Cipriano Dourado
Cipriano Dourado (Mação, Penhascoso[1], 8 de fevereiro de 1921 — Lisboa, 17 de janeiro de 1981) foi um artista plástico neo-realista português que desenvolveu a sua actvidade nas áreas da gravura, desenho, pintura e aguarela.
Biografia
editarFormação
editarCipriano Dourado foi um dos pioneiros da Gravura Portuguesa Contemporânea. Iniciou a sua actividade profissional como desenhador-litógrafo. Frequentou um curso nocturno na Sociedade Nacional de Belas Artes em Lisboa. Em 1949 fez um estágio na Academia Livre Grande Chaumière em Paris. Leccionou na Escola de Artes Decorativas António Arroio.
Postura política
editarNum contexto em que as Exposições Gerais de Artes Plásticas eram alvo de forte repressão da Polícia Internacional e de Defesa do Estado do regime do Estado Novo, agredindo, prendendo e confiscando obras, Cipriano Dourado era um anti-fascista e convicto opositor ao regime. A sua postura assumida inspirou muitos outros artistas da sua geração a assumir também eles a sua militância[2].
Obra
editarOs temas mais frequentes na sua obra são a mulher e a terra. Teve intensa actividade como gravador. Foi um dos pioneiros da gravura portuguesa contemporânea e membro fundador da Gravura – Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses em 1956[3][4].
Ciclo do Arroz
editarCipriano Dourado integrou uma experiência colectiva com os artistas plásticos Lima de Freitas, Júlio Pomar e António Alfredo e o escritor Alves Redol. José Augusto França, em A arte em Portugal no século XX[5], escreve: «Em 1953, levados pelo romancista Alves Redol, um grupo de pintores (Júlio Pomar, Cipriano Dourado e Rogério Ribeiro) tomou rumo do Ribatejo para, em trabalho de equipa, tratar o tema dos arrozais; foi o "Ciclo do Arroz"(...)»[6][7].
Algumas exposições
editarNacionais
editar- Exposições Gerais de Artes Plásticas a partir de 1949 (1946-1956)
- Gravura Moderna (1952)
- Modernos Gravadores Portugueses (1955)
- Gravura Portuguesa Contemporânea (1956/1957)
- I Salão dos Artistas de Hoje Sociedade Nacional de Belas Artes (1956)
- I Exposição de Artes Plásticas da Fundação Calouste Gulbenkian (1957)
- I Salão de Arte Moderna da Casa da Imprensa, Lisboa (1958)
- 50 Artistas Independentes em 1959 Sociedade Nacional de Belas Artes (1959)
- I Exposição de Desenho Moderno, Lisboa (1959)
- Lisboa na Obra dos Artistas Contemporâneos (1971)
- Pintura, Desenho e Escultura de 19 Artistas Portugueses, Leiria (1972)
- Imagens do Neo-Realismo em Portugal, Porto (1972)
- I e II Bienais de Artes Plásticas da Festa do Avante! (1977 e 1979)
- Expôs individualmente em Coimbra (1956), Lisboa (1973), Porto (1974) e Leiria (1974)
Estrangeiras
editarAlguns museus onde se encontra representado
editarCipriano Dourado encontra-se, designadamente, representado no:
Ligações externas
editar- Alguns trabalhos de Cipriano Dourado.
- https://www.facebook.com/Dourado1921/
Referências
- ↑ Nasce em Penhascoso porque seus pais, então residentes em Lisboa, quiseram que seus filhos nascessem na sua terra natal.
- ↑ Museu do Aljube Resistência e Liberdade (8 de fevereiro de 2021). «Cipriano Dourado». Museu do Aljube. Consultado em 8 de fevereiro de 2021
- ↑ FRANÇA, José Augusto. «Cipriano Dourado» in Dicionário de Pintura Universal: Pintura Portuguesa. Lisboa: Editorial Estúdios Cor, 1973.
- ↑ A Gravura foi criada em 20 de julho de 1956, tendo como sócios fundadores e primeira direcção: José Júlio Andrade dos Santos (Presidente); Francisco da Conceição Silva (Vice-Presidente); Armando Augusto Vieira dos Santos (1.º Secretário); Maria Alice da Silva Jorge (2.º Secretário); Joaquim José Barata (Tesoureiro); Cipriano Dourado dos Santos (1.º Suplente); Júlio Artur da Silva Pomar (2.º Suplente). Cf. [1].
- ↑ "A arte em Portugal no século XX", Lisboa: Bertrand, 1974
- ↑ http://www.citi.pt/cultura/artes_plasticas/desenho/alvaro_cunhal/ciclo_arroz.html Ciclo do Arroz
- ↑ Centro de Investigação para Tecnologias Interactivas da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa: "conhecida como o Ciclo do Arroz (série de desenhos e gravuras), em 1953, este grupo foi para os arrozais do Ribatejo tendo em vista, através do contacto directo com os trabalhadores, registar pessoas, ambientes e formas de vida a utilizar como fonte de inspiração para o seu trabalho artístico"