Cerco de La Rochelle (1627–1628)

O Cerco de La Rochelle, ou, nas suas formas portuguesas de Rochela ou de Arrochela, ordenado por Luís XIII de França e comandado pelo Cardeal de Richelieu, começa em 10 de Setembro de 1627 e acaba com a capitulação da cidade, em 28 de Outubro de 1628.

Cerco de La Rochelle
Rebeliões Huguenotes

Data setembro de 1627-outubro de 1628
Local La Rochelle
Desfecho Vitória do Reino de França
Beligerantes
Reino de França
Espanha
La Rochelle
Huguenotes
Inglaterra Inglaterra
Comandantes
Luís XIII
Cardeal de Richelieu
Jean Guiton
Soubise
Inglaterra Buckingham
Forças
21 000 34 000
80 navios
Baixas
500 mortos 27 000 mortos

Origens

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Se o Édito de Nantes levou a paz ao reino de França, teve também o efeito de criar um Estado dentro do Estado. A ameaça que enfrenta o poder do rei é bem real e Richelieu pretende reduzi-la a nada. Graças ao édito de Henrique IV, La Rochelle torna-se um alto posto da Igreja reformada da França. Este porto, último local de segurança dos huguenotes, recebe por mar o auxílio dos ingleses, prontos a intervir quando se trata de colocar em perigo o poder de seu grande rival histórico, a França. O maior receio de Richelieu é que esta praça forte torne-se uma espécie de bastião de onde os protestantes, ajudados financeiramente pelos ingleses, poderiam amparar-se de todo o território francês. Richelieu toma então a decisão de tomar La Rochelle.

Início do cerco

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Localização de La Rochelle

La Rochelle é sustentada pelos ingleses não só por ser uma cidade protestante, mas também por frear o desenvolvimento da marinha francesa. George Villiers, 1.° Duque de Buckingham, zarpa do porto de Portsmouth com 110 naus e 6 mil homens. Ao tomar conhecimento disso, Richelieu serve-se deste pretexto para decretar o estado de cerco da cidade e faz fortificar as ilhas de e Oléron. A armada real coloca seus 20 mil homens ao redor da cidade, cortando todas as vias de comunicação terrestres. Os reforços só podem vir agora por mar.

Buckingham instala-se a princípio na Ilha de Ré, em 2 de Julho de 1627. Apesar de ser também protestante, a ilha não se havia juntado à rebelião contra o rei. O duque é expulso da ilha por Henrique de Schomberg e Toiras, e depois derrotado no mar em 17 de Novembro. Acaba por voltar sem glórias para a Inglaterra. Para evitar que La Rochelle seja revitalizada por mar, Richelieu empreende a construção por 4 mil operários de um dique de 500 metros de comprimento por 20 de altura. Os alicerces repousam sobre os navios abatidos e naufragados. Canhões apontados para o largo são dispostos como reforço.

A agonia

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O cerco de La Rochelle, segundo uma gravura de Jacques Callot

Os víveres começam a acabar e os navios ingleses mandados em auxílio são obrigados a fazer meia-volta. A decisão então é tomada de fazer sair da cidade as "bocas inúteis". Desta forma, são expulsos velhos, mulheres e crianças. Mantidos à distância pelas tropas reais, eles erram durante dias sem recursos e sucumbem de privação. Mais duas expedições inglesas fracassam. Os habitantes de La Rochelle são constrangidos a comer o que lhes restava: cavalos, cães, gatos. Quando a cidade termina por se render, só restam 5,5 mil sobreviventes dos 28 mil habitantes, a quem o rei Luís XIII concede perdão. Devem, no entanto, fornecer um certificado de batismo e as muralhas são arrasadas.[1] Estima-se que, se La Rochelle não tivesse sido cercada, hoje ultrapassaria o milhão de habitantes, fazendo dela uma das principais cidades da França.

A capitulação é incondicional. Pelos termos da Paz de Alès de 28 de Junho de 1629, os huguenotes perderam seus direitos políticos, militares e territoriais, mas conservarão a liberdade de culto garantida pelo Édito de Nantes.

Literatura

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O cerco de La Rochelle, Claude Lorrain, 1631

Alexandre Dumas ampara-se deste episódio da História da França para dele fazer um dos capítulos do célebre romance histórico "Os Três Mosqueteiros". Toma, entretanto, algumas liberdades históricas: não hesita em deslocar a narrativa no tempo e colocar nela o personagem d'Artagnan. No entanto, o verdadeiro d'Artagnan, na época com quinze anos de idade, jamais tomou parte nestes acontecimentos.

Referências

  1. Pierre Miquel, Les Guerres de religion, Club France Loisirs, 1980, (ISBN 2-7242-0785-8 ) pag. 433

Ligações externas

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