Ciclone Hamish
Ciclone Hamish | |
Ciclone tropical severo categoria 5 (Escala Aus) | |
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Ciclone tropical categoria 4 (SSHWS) | |
O ciclone Hamish em 7 de março de 2009 | |
Formação | 4 de março de 2009 |
Dissipação | 11 de março de 2009 |
Ventos mais fortes | sustentado 10 min.: 215 km/h (130 mph) sustentado 1 min.: 240 km/h (150 mph) |
Pressão mais baixa | 925 hPa (mbar); 27.32 inHg |
Fatalidades | 2 diretas |
Danos | No mínimo 200.000 dólares (valores em 2009) |
Áreas afectadas | Austrália (Queensland) |
Parte da Temporada de ciclones na região da Austrália de 2008-2009 | |
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O ciclone tropical severo Hamish (designação do JTWC: 18P, conhecido simplesmente como ciclone Hamish) foi um intenso ciclone tropical que afetou a costa do estado australiano de Queensland em meados de março de 2009. Sendo o décimo sétimo ciclone tropical, o oitavo sistema dotado de nome e o segundo ciclone tropical severo da temporada de ciclones na região da Austrália de 2008-2009, Hamish formou-se de uma área de perturbações meteorológicas ao sul de Papua-Nova Guiné em 4 de março. O sistema se organizou rapidamente e se tornou o ciclone tropical Hamish no dia seguinte. O Joint Typhoon Warning Center (JTWC) também classificou o sistema como um ciclone tropical significativo em 5 de março. A partir de então, Hamish começou a sofrer intensificação explosiva assim que seguia para sudeste, paralelamente à costa de Queensland. Em menos de 24 horas, Hamish tornou-se o segundo ciclone tropical severo da temporada, e 24 horas mais tarde, seus ventos máximos sustentados alcançaram 240 km/h, segundo o JTWC, ou 215 km/h, segundo o Centro de Aviso de Ciclone Tropical (CACT) de Brisbane. Após a intensificação explosiva, que aumentou os ventos máximos sustentados em 210 km/h em apenas 48 horas, Hamish começou a se enfraquecer gradualmente devido à ação das condições meteorológicas mais hostis. Hamish deixou de ser um ciclone tropical severo, segundo o CACT de Brisbane, em 11 de março. O forte cisalhamento do vento causou a dissipação total das bandas de tempestade associadas ainda naquele dia. Com isso, o CACT de Brisbane desclassificou Hamish para uma baixa tropical e emitiu seu aviso final. O JTWC fez o mesmo durante a madrugada (UTC) de 12 de março.
Hamish causou indiretamente um dos maiores desastres ambientais da história do estado de Queensland. Um navio que enfrentou a forte ondulação causada pelo ciclone teve seu casco danificado quando contêineres mal-amarrados perfuraram o casco do navio em dois pontos. Além disso, os contêineres, contendo nitrato de amônio, foram lançados ao oceano pela forte ondulação. Cerca de 600 toneladas de nitrato de amônio e 250 toneladas de óleo combustíveis e lubrificantes foram lançadas ao mar. O óleo atingiu cerca de 60 km da costa sudeste de Queensland, além de várias outras ilhas adjacentes.
Além disso, três pescadores desapareceram após enfrentar a tempestade em seu barco pesqueiro. Um dos pescadores foi achado vivos dias depois, mas as equipes de busca encerraram o trabalho em 16 de março e considerou mortos os dois pescadores ainda desaparecidos. No geral, os danos se limitaram à erosão marinha causada pela forte ressaca provocada pelo ciclone.
História meteorológica
editarHamish formou-se de uma área de perturbações meteorológicas ao sul da Papua-Nova Guiné, em 4 de março. Imediatamente, o Centro de Aviso de Ciclone Tropical (CACT) de Brisbane classificou o sistema como uma fraca baixa tropical.[1] Inicialmente, o sistema estava situado numa região com condições meteorológicas favoráveis para o seu desenvolvimento, tais como o baixo cisalhamento do vento, temperatura da superfície do mar ideal, e boa difluência atmosférica de altos níveis. As condições favoráveis permitiram a formação de áreas de convecção profunda associadas ao sistema.[2] O sistema continuou a se organizar enquanto seguia para sudoeste sobre o mar de Coral. Com isso, o CACT de Brisbane classificou o sistema para uma baixa tropical plena durante a madrugada (UTC) de 5 de março.[3] As condições meteorológicas favoráveis persistiram, e o centro ciclônico de baixos níveis começou a se consolidar rapidamente com a formação de um anticiclone de altos níveis sobre o sistema, que começou a prover excelentes fluxos de saída, auxiliando na rápida formação de áreas de convecção profunda. Além disso, a atmosfera estava ideal para a formação de um sistema tropical de grande porte da região. Com isso, o Joint Typhoon Warning Center (JTWC) emitiu um Alerta de Formação de Ciclone Tropical (AFCT) sobre o sistema, que significava que a perturbação poderia se tornar um ciclone tropical significativo dentro de um período de 12 a 24 horas.[4] Horas depois, o CACT de Brisbane classificou a baixa tropical para um ciclone tropical significativo, e lhe atribuiu o nome "Hamish".[5] Ainda durante a tarde daquele dia (UTC), o JTWC também classificou o sistema para um ciclone tropical significativo, e lhe atribuiu a designação "18P".[6]
Seguindo para sudoeste através da periferia oeste de uma alta subtropical que estava sobre o Pacífico sul,[6] Hamish começou a sofrer intensificação explosiva. O CACT de Brisbane classificou Hamish para um ciclone de categoria 2 na escala australiana durante o começo da noite de 5 de março, momento no qual o ciclone começou a seguir para sudeste.[5] A tendência de rápida intensificação continuou em 6 de março, e um olho com 45 quilômetros de diâmetro formou-se no centro das áreas de convecção profunda associadas ao ciclone.[7] Ao meio-dia (UTC) de 6 de março, o CACT de Brisbane classificou Hamish para o segundo ciclone tropical severo da temporada assim que Hamish alcançou a intensidade equivalente a um ciclone de categoria 3 na escala australiana.[8] A rápida intensificação continuou, o que foi demonstrado pela contração do olho de Hamish, cujo diâmetro encolheu de 45 para 25 quilômetros. Estudos climatológicos indicam que a contração do olho de um ciclone tropical reflete uma grande intensificação do ciclone.[9] Com isso, o CACT de Brisbane classificou Hamish para um ciclone de categoria 4 na escala australiana durante a madrugada (UTC) de 7 de março.[10] A tendência de rápida intensificação foi mais severa em 7 de março, e o CACT de Brisbane classificou Hamish para um ciclone de categoria 5 na escala australiana, a mais alta categoria de classificação suportada pela escala, ainda naquele dia. Hamish é o primeiro ciclone tropical de categoria 5 na escala australiana na região da Austrália desde o ciclone George durante a temporada de 2006-2007.[11] Hamish atingiu seu pico de intensidade ainda em 7 de março, com ventos máximos sustentados de 240 km/h, segundo o JTWC,[12] ou 215 km/h, segundo o CACT de Brisbane.[13]
Hamish manteve seu pico de intensidade por cerca de 12 horas. A partir da madrugada de 8 de março, Hamish começou a ser atingido por cisalhamento do vento moderado associado ao jato subtropical. Além disso, o ciclone começou a encontrar águas mais frias. Com condições meteorológicas mais desfavoráveis, Hamish começou a se enfraquecer gradualmente. Com isso, o CACT de Brisbane desclassificou Hamish para um ciclone de categoria 4 na escala australiana ainda naquela madrugada.[14] Hamish continuou a se enfraquecer gradualmente durante o restante daquele dia, e em 9 de março. Seu olho começou a se expandir, indicando o enfraquecimento do ciclone. Além disso, nuvens cirrus começaram a encobrir seu olho. A interação do ciclone com ventos do oeste favoreceu a tendência de enfraquecimento de Hamish. Com isso, o CACT de Brisbane desclassificou Hamish para um ciclone de categoria 3 na escala australiana durante as primeiras horas (UTC) de 10 de março.[15] A partir da noite (UTC) de 10 de março, uma alta subtropical começou a se formar a oeste e ao sul de Hamish, com isso, o ciclone começou a seguir bruscamente para oeste. Ao mesmo tempo, o cisalhamento do vento aumentou e deslocou praticamente todas as áreas de convecção profunda para o quadrante oeste da circulação ciclônica, provocando um enfraquecimento mais acentuado de Hamish.[16] Com isso, o CACT de Brisbane desclassificou Hamish para um simples ciclone tropical de categoria 2 na escala australiana durante as primeiras horas de 11 de março.[17] Ainda em 11 de março, Hamish perdeu todas as suas áreas de convecção profunda associadas devido ao forte cisalhamento do vento. Ao mesmo tempo, o ciclone começou a seguir para norte como resultado da intensificação de uma alta subtropical sobre a Austrália. Devido à ausência de áreas de convecção profunda, o CACT de Brisbane desclassificou Hamish para uma baixa tropical e emitiu seu aviso final sobre o sistema ainda em 11 de março.[18] O JTWC também emitiu seu aviso final sobre Hamish durante a madrugada (UTC) de 12 de março.[19]
Preparativos
editarLogo após a formação de Hamish como uma baixa tropical em 4 de março, um alerta de ciclone tropical foi emitido para a costa de Queensland, Austrália, entre as cidades de Cape Melville e Bowen.[20] Durante o início da manhã seguinte, o alerta foi substituído por um aviso de ciclone, que ficou em efeito para a costa australiana entre Cape Melville e Cardwell. A costa entre Cardwell e Ilha Hayman também ficou sob o efeito do alerta de ciclone.[21] Mais tarde, o alerta foi estendido para Mackay,[22] e para St. Lawrence.[23] Assim que Hamish seguia paralelamente à costa de Queensland, os alertas e avisos também foram transferidos para mais ao sul. O aviso de ciclone tropical entre Cape Melville e Cape Flattery foi cancelado em 6 de março. Porém, novos avisos de ciclone ficaram em efeito entre Cape Flattery e Lucinda.[24] Por causa das bandas externas de tempestade associadas a Hamish, alertas de enchente foram declaradas para a região costeira entre Cooktown e Townsville.[25]
A governadora de Queensland, Anna Bligh, assinou uma Declaração de Situação de Desastre no qual permite autoridades australianas a evacuar as áreas de maior risco de ser impactado pelo ciclone.[26] As pessoas foram avisadas para tomarem todas as ações necessárias para a chegada da tempestade, e para estarem prontas para deixarem suas residências no menor tempo possível.[27] Apesar de estar exatamente na trajetória do ciclone, nenhuma medida para evacuar Ilha Hayman foi tomada, porém, os 500 residentes e turistas que estavam na ilhas foram levados para abrigos de emergência. Os 5.000 residentes e turistas da Ilha Hamilton foram avisadas para que completassem as medidas precautivas até a noite antecessora da passagem do ciclone.[28] A maior parte das embarcações ancoradas na ilha foram levados para locais distantes da costa, a fim de se evitar os danos que poderiam acontecer devido às fortes ondas.[29] A maior parte dos turistas e pessoas não-necessárias das ilhas de Ilha South Molle e Longa foram retiradas.[30] Em Whitsundays, todos os residentes também foram levados para abrigos emergenciais.[28] Foi declarado estado de emergência para as áreas costeiras que possivelmente seriam afetadas pelo ciclone.[31] Em 8 de março, cerca de 1.000 pessoas foram retiradas da Ilha Fraser. Outras evacuações aconteceram na Ilha Lady Elliot e na Ilha Heron.[32] As linhas de trem entre Cairns e Brisbane foram suspensas por vários dias também devido à ameaça do ciclone.[33]
Impactos
editarComo uma baixa tropical, Hamish produziu chuvas fortes sobre o Extremo norte de Queensland; em algumas áreas isoladas, a precipitação acumulada ultrapassou a 300 mm de chuva. A cidade de Cairns, que foi atingida por bandas externas de tempestade de Hamish, recebeu mais de 92 mm de chuva.[28][34][35] Entre 0:00 e 14:00, horário local, a cidade de Mackay recebeu mais de 148 mm de chuva.[28] A cidade também registrou 136 mm de chuva no dia seguinte.[35] Um barco pesqueiro foi carregado pelas fortes ondulações marítimas; três pescadores ficaram desaparecidos, e as equipes de busca não puderam iniciar imediatamente a busca pelos desaparecidos também devido à passagem do ciclone; somente a partir de 10 de março as equipes de busca conseguiram iniciar suas atividades.[36] Juntamente com a maré alta lunar, Hamish produziu uma maré de tempestade de mais de 6,3 m na cidade de Mackay, a maré alta produziu inundações costeiras que atingiram algumas ruas da cidade. Nenhuma pessoa foi vitimada pelas altas marés, mas escombros foram vistos na praia depois que maré baixou.[37] Cerca de 2.000 pessoas ficaram sem o fornecimento de eletricidade na costa sudeste de Queensland.[38] A forte ressaca feriu gravemente um membro da Guarda Costeira da Austrália quando fazia sua patrulha em Noosa; uma forte onda virou seu bote. Três de suas costelas, uma vértebra e dois dedos dos pés foram quebrados, e ele teve um corte profundo de mais de 15 centímetros de extensão ao longo de seu braço.[39]
A maré de tempestade, com cerca de 4,5 m de altura, inundou partes da cidade de Yeppoon, mas ninguém ficou ferido.[40] As autoridades em Mackay disseram que os prejuízos causados pelo ciclone na cidade podem chegar a dezenas de milhar de dólares australianos.[41] A ressaca partiu em dois a Ilha Bribie; uma passagem de mar foi criada com a ressaca, que dá acesso à passagem de Pumicestone.[42] O diretor da Associação do Progresso de Golden Beach disse que se isto realmente aconteceu, uma grande mudança deverá acontecer na infraestrutura da ilha, e na passagem recém-formada.[43] Na região da Costa de Discovery, a ressaca derrubou várias árvores e destruiu algumas calçadas para pedestre; segundo autoridades locais, milhões de toneladas de escombros foram levados para o mar.[44] As buscas pelo barco pesqueiro desaparecido foram encerradas três dias depois, após a descoberta de jaquetas e de um barco salva-vidas vazio.[45] A forte ressaca também deixou quase inacessível a parte norte da Ilha Fraser; as fortes ondas levaram praticamente toda a areia que servia de pavimento para o acesso à parte norte da ilha, deixando apenas grandes pedras expostas. O acesso à região norte da ilha ficou restrita para o momento da maré baixa.[46]
Derramamento de óleo
editarO navio MV Pacific Adventure navegava de Newcastle para o Porto de Brisbane, na baía de Moreton. Durante a navegação, o navio começou a enfrentar forte ondulação causada pelo ciclone. Assim que as fortes onda começaram a atingir o navio, a sua carga, que estava mal fixada, começou a tombar, danificando outros contêineres. Os contêineres continham substâncias químicas que vazaram para o oceano. O navio foi danificado no seu casco na altura da linha da água e abaixo dela. Pelos furos no casco começou vazar óleo combustível e óleo lubrificante. Durante os dias seguintes, o óleo derramado afetou mais de 60 km de costa. Numa entrevista, os membros da tripulação disseram que o capital foi o culpado pelo incidente. O capital decidiu manter o navio em seu curso, mesmo com a ameaça do ciclone. Assim que o navio começou a encontrar grandes swells, os tripulantes foram para um compartimento abaixo do convés. Às 03:12 horário local, uma grande onda arrebentou as amarrações de cerca de 31 contêineres. Segundo as autoridades de segurança marinha de Queensland, o navio estava a uma inclinação de 25° no momento no qual os contêineres caíram. Assim que o navio retornou a sua posição original, um dos contêineres danificou seu casco. Assim que o próprio contêiner rolou para o outro lado, bateu num outro contêiner, que criou um grande buraco no casco sob a água, que não foi percebido até a chegada do navio em Brisbane.[47]
A empresa de transporte marítimo, a Swire Shipping, disse inicialmente que somente 20 toneladas de óleo foram derramadas no oceano. Porém, a quantidade de óleo foi revisada para 30 toneladas, e para 100 toneladas logo depois.[48] Mais tarde, foi dito que 230 toneladas foram derramadas no oceano.[49] Porém, estimativas mais recentes dizem que mais de 250 toneladas de óleo foram derramadas no oceano.[50] O governo de Queensland começou imediatamente as tentativas de conter a mancha de óleo. No entanto, o governo trabalhou com as estimativas iniciais fornecidas pela empresa de transporte marítimo, de 20 toneladas. Logo, as tentativas de conter a mancha de óleo se mostraram inúteis, e boa parte do óleo alcançou a costa. O governo foi severamente criticado pelo incidente, que foi acusado de não tomar providências imediatamente.[51] Após a inspeção do navio, foram achados dois buracos. O primeiro, localizado logo acima do nível da água, tinha cerca de 150 mm² de área. O segundo buraco, que era maior, estava localizado sob o nível da água. O buraco media cerca de 3.000 mm² de área.[30]
Áreas afetadas e a limpeza
editarNos dias após o derramamento de óleo, mais de 60 km de costa foram afetadas. A maior parte destas áreas foram declaradas como áreas impróprias e o público em geral não obteve acesso às áreas afetadas. Radares meteorológicos por satélite que tinham como função capturar o progresso do ciclone também capturaram a mancha de óleo no oceano antes de afetar a costa..[52] As regiões da Costa de Sunshine, da baía de Moreton e da foz do rio Brisbane foram as mais afetadas
Após o derramamento do óleo, a governadora de Queensland, Anna Bligh, declarou duas ilhas e partes da região da Costa de Sunshine como áreas de desastre.[53] O trabalho de limpeza ficou estimado em 100.000 dólares australianos por dia. Segundo previsões, a mancha de óleo poderia afetar a costa da região por mais de uma semana. Várias equipes de busca foram despachados para a área para tentar encontrar materiais potencialmente explosivos que caíram dos 31 contêineres. Segundo a imprensa local, o nitrato de amônio derramado dos contêineres com o óleo combustível poderia causar uma grande explosão. Mesmo se o nitrato de amônio não entrar em contanto com o óleo combustível, a substância química poderia acarretar numa tragédia de grandes proporções na vida marinha da região, já que o nitrato de amônio favorece a superreprodução de algas marinhas.[54] Em 15 de março, o custo da limpeza do óleo tinha saltado para 6,6 milhões de dólares australianos.[55] Uma equipe de 88 pessoas foi enviada para ajudar no trabalho de limpeza. 58 pessoas se juntaram mais tarde à equipe nos dias seguintes.[56] Em 16 de março, a Marinha Australiana começou as buscas pelos 31 contêineres que caíram ao mar, que carregavam nitrato de amônio. Assim que os contêineres foram localizados, um navio extrator foi enviado para a região para tentar extrair o nitrato de amônio dos contêineres, e assim evitar o crescimento da tragédia ambiental.[57]
O trabalho da retirada do óleo das praias foi uma operação delicada, já que as praias tinham sofrido erosão marítima causada pela forte ondulação. A maré alta carregou novamente o óleo já depositado na praia de volta para o oceano. Em 15 de março, cerca de 125 km de óleo já tinham sido recuperados, segundo o governo da Austrália. Naquele mesmo dia, 95% do óleo da Ilha Bribie, 85% do óleo da região da Costa de Sunshine e 25% do óleo na Ilha Moreton tinham sido removidos.[58] Na Ilha Moreton, 290 pessoas estavam trabalhando para a retirada do óleo, tendo como foco as regiões do Cabo Moreton e do Middle Creek.[50] Mesmo com centenas de pessoas trabalhando na retirada do óleo, cerca de 1 km de costa era limpa por dia. Neste ritmo, o trabalho da retirada do óleo poderá levar mais de dois meses.[59] O governo federal australiano prometeu liberar 2 milhões de dólares australianos para ajudar no trabalho de limpeza.[60]
Declaração de desastre e a economia local
editarLogo após a chegada do óleo à costa, o governo de Queensland declarou estado de emergência.[61] A declaração de desastre restringiu o acesso do público em geral às praias afetadas e permite o acesso irrestrito às equipes de limpeza. A declaração de desastre cobriu toda a Ilha Moreton, as águas costeiras e as praias da região da Costa de Sunshine e o sul da Ilha Bribie até o Ponto Arkwright.
Vários restaurantes locais que recebem o fornecimento de peixes das águas da costa de Queensland se recusaram a aceitar novos carregamentos de peixe devido ao derramamento de óleo. A operação de limpeza também afetou a economia dos locais afetados, sendo que os prejuízos totais podem somar 10 milhões de dólares australianos.[55] O governo australiano prove 750.000 dólares australianos para ajudar a reaquecer o turismo na região. Após uma semana de trabalho, 14 das 19 praias da região da Costa de Sunshine foram reabertas.[62]
Multas, implicações legais e o meio-ambiente
editarEspera-se que a empresa marítima e o capitão do navio receba uma multa de 2 milhões,[57] e 500.000 dólares australianos, respectivamente. Além disso, a governadora de Queensland disse que: "Se há algum argumento para a condenação deste navio e dos seus proprietários, não hesitaremos em tomar a ação necessária" e "estaremos perseguindo-os pela compensação reclamada, já que estamos fazendo uma grande limpeza da costa, e queremos que os proprietários daquele navio nos reembolse.[61] Após o desastre ambiental, a multa da empresa marítima poderá aumentar para 248,6 milhões de dólares australianos.[63] Após o atracamento do navio no Porto de Brisbane, o passaporte do capitão do navio foi confiscado e ele deve permanecer em Brisbane por pelo menos duas semanas para auxiliar na investigação.[64]
A Agência de Proteção Ambiental de Queensland disse que o total dos danos sofridos pelo meio-ambiente ainda tem que ser calculados. "Os efeitos do derramamento de óleo podem ser grandes", de acordo com o porta-voz da agência. "Os impactos em longo prazo ainda têm que ser analisados". Vários pássaros foram encontrados cobertos de óleo.[61] Em 17 de março, cerca de 30 animais foram encontrados com os corpos cobertos por óleo. Todos os animais encontrados foram imediatamente tratados e limpos.[64]
Após a tempestade
editarAs autoridades de saúde pública de Queensland disseram que as chuvas associadas a Hamish poderiam reduzir o surto de dengue na região. Porém, na maior parte da costa de Queensland choveu pouco, contribuindo ainda mais para o surto da doença.[65] Em 10 de março, após a melhora do tempo, equipes de busca retomaram as atividades para tentar encontrar três pescadores. Durante a segunda tentativa de resgate, um dos pescadores foi encontrado vivo, mas sozinho a cerca de 260 km a nordeste de Yeppon.[66] Inicialmente, pensou-se que o objeto de cor laranja no mar fosse mais uma mancha de óleo, mas foi notado que se tratava de uma boia com um homem vivo nela. Porém, o pescador que se salvou disse que os outros pescadores desaparecidos não tinham boias semelhantes a dele.[67] Em 16 de março, as equipes de busca encerraram as atividades e consideraram os dois pescadores desaparecidos como mortos. Cerca de 200 pessoas que conheciam os pescadores realizaram um memorial em homenagem a eles à beira da praia ainda em 16 de março.[68]
Ver também
editarReferências
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