Nota: Não confundir com o famoso tribuno da plebe romano e adversário de Cícero, também conhecido como Clóbio.

Clódio (ca. 386 — 450) (Chlodio, Chlodion, Clodion, Clodius, Chlogio, Clodian), Cabelos Longos ou O Cabeludo, foi um rei semi-lendário dos francos salianos da dinastia merovíngia (430 - 450), um dos povos germânicos que constituem a liga dos Francos.[1] O seu sucessor foi Meroveu, de quem a dinastia herdou o nome. A parte lendária diz que seu pai foi o duque Faramundo e sua mãe Argotta, da Turíngia. Seu avô deve ter sido Marcomero, um duque dos francos e Frimutel ou Frimuta filha de Boaz (Anfortas).

Clódio
Clódio
Clódio
Rei dos Francos Sálios
Reinado 430450
Consorte Basina
Antecessor(a) Faramundo
Sucessor(a) Meroveu
 
Nascimento c. 386
Morte 450 (64 anos)
Dinastia Merovíngia
Pai Faramundo
Filho(s) Meroveu

Em meados do século V, Clódio entra com o seu exército em território romano e aproveita-se de Cambrai e de Artois meridional.[2] Ele fundou assim um pequeno reino franco o qual herdará Clóvis[3] e será o embrião do futuro Reino de França.

Por volta de 431, ele invadiu o território de Artois, mas foi derrotado próximo a Hesdin por Flávio Aécio, comandante do exército romano na Gália. No entanto, Clódio reagrupou seu exército e em pouco tempo foi capaz de tomar a cidade de Cameracum. Finalmente, ele ocupou toda a região até o rio Somme e fez de Tournai a capital dos francos salianos.

A agressividade de Clódio em conquistar mais territórios levou a séculos de expansão por seus sucessores que no final das contas criaram o que hoje conhecemos como França. Clódio morreu em algum momento entre 450 e o poder foi passado a Meroveu. Não se sabe se Meroveu era seu filho ou outro chefe tribal que ascendeu à posição de liderança.

Contexto

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As fontes

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Há basicamente apenas duas fontes de informação sobre Clódio: os escritos de Gregório de Tours e Sidônio Apolinário.

Biografia

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Clódio começa a reinar em 428.[4] Ele sucede talvez ao rei dos Francos Teodemiro, sem que se saiba se existiram anos de interregno entre os dois reis. Ele dirige o povo dos Francos sálios desde a sua capital, a fortaleza de Dispargum, localizada a leste do Reno.[5]

Clódio viveu em Dispargum, nome que se acredita ser de um castelo, ou uma vila.

Por volta de 432-435, Clódio descobre que as cidades da província romana da Bélgica estão sem defesa.[6] Na verdade, Flávio Aécio o general romano encarregado da defesa da Gália recolheu muitos soldados destes territórios para combater alternadamente os Burgúndios, os Alanos, os Francos Ripuários, as revoltas antifiscais e os Visigodos.[7] Clódio decide então montar uma expedição e mobiliza todo o seu exército. Atravessando a floresta Carboniara, os Francos apreenderam Tournai, ultrapassaram Cambrai e Arras no primeiro assalto e reduzem toda a circunvizinhança até ao Somme.[8] Na verdade, mais do que os saques fáceis, Clódio visa conferir à sua autoridade de rei guerreiro uma sede territorial[1], que ele quer ver alargada ao território rico entre o Reno, o Somme, o Meuse e o Mar do Norte.[9] A ocupação dura alguns anos sem que Aécio tente acabar com ela. O general romano tinha realmente muito a fazer noutro lugar.[10]

Em 448, Clódio, que celebra o casamento de um membro importante do seu exército na cidade de Helena, perto de Arras[11], é atacado pelo general Flávio Aécio e seu lugar-tenente Majoriano.[12] O general queria controlar os Francos sálios que anexaram territórios sem a sua autorisação.[11] Clódio, que não está preparado para o confronto, é forçado a fugir.[13] No entanto, Aécio está ciente de que ele não tem os meios militares para reocupar o território. Ele prefere então renegociar com Clódio o foedus, o tratado de aliança de 432 que faz dos Francos sálios federados lutadores por Roma.[14] Ele os autoriza a estabelecerem-se no Império, neste caso sobre os territórios que eles tinham já conquistado em Arras, Cambrai e Tournai.[15] Clódio recebe também esta última cidade como capital.[16][17] Esta é a origem do futuro reino franco de Clóvis.[3]

Depois de mais de duas décadas de reinado, Clódio morre pouco antes do ano de 451.[18] Segundo o costume franco, o seu reino é dividido entre os seus filhos. O mais velho, provavelmente Meroveu, obtém a cidade de Tournai e a sua região.[19] Um segundo herdeiro talvéz obteve Cambrai e um terceiro Tongeren.[20]

Casamento e filhos

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Se casou com Basina, filha de Vedelfo, rei da Turíngia. Seus filhos foram:

Ligações externas

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Referências

  1. a b Bordonove 1988, p. 35 
  2. Lebecq 1990, p. 39 
  3. a b Kurth 1896, p. 163-165.
  4. Le Nain de Tillemont 1720, p. 638
  5. Kurth 1893, p. 118 :
  6. Demougeot 1979, p. 489 
  7. Inglebert 2009, p. 40
  8. Kurth 1896, p. 159-162.
  9. Bayard 1983, p. 273
  10. Rouche 1996, p. 110
  11. a b Kurth 1896,p. 163
  12. Riché et Périn 1996,p. 103
  13. Kurth 1893,p. 144-145
  14. Rouche 1996,p. 116-117
  15. Bordonove 1988, p. 36
  16. Demougeot 1979, p. 490
  17. J.-M. Ropars, « La défense de l'Armorique dans les dernières années de l'Empire romain d'Occident, à travers une nouvelle interprétation d'un texte de Grégoire de Tours. [archive] »,Annales de Bretagne et des pays de l'Ouest,tome 100, no 1, 1993. p. 8.
  18. Kurth 1893,p. 158 
  19. Bordonove 1988, p. 40
  20. Kurth 1896,p. 171-172 


 
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