelo (1948-1950).
Características
editarO castelo ergue-se na cota de 79 metros acima do nível do mar, com planta no formato retangular irregular (orgânica), misturando elementos dos estilos românico, gótico, manuelino e barroco, distribuídos por duas zonas principais: a do castelejo (atual Pousada do Castelo, ou Pousada de Óbidos) e o bairro intra-muros.
O perímetro das muralhas, reforçadas por torres de planta quadrada e cilíndrica, alcança 1.565 metros, totalmente percorrido por um adarve defendido por parapeito ameado. Em alguns trechos, as muralhas elevam-se a 13 metros de altura.
O troço este da muralha constitui o núcleo do muralhamento mais amplo que envolve o castelo e a vila, e que, prolongando-se por ambos os lados em direção ao sul por 500 metros, fecha o perímetro em ponta, na chamada Torre do Facho.
O acesso é feito por quatro portas e dois postigos, destacando-se aPorta da Vila ou Porta de Nossa Senhora da Piedade, encimada por uma inscrição, ali colocada pelo rei D.João IV (1640-1656), e que reza: A Virgem Nossa Senhora foi concebida sem pecado original. No seu interior encontra-se uma capela com varanda, revestida de azulejos do século XVIII.
Destacam-se ainda:
- O pelourinho da vila, erguido em granito. Apresenta em uma das faces o escudo com as armas reais e do outro o camaroeiro de D. Leonor, que esta rainha doou à Vila em memória da rede em que os pescadores lhe trouxeram o seu filho morto num acidente de caça. Nele, no passado, eram expostos e castigados os delinquentes e criminosos.
- O aqueduto da vila, com uma extensão de 3 km, unindo o monte da Usseira e o de Óbidos. Mandado construir pela rainha D. Catarina da Áustria, esposa de D. João III (1521-1557) transportava a água que abastecia os chafarizes de Óbidos.
- O Cruzeiro da Memória, construído em comemoração da tomada de Óbidos aos mouros por D. Afonso Henriques, assinala o local onde este montou acampamento antes de conquistar a Vila.
Bibliografia
editar- Portugal. Ministério do Equipamento Social. «Castelo de Óbidos», n.º 68-69 de Monumentos : Boletim da Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais, 1952.
Fontes
editar- Castelo de Óbidos; Castelo e Cerca Urbana de Óbidos; Pousada de Óbidos no Sistema de Informação para o Património Arquitetónico.
Ver também
editarReferências
- ↑ Ficha na base de dados SIPA
- ↑ Ficha na base de dados da DGPC
- ↑ Crónica de el-rei D. João I, cap. 87º.
- ↑ Cf. Decreto de 16-06-1910, publicado no Diário do Governo de 23 junho 1910; Decreto n.º 38147, de 5 janeiro 1951; Portaria publicada na 2.ª série do Diário do Governo de 18 de setembro 1948.
Ligações externas
editar- Castelo de Óbidos na base de dados Ulysses da Direção-Geral do Património Cultural
- Instituto Português de Arqueologia
- Fotografias do Mercado Medieval de Óbidos
- A pedra de armas do paço dos alcaides-mores de Óbidos: uma memória heráldica, por Miguel Metelo de Seixas e João Bernardo Galvão-Teles, Actas da Casa Nobre