Cidadania do Mercosul

A cidadania do Mercosul é concedida aos cidadãos elegíveis dos Estados-membros do Mercado Comum do Sul (MERCOSUL). Ela foi aprovada em 2010, através do Estatuto da Cidadania, e deve ser implementada plenamente pelos países integrantes em 2021,[1] quando o programa será transformado em um tratado internacional incorporado ao ordenamento jurídico nacional dos países, sob o conceito de “Cidadão do Mercosul”.[2]

Sessão em 2010 do Parlamento do Mercosul

Os cidadãos do Mercosul tem direito à livre circulação, residência e emprego em todo o bloco e nos cinco países associados.[3] Os cidadãos ainda possuem livre transporte de bens, serviços e dinheiro, bem como a igualdade de direitos, harmonização dos sistemas previdenciários e das leis trabalhistas.[1]

Histórico

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O projeto político associado ao Consenso de Buenos Aires levou às prioridades do Mercosul os assuntos sociais, políticos e cidadãos.[4] Nesse sentido, as ações desenvolvidas foram alvo de uma sistematização com propósitos de visibilidade e divulgação dos avanços e benefícios da cidadania do Mercosul em linguagem simples.[4] Dessa maneira, a Comissão de Representantes Permanentes do Mercosul (CRPM) publicou em julho de 2010 a Cartilha da Cidadania do Mercosul com normas regionais em vigor atinentes ao cotidiano.[4] Meses depois, o Conselho do Mercado Comum (CMC) estabeleceu o plano de ação para conformação do Estatuto da Cidadania do Mercosul (PA-ECM) por meio da Decisão CMC n. 64 de 2010.[4][5] Mais que um exercício de divulgação, o PA-ECM estimulou a perspectiva centrada na pessoa cidadã nas discussões de variados órgãos do Mercosul e o reconhecimento de direitos da cidadania mercosulina.[4]

A Cartilha de 2010 foi reeditada em 2016 e ganhou um endereço eletrônico próprio.[4][6][7] Por sua vez, o CMC recomendou a disponibilização permanente da cartilha “Trabalhar no MERCOSUL”, de elaboração do Subgrupo de Trabalho n. 10 "Assuntos Trabalhistas, Emprego e Seguridade Social" (SGT-10).[8] E o Subgrupo de Trabalho n. 18 "Integração Fronteiriça" (SGT-18) colocou em seu plano de trabalho para o biênio 2019-2020 a elaboração de uma "cartilha do cidadão fronteiriço", em parceria com a CRPM, a Secretaria do Mercosul e sua Unidade de Comunicação e Informação (UCIM).[4][9] Em meados da década de 2010, ocorreram mudanças de prioridades no Mercosul, ascendendo assuntos econômico-comerciais sobre os demais, ainda que o compromisso do início da década de 2000 tenha se mantido em algum grau com o estímulo do PA-ECM.[4]

Finalmente, o Estatuto da Cidadania do Mercosul (ECM) foi lançado em 2021, como parte das comemorações dos 30 anos de fundação do bloco sul-americano.[4] Seguindo aquela perspectiva, o ECM compila direitos e benefícios estabelecidos regionalmente.[4] Assim, continua o trabalho da Cartilha de 2010 e ainda adicionou novos temas como eixos específicos, a exemplo da integração fronteiriça.[4] Posterior ao lançamento do Estatuto, o Mercosul atuou com a divulgação do mesmo[10][11] e, em dezembro de 2023, a Declaração sobre o Estatuto da Cidadania do Mercosul orientou a continuidade e ampliação do Estatuto com um novo plano de ação elaborado pela CRPM.[12]

Ver também

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Referências

  1. a b «O MERCOSUL na vida do cidadão». Consultado em 28 de setembro de 2017 
  2. «Cúpula Social do Mercosul discute Estatuto da Cidadania comum ao bloco». Sputnik. 16 de julho de 2015. Consultado em 28 de setembro de 2017 
  3. «Cartilha da Cidadania do Mercosul» (PDF). Consultado em 28 de setembro de 2017 
  4. a b c d e f g h i j k Pessoa, Luan Olliveira; Souza, Lucas Eduardo Silveira de (29 de outubro de 2021). «A integração fronteiriça no Mercosul: histórico, balanço e perspectivas nos 30 anos do bloco». Brazilian Journal of International Relations (1): 222–252. ISSN 2237-7743. doi:10.36311/2237-7743.2021.v10n1.p222-252. Consultado em 1 de novembro de 2024 
  5. MERCOSUL, Decisão CMC nº 64, de 2010. ESTATUTO DA CIDADANIA DO MERCOSUL PLANO DE AÇÃO, 16 de dezembro de 2010.
  6. «Cartilha da Cidadania reúne normas relacionadas aos direitos dos cidadãos do MERCOSUL». 13 de setembro de 2016. Consultado em 1 de novembro de 2024 
  7. «O MERCOSUL apresenta uma nova edição de sua Cartilha da Cidadania». mercosur.int. 4 de julho de 2016. Consultado em 1 de novembro de 2014 
  8. MERCOSUL, Resolução CMC nº 3, de 2015. DIFUSÃO DOS DIREITOS DOS TRABALHADORES DO MERCOSUL, 16 de julho de 2015.
  9. MERCOSUL, Ata SGT-18 nº 2, de 2018. V Reunión Ordinaria del Subgrupo de Trabajo n.º 18 "Integración Fronteriza", novembro de 2018.
  10. UCIM (14 de dezembro de 2022). «Seus benefícios no Estatuto da Cidadania do MERCOSUL». mercosur.int. Consultado em 1 de novembro de 2024 
  11. «Tomada de preços: Realização de vídeos sobre o Estatuto da Cidadania do MERCOSUL». mercosur.int. 2 de setembro de 2024. Consultado em 1 de novembro de 2024 
  12. MERCOSUL, Declaração sobre o Estatuto da Cidadania do Mercosul de 2023, 6 de dezembro de 2023.

Bibliografia

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Ligações externas

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