Chacina de Acari
A Chacina de Acari ocorreu em 26 de julho de 1990, quando 11 jovens, sendo 7 menores, da favela do Acari no Rio de Janeiro, foram retirados de um sítio em Suruí, bairro de Magé, onde passavam o dia, por um grupo que se identificava como sendo policiais.[1] A história das mães dos garotos desaparecidos que buscam justiça foi contada no livro "Mães de Acari", do jornalista Carlos Nobre.[2] O caso está na lista da Superinteressante (2015) de "5 crimes que chocaram o Brasil na década de 1990".[3]
Chacina de Acari | |
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Data | 26 de julho de 1990 |
Tipo de crime | Sequestro |
Réu(s) | Nenhum |
Em 4 de dezembro de 2024, a Corte Interamericana de Direitos Humanos condenou o Estado brasileiro pelo desaparecimento de 11 jovens da favela de Acari, em 1990, e pelos homicídios de dois parentes, em 1993. Na sentença, a Corte determinou que o Estado brasileiro emita todas as certidões de óbito e indenize as famílias de vítimas pelos danos emocionais e materiais causados.[4][5][6]
História
editarCrime
editarOs sequestradores queriam joias e dinheiro, e após supostamente negociarem a libertação por meio de pagamento, durante cerca de uma hora, segundo a única testemunha do caso, Dona Laudicena, já falecida, os sequestradores levaram as 11 vítimas a um local abandonado. Nem seus corpos, até hoje, foram encontrados.[1]
Assassinato
editarAs mães dos desaparecidos começaram uma busca pelos filhos e por justiça, e ficaram conhecidas como Mães de Acari. Em 1993, Edméa da Silva Euzébio, uma das mães, foi assassinada quando buscava informações sobre o paradeiro do filho, Luiz Henrique da Silva Euzébio.[1] O inquérito policial, sob o número 07/98, na Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, foi encerrado por falta de provas em 2010, e ninguém foi indiciado.[1][7] Segundo uma denúncia apresentada na justiça em 2014, o crime teria sido ordenado pelo coronel e ex-deputado reformado da PM e ex-deputado estadual Emir Campos Larangeira, também foram réus os Policiais Militares Eduardo José Rocha Creazola, o "Rambo", Arlindo Maginário Filho, Adilson Saraiva Hora, o "Tula" e Irapuã Ferreira; o ex-PM Pedro Flávio Costa e o servidor municipal Luiz Cláudio de Souza, o "Mamãe" ou "Badi" e o agente penitenciário Washington Luiz Ferreira dos Santos, este último o processo foi desmembrado do principal e entrou na fase de produção de provas.[7] Segundo o Ministério Público, os acusados formavam um grupo conhecido como "Cavalos Corredores", liderado pelo coronel Emir Larangeira, agindo com mais frequência na década de 90, época que o oficial comandou o 9º BPM (Rocha Miranda)..[7] Foi informado em março de 2019 que sete dos acusados vão a júri popular.[8]
Filme
editarA exibição do filme "Luto Como Mãe", em 24 de julho de 2010, na quadra da Escola de Samba Favo de Acari, marcou os 20 anos da chacina e trouxe de São Paulo as Mães de Maio, cujos filhos sumiram em circunstâncias semelhantes. O promotor Rogério Scatamburlo, coordenador do Centro Integrado de Apurações Criminais (Ciac), disse que vai checar a existência do inquérito na Deac da 6ª DP e o depoimento da testemunha sobre o caso de Acari.[9]
Sequestrados
editarOs onze sequestrados (e suas idades, à época):[10]
- Viviane Rocha, 13 anos
- Cristiane Souza Leite, 16 anos
- Wudson de Souza, 16 anos
- Wallace do Nascimento, 17 anos
- Antônio Carlos da Silva (vulgo Toninho), 17 anos
- Luiz Henrique Euzébio da Silva, (vulgo Gunga) 17 anos
- Edson de Souza (vulgo Edinho), 17 anos
- Rosana Lima de Souza, 18 anos
- Moisés dos Santos Cruz (vulgo Moi), 26 anos
- Luiz Carlos Vasconcelos de Deus (vulgo Lula), 32 anos
- Edio do Nascimento, 41 anos
Ver também
editarReferências
- ↑ a b c d Gandra, Alana (26 de julho de 2015). «Chacina de Acari completa 25 anos em meio à discussão sobre impunidade». Agência Brasil. Consultado em 3 de agosto de 2019. Cópia arquivada em 25 de dezembro de 2018
- ↑ Fernanda da Escóssia (1 de setembro de 2015). «'Enterrei dois filhos, ainda tenho esperança de enterrar meu caçula'». BBC Brasil. Consultado em 3 de agosto de 2019. Cópia arquivada em 2 de fevereiro de 2017
- ↑ Redação Super (20 de março de 2015). «5 crimes que chocaram o Brasil na década de 1990». Super. Grupo Abril. Consultado em 16 de agosto de 2019. Cópia arquivada em 17 de agosto de 2019
- ↑ «Chacina de Acari: Corte Interamericana responsabiliza Estado brasileiro pelo desaparecimento de 11 jovens, no Rio». G1. 4 de dezembro de 2024. Consultado em 4 de dezembro de 2024
- ↑ Gabriela Moreira e Anita Prado (5 de dezembro de 2024). «Corte Interamericana de Direitos Humanos condena estado brasileiro pelo desaparecimento de 11 jovens na Favela de Acari». G1. Consultado em 5 de dezembro de 2024
- ↑ «Justiça do RJ absolve PMs acusados das mortes de Mãe de Acari e sobrinha». G1. 5 de abril de 2024. Consultado em 5 de dezembro de 2024
- ↑ a b c «Acusados de matar líder das 'Mães de Acari' vão a júri popular no Rio». G1. Rede Glbo. 22 de outubro de 2014. Consultado em 3 de agosto de 2019. Cópia arquivada em 12 de novembro de 2014
- ↑ Adrianna Cruz (26 de março de 2019). «Sete acusados de matar líder das 'Mães de Acari' vão a júri popular». O Dia. Consultado em 3 de agosto de 2019. Cópia arquivada em 26 de março de 2019
- ↑ «Mães de Acari pedirão ajuda internacional». Jornal O Globo. 25 de julho de 2010. Consultado em 9 de maio de 2011
- ↑ Cristina Boeckel (26 de julho de 2023). «Irmã de vítima da Chacina de Acari busca justiça 33 anos depois de crime: 'Minha família nunca mais foi a mesma'». G1. Consultado em 9 de março de 2024