Castelo de Curutelo

palacete de feição acastelada em Ponte de Lima, Portugal

O Castelo de Curutelo ou Paço de Curutêlo é um paço situado na freguesia de Ardegão, Freixo e Mato, município de Ponte de Lima, distrito de Viana do Castelo, em Portugal.

Castelo de Curutelo
Castelo de Curutelo
Informações gerais
Património de Portugal
DGPC 74906
SIPA 4109
Geografia
País Portugal
Localização Freixo
Coordenadas 41° 39′ 12″ N, 8° 36′ 19″ O
Mapa
Localização em mapa dinâmico

Paço de feição acastelada implantado em área rural, ergue-se a meia encosta do monte de São Cristóvão dos Milagres ou do Curutelo, sobranceiro a um pequeno vale, sendo envolvido por árvores.[1]

O Castelo de Curutelo está classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1977.[2]

História

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As informações acerca da primitiva ocupação deste sítio são escassas: de acordo com um documento datado de 1395, Nuno Viegas e sua mulher, D. Inês Dias do Rego, instituíram vínculo nas suas Quintas de Coucieiro e Curutelo, a favor do filho Álvaro Viegas. Este documento, entretanto, não faz qualquer menção a uma torre. O morgadio foi confirmado por D.João I de Portugal em Dezembro do mesmo ano.

Posteriormente, em 1532, o 5º Morgado de Coucieiro, ao ver-se a contas com a Justiça, vendeu a quinta ao duque D. Jaime; este, tornando-se senhor e possuidor da casa, torre, castelo e quinta do Curutêlo, tudo emprazou ao fidalgo João Rodrigues de Lago, filho de Ruy Gomes de Abreu, em paga dos serviços prestados sobretudo na jornada e conquista de Azamor, permanecendo a quinta na posse dos seus descendentes no decurso dos séculos seguintes.

Em 1867 após o casamento de D. Maria do Lago Felgueiras Gayo com o Dr. Rodrigo Augusto Cerqueira Veloso, advogado em Barcelos, conhecido bibliófilo e natural de Ponte da Barca, procederam-se a obras de modernização da torre, rasgando-se portas e janelas. Não deixando descendência, D. Maria Felgueiras Gayo, antes de falecer, nomeou o prazo em seu marido, o que conduziu a pleito nos tribunais, por fim julgado a favor do Dr. Rodrigo Veloso.

No século XX, em 1902, o capitalista de Esposende e antigo negociante no Brasil, Valentim Ribeiro da Fonseca, adquiriu a Quinta para o seu filho, Valentim Ribeiro da Fonseca Júnior, como forma de investimento pela herança deixada por sua avó materna, permanecendo a propriedade na família Cerquinho Ribeiro da Fonseca até 2022.

Valentim Ribeiro teve o conhecimento da venda do Castelo de Curutêlo quando se encontrava no Café Nicola, em Lisboa. Soube que o Dr. Rodrigo Cerqueira Veloso andava por Esposende e logo tratou de arranjar quem o apresentasse. Após duras negociações, celebrou-se a 13 de janeiro de 1903 a escritura de compra e venda. A compra deste imóvel por Valentim Ribeiro, como procurador de seu filho, teve duas intenções: primeiramente, recuperar o capital da herança que tinha sido investido em debêntures da companhia de navegação Lloyd Brasileiro, que tinha ido à falência, e em segundo lugar, adquirir um imóvel que não ausentasse o filho de Portugal, tornando o Castelo de Curutêlo e Quinta, na sua residência de família, para si e para sua descendência.

O conjunto encontra-se classificado como Imóvel de Interesse Público, pelo Decreto nº 129/77, publicado em 29 de Setembro de 1977.

Em fevereiro de 2022 o grupo Vila Galé comprou o Paço de Curutêlo para fazer um projeto de enoturismo.[3]

O novo hotel abre em abril de 2025 denominado Vila Galé Collection Paço do Curutelo com 87 quartos.

A Vila Galé vai investir 20 milhões de euros para reconstruir o paço, e lançar o projeto de hotel, enoturismo e produção de vinhos verdes.

O primeiro vinho, produzido nesta propriedade na região dos Vinhos Verdes, será lançado em 25 de abril de 2024.

O espaço terá piscinas exteriores para adultos e crianças, spa, salão de eventos para casamentos e reuniões, bar, dois restaurantes, biblioteca e um espaço museológico dedicado à história do local, além de adega e vinha. Terá como tema a história do humor em Portugal.[4]

Características

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Paço de planta rectangular, composta, de um pavimento, e integrando ao centro uma torre quadrada, mais elevada. Volumes escalonados, com coberturas de telha a quatro águas. Os alçados são coroados por merlões piramidais. Frontespício com porta de verga recta e janela de guilhotina, nos corpos laterais, e janela larga de jambas decoradas e encimada por uma outra mais estreita, na torre, ao nível do 1º piso. Regularmente dispõem-se gárgulas circulares. Fachadas laterais rasgadas por três janelas e a posterior por duas enquadrando porta simples; na torre uma janela.

É cercado por alta muralha, coberta de hera com portão de acesso de verga recta junto à estrada. Encostada ao muro que cerca o solar, mas num plano mais baixo, ergue-se capela rectangular parcialmente coberta de hera e dedicada a Santo Amaro. Frontispício, rasgado por porta simples de verga recta, ladeada por duas frestas e encimada por janela; termina em empena truncada por pequena sineira. No interior, coro-alto e retábulo de talha.

Bibliografia

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  • ARAÚJO, Laurinda Fernandes de Carvalho. Monografia de S. Julião do Freixo e Estudo Sucinto de Anais (St.ª Marinha de). Braga: 1981.
  • AZEVEDO, Carlos de. Solares Portugueses. Lisboa: 1969.
  • FONSECA, João Paulo Ribeiro da, Valentim Ribeiro da Fonseca. Nas ondas da vida. Biografia, Ed. do autor, Esposende, 2005.
  • GUERRA, Luís de Figueiredo. Torres Solarengas do Alto Minho. Separata de O Instituto, v. 72, nº 4, Coimbra, 1925.
  • SILVA, António Lambert Pereira da. Nobres Casas de Portugal (v. 2). Porto: s.d..

CRISÓSTOMO, Emídio. "Fronteiras do Poder - de Paçô a Freixo (S. Julião de)", Ed. de autor, Ponte de Lima, 2013.

Referências

 
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Ligações externas

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